Em Abuja, Nigéria, ocorreu o Seminário Nigéria-Brasil, que reuniu autoridades e empresários dos dois países. O evento abriu a Missão África Ocidental, estratégia do Governo Federal para reaproximar o Brasil da África, a partir do entendimento de que existem oportunidades para parcerias bilaterais e ganhos mútuos, especialmente para as empresas brasileiras que souberem inserir-se nas novas cadeias de produção em crescimento no continente.
A meta é fortalecer o comércio bilateral entre o Brasil e a África. Os números do ano passado mostram uma tendência de recuperação, com o crescimento de mais de 20% das exportações brasileiras para o continente. Em relação à Nigéria, o Brasil quer ser parceiro estratégico no desafio de garantir segurança alimentar e estabilidade de preços. O país africano também é visto como um potencial parceiro para o desafio global da segurança e transição energética.
Na abertura do evento, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, destacou que a iniciativa não se trata de uma missão clássica de promoção comercial. “A reaproximação com a África é uma determinação do presidente Lula, que entende ser muito importante retomar a presença em todos os países. A missão não é só comercial, mas de cooperação. O continente africano tem 1,4 bilhão de pessoas, e até o fim deste século terá perto de 4 bilhões. Nós temos oportunidades de negócios para o Brasil para cooperar com esse continente que é tão rico e parecido com o nosso para que se tenha melhor qualidade de vida e mais oportunidades. Tenho convicção que Brasil e Nigéria estarão juntos, trabalhando para garantir a segurança alimentar no mundo”.
O embaixador do Brasil na Nigéria, Carlos Garcete, reafirmou a importância da parceria entre os países. “Termos reunidos representantes do setor privado dos dois países é uma demonstração do enorme potencial da nossa relação bilateral, assim como a confirmação pela presidência do Brasil da Nigéria como parceiro dos BRICS”.
Para o embaixador Alex Giacomelli, diretor do Departamento de Promoção Comercial, Investimentos e Agricultura do Itamaraty, o Brasil e a África têm laços históricos e culturais, além de um grande potencial na cooperação econômica. “O Brasil deseja não apenas reconhecer e valorizar nossa herança histórica em comum, mas também incentivar conexões econômicas, culturais e políticas para fortalecer nossa relação com a África.”
Segundo Idi Mukhtar Maiha, Ministro do Desenvolvimento da Pecuária da Nigéria, os dois países possuem características em comum, o que permite um estreitamento nas relações comerciais. “Brasil e Nigéria tem um relacionamento duradouro em que podemos compartilhar história, laços culturais, e objetivos econômicos em comum. Temos o mesmo povo, solo, clima e topografia.”
Inteligência de mercado e setores promissores
A corrente de comércio entre Brasil e Nigéria, que em 2014, foi de US$ 10 bilhões, está atualmente no patamar dos US$ 2,1 bilhões. Isso é o que aponta o Perfil de Comércio e Investimentos Nigéria, estudo da Inteligência de Mercado da ApexBrasil. Além do desafio de recuperar o dinamismo comercial, existe o desafio de diversificar as exportações brasileiras, hoje concentradas em açúcar e melaços, grupo de produtos que correspondeu a 73,5% das exportações em 2024. Sendo um dos novos integrantes dos BRICS, com perspectivas de maior abertura comercial e bom retrospecto na importação de aeronaves, o país se posiciona como um mercado estratégico para produtos brasileiros. O estudo destaca ainda 183 oportunidades para as exportações brasileiras na Nigéria nos setores prioritários de combustíveis minerais, máquinas e equipamentos e produtos alimentícios.
Fonte: Adriana Reis