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Vitrine virtual de produtos da Amazônia traz renda para comunidades locais

Plataforma AmazôniAtiva foi destaque do segundo painel de discussões que antecede o Fórum Mundial Amazônia+21; cooperativas e produtores locais contam mais sobre os desafios da exploração sustentável no bioma

Imagine só uma vitrine virtual de produtos e ativos diretamente da Amazônia brasileira. Essa é a proposta da plataforma AmazôniAtiva, um dos temas do segundo painel de discussões promovido na quarta-feira (14) e que antecede o Fórum Amazônia+21, iniciativa que debate o desenvolvimento sustentável da região.

A ferramenta foi desenvolvida pelo Instituto BVRio, organização sem fins lucrativos que incentiva negócios na Amazônia, a partir de produtos do bioma. A ideia é conectar os povos tradicionais da floresta ao permitir que vendam seus produtos para o Brasil e o exterior por meio da plataforma. Antes restrita à Rondônia, a AmazôniAtiva já está disponível para os sete estados da região Norte, mais o Maranhão e o Mato Grosso.

Diretor de Políticas e Relações Institucionais do BVRio, Beto Mesquita destaca que a exploração da “floresta em pé” pelos indígenas, ribeirinhos e outras populações traz benefícios para a economia local e para o equilíbrio ambiental, o que é potencializado pela ferramenta AmazôniAtiva.
“Assegurando e agregando um valor aos produtos da floresta em pé, você consegue, além de aumentar a renda e melhorar a qualidade de vida das comunidades que dependem dela para sua sobrevivência, contribuir para a manutenção dos serviços ambientais associados à essa floresta, especialmente da produção de água, manutenção dos estoques de carbono…”, exemplifica.

Expansão

Atualmente, cerca de 50 cooperativas e produtores locais já estão cadastrados na plataforma. O objetivo dos fundadores é dobrar esse número até o fim do ano, permitindo que mais comunidades locais se beneficiem com a exploração sustentável da biodiversidade amazônica.

A Rede da Floresta, por exemplo, organização formada pelo projeto Pacto das Águas e mais seis associações de povos indígenas e tradicionais, expõe seus produtos na plataforma. Representante da rede no painel, o gestor ambiental Domingos Sávio Gomes afirma que o foco inicial do trabalho que começou ainda em 2003 era auxiliar os produtores da floresta a comercializar a castanha do Brasil. No entanto, o negócio cresceu ainda mais. “Ao longo desses anos fomos identificando outras potenciais cadeias de produtos da sociobiodiversidade com os quais esses povos trabalhavam e fomos inserindo também nos nossos projetos”, afirma.

Atualmente, a rede apoia cerca de 900 produtores indígenas e de povos tradicionais. Indiretamente são mais de três mil pessoas atendidas. A produção também se diversificou, com a exploração da borracha, do açaí e da mandioca, grandes marcas da região. “Vimos na plataforma uma forma de mostrar nossos produtos de uma forma mais abrangente e direto ao ponto. A gente espera que essa vitrine alcance o objetivo dela que é dar maior visibilidade aos negócios sustentáveis existentes aqui na Amazônia”, completa Sávio.

Outra iniciativa que se juntou à plataforma é o Projeto Saboaria Rondônia, focado na produção de sabonetes e cosméticos a partir da matéria-prima obtida na floresta. Para isso, a representante do projeto, Maria Jaqueline Freire, afirma que conta com a participação da comunidade local para que o pequeno negócio dê certo.

“A matéria-prima que não produzimos, nós valorizamos a cadeia produtiva dentro da Amazônia, que é o café, o cacau, a copaíba. O bioma é muito grande e nós temos uma diversidade muito grande para utilizar isso nos cosméticos e é onde a gente valoriza essa cadeia produtiva”, ressalta.

Desafios

Os participantes do painel destacaram alguns desafios para o crescimento dos pequenos negócios que dependem da biodiversidade local. O principal, na visão deles, é a questão da logística, uma vez que escoar a produção para poder exportá-la ou comercializar com outras regiões do país ainda é bem difícil.

“A pandemia nos forçou a encontrar soluções para a entrega de produtos e serviços de maneira diferenciada, mas tudo isso pensado para as áreas urbanas. Nas áreas rurais, ainda não conseguimos avançar tanto”, reflete Beto. “Quando a pessoa entre para comprar e vê o valor do frete, isso distancia. É muito alto”, completou Maria Jaqueline.

Outros problemas como a falta de acesso ao crédito pelos produtores locais e, sobretudo, o equilíbrio nos preços para tornar a produção viável economicamente são obstáculos a serem superados, alegam.

“Em cadeias [produtivas] tão longas como essas que temos na Amazônia, é muito importante que a maior parte do lucro fique na região. Para fazer isso, é importante que os consumidores lá fora entendam que essa agregação de valor precisa ficar aqui, porque é isso que vai garantir a conservação da floresta”, destaca Paulo Nunes, representante da Copavam (Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer), que tem parceria com seis etnias indígenas para a exploração de castanha.

Domingos Sávio afirma que a Rede da Floresta tem trabalhado para agregar valor aos produtos, porque é comum as comunidades comercializarem e o retorno não ser suficiente para pagar o custo de produção. “Encontrar mercados não é um problema, o desafio maior para os produtos da sociobiodiversidade é encontrar preços justos que, ao menos, cubram os custos de produção”, avalia.

Fórum

Programado para os dias 4, 5 e 6 de novembro, o Fórum Amazônia+21 é uma iniciativa que visa mapear perspectivas e buscar soluções para temas relacionados ao desenvolvimento da região e melhoria da qualidade de vida dos mais de 20 milhões de cidadãos que vivem na Amazônia Legal, composta pelos sete estados da região Norte, mais Maranhão e Mato Grosso.

O fórum é promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero), Agência de Desenvolvimento de Porto Velho e Prefeitura de Porto Velho. A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e o governo do estado apoiam o programa. Por conta da pandemia da Covid-19, este ano o evento vai ocorrer virtualmente.

Fonte: Brasil 61

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