Na próxima década, as ferramentas de combate das pragas do algodoeiro vão passar pelo Controle Biológico (CB). Essa é a aposta dos pesquisadores Pedro Neves, Fábio Albuquerque e Luciano Brauwers que falaram sobre “Panorama e Potencial de Uso de Agentes de Controle Biológico na Cultura do Algodoeiro”, na tarde desta terça-feira, 27, durante o 12º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA). Para eles, o controle biológico oferece diversas ferramentas para conter o avanço de pragas e doenças que comprometem a sustentabilidade da cultura do algodão, além de já ser um negócio consolidado no Brasil e em boa parte do mundo.
Os três especialistas são unânimes ao afirmar que o controle biológico é parte de uma estratégia que inclui o Manejo Integrado de Pragas (MIP), aliando controle químico e biológico para a solução contra as pragas. “Trata-se de uma tecnologia de utilização complexa, que exige filosofia de treinamento e aperfeiçoamento constantes, conforme as condições de campo”, diz Luciano Brauwers, enfatizando que o CB não deve ser usado sozinho para ter viabilidade tanto em pequenas quanto em grandes propriedades.
Para Pedro Neves, o tema não é novidade no Brasil, mas, precisa de ajustes. “O controle biológico começou a ser utilizado enquanto produção “on farm”, diante da falta de produtos comerciais para controle de pragas. Porém, com algumas questões relacionadas aos custos, logística e legislação a serem melhorados”, conta. Segundo ele, entre os principais problemas, estavam as contaminações, a saúde do agricultor, a perda de eficiência e virulência da ferramenta, além da pirataria. “Com o tempo, as condições foram sendo aperfeiçoadas e hoje há assistência técnica especializada, utilização de equipamentos seguros, treinamento na produção, financiamento por associações e órgãos de fomento e controle de qualidade”, enfatiza.
A consolidação da ferramenta, de acordo com o especialista Fábio Albuquerque, passa pela informação. Segundo ele, o CB avançou de 20 a 25% entre os pós-graduados brasileiros, demonstrando o aumento do interesse pelo tema na última década. “Apesar de toda a burocracia, a legislação melhorou e há mais consciência dos produtores. Mas, cerca de 47% deles ainda não usa adequadamente a ferramenta porque não entende que ela deve entrar como parte integrante do sistema algodoeiro, potencializando outros métodos de controle”, finaliza Albuquerque, ressaltando que ainda é preciso caminhar, prospectar e avançar mais.
Fonte: AgriPress