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Valorização nos preços dos lácteos

Apesar das dificuldades no repasse de preços e nas negociações com os varejistas, as cotações têm refletido a baixa disponibilidade de leite no mercado brasileiro.

Os preços dos lácteos no mercado atacadista voltaram a registrar pequena valorização no início de agosto. Apesar das dificuldades no repasse de preços e nas negociações com os varejistas, as cotações têm refletido a baixa disponibilidade de leite no mercado brasileiro. No primeiro semestre do ano, segundo os dados preliminares do IBGE, a produção de leite inspecionada ficou estável em relação ao mesmo período do ano passado. Já analisando apenas o segundo trimestre, houve uma queda de 1,16% ante o mesmo trimestre de 2020.

Com esse resultado, a disponibilidade média per capita de leite, que soma a produção com a importação e subtrai a exportação, fechou o primeiro semestre com aumento de 0,6% em relação ao ano passado. Essa disponibilidade mais limitada está sendo influenciada por uma série de fatores. O custo de produção de leite segue apertando as margens do produtor, principalmente com a elevação do custo da alimentação do rebanho. A estimativa feita pelo Rally da Safra 2021, que em janeiro indicava uma produção da safrinha de milho em cerca de 84 milhões de toneladas, neste mês de agosto atualizou as estimativas para próximo de 61 milhões de toneladas, queda atribuída as condições climáticas desfavoráveis. Neste cenário, os preços do cereal seguem elevados e com alta volatilidade. Na soja, as cotações também estão bem acima do ano passado. Outra pressão de custo tem vindo do alimento volumoso.

O mercado de fertilizantes segue em alta, com forte elevação de preços em relação a 2020. A tonelada de ureia, por exemplo, subiu 64% entre maio do ano passado e maio de 2021, segundo o Instituto de Economia Agrícola de São Paulo. Os fertilizantes formulados tiveram alta entre 42% e 80% no mesmo período. As sementes de milho para grão e silagem também registraram aumento expressivo. Portanto, seja pelo alimento concentrado ou volumoso, a pressão de custos é forte sobre o pecuarista. A ocorrência das geadas em junho e julho em boa parte da região Centro-Sul do país também afetou a produção de leite, prejudicando as pastagens, as capineiras e, consequentemente, a oferta de alimento volumoso.

Essa combinação de altos custos e frio intenso restringiu ainda mais a oferta doméstica de leite neste momento de entressafra. Ademais, as previsões climáticas para o segundo semestre indicam chuvas abaixo da média em importantes regiões produtoras, o que se coloca como mais um complicador para a pecuária de leite nacional. Aliás, este mês de agosto já tem mostrado chuvas abaixo da média no Sul do Brasil.

Neste contexto de elevado custo de produção e clima adverso, a tendência é que a disponibilidade siga mais fraca no segundo semestre também, colocando um certo piso nas cotações do leite e dos derivados. Isso seria muito importante neste momento, pois tanto produtores quanto laticínios encontram-se com margens bastante apertadas. Este será o grande desafio do ano. Ou seja, conseguir rentabilidade diante do forte aumento de custos que se apresenta em toda a cadeia produtiva.

O ambiente macroeconômico ainda está complicado, apesar das melhores expectativas para o PIB brasileiro em 2021, de 5,3% de expansão. O mercado de trabalho vem indicando melhorias também, com pequeno aumento do total de ocupados e do rendimento real. A maior abertura do setor de serviços também tem contribuído para uma expectativa econômica mais favorável para o segundo semestre, o que certamente é bom para o setor lácteo nacional. Por outro lado, uma inflação mais alta, exigindo elevação na taxa de juros e um aumento intenso nos custos dos diversos setores sugerem certa cautela e muita habilidade na busca por melhores resultados econômicos no negócio.

Fonte: Agrolink

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