A pecuária brasileira é bastante desafiadora, exigindo eficiência e sustentabilidade para mantê-la rentável. Por isso, é de extrema importância econômica que o produtor identifique os animais mais eficientes do rebanho.
Para medir a EA (Eficiência Alimentar), KOCH et al. (1963) sugeriram a utilização do CAR (Consumo Alimentar Residual), que se tornou o índice mais utilizado atualmente na pecuária de corte, com variabilidade e repetibilidade suficientes para uma resposta à seleção genética.
A utilização de informações genômicas dos animais utilizados como reprodutores é uma das estratégias para inferir a eficiência alimentar. Outra técnica é fazer a avaliação do CAR desses animais como um facilitador na escolha dos indivíduos de melhor potencial.
O cálculo é efetuado pela diferença entre o consumo observado e o consumo estimado, por meio de ajustes para peso vivo e ganho de peso médio (GMD, kg/dia). A equação se dá por: CAR = Consumo Observado – Consumo Estimado (ƒ{PV, GMD}). O animal que consumir menos alimento que o esperado é considerado o animal mais eficiente, ou seja, o menor valor do CAR (ou ainda valores negativos) representa animais que, na prática, consumiram menor quantidade de alimento do que o estimado para a sua categoria, sinalizando maior eficiência alimentar.
Um benefício adicional ao selecionar animais mais eficientes, que consomem menos alimento, é o potencial de reduzir índices de impacto ambiental, como emissão de gases e produção de esterco (N, P e K) para produzir a mesma quantidade de carne.
Para a análise do CAR, os animais são submetidos a avaliação diária do consumo de alimento durante um período médio de 3 meses, em baias individuais, ou em baias coletivas com cochos eletrônicos. É realizado o registro diário da quantidade de alimento oferecido e recusado (sobra), além do ganho médio de peso diário de cada animal.
Os animais devem pertencer a um grupo contemporâneo que inclui fatores como raça, lote de manejo, sexo e idade. A idade mínima para iniciar o teste é de 2 meses após o desmame convencional, e a máxima, para o encerramento, é de 24 meses após o desmame.
É ideal que os animais sejam padronizados quanto ao peso, tamanho, condição corporal e regime alimentar anterior ao início do teste. É necessário ainda um período de adaptação antes do início da prova, sendo 28 dias para animais oriundos de diferentes lugares e 21 dias para animais do mesmo rebanho.
O período ideal é de 70 dias de teste após a adaptação, com, no mínimo, 35 dias de consumo válido, podendo pesar os animais a cada 7 dias sem jejum. Quanto a alimentação, é recomendado fornecer a dieta à vontade para os animais, do início ao fim do teste, balanceada para um ganho médio diário de 1kg a 2 kg por dia.
Além das métricas citadas, recomenda-se a avaliação de ultrassonografia dos animais em ao menos um momento da prova, preferencialmente, ao final, a qual irá medir parâmetros como área de olho de lombo (cm2), espessura de gordura (mm) e marmoreio (%).
Obter animais eficientes e oferecer manejo nutricional correto, de forma estratégica, auxiliam em uma maior produtividade e melhores retornos ao produtor. O CAR é mais uma ferramenta que pode unir fatores produtivos e econômicos, aliados à sustentabilidade, atraindo novos olhares e investimentos para o setor.
Fonte: Daniel Smith | DS Vox