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Tecnologias locais são fundamentais para o avanço do armazenamento em baterias no Brasil

As baterias têm ganhado protagonismo como uma tecnologia estratégica no cenário energético brasileiro. Elas desempenham um papel crucial para poder equilibrar a intermitência das fontes solar e eólica, oferecer soluções sustentáveis para a mobilidade, viabilizar a portabilidade de dispositivos eletrônicos, o uso de drones, novas formas de transporte aéreo e diversas outras aplicações. No entanto, diferentemente dos países desenvolvidos, que conseguem produzir baterias em larga escala e a baixo custo, o Brasil enfrenta o desafio de desenvolver localmente aplicações eficientes, adaptadas às suas especificidades.

Com o crescimento acelerado das fontes renováveis no país, o armazenamento de energia por meio de baterias tornou-se peça-chave para garantir a estabilidade do sistema elétrico e impulsionar a transição energética. Embora existam diferentes tecnologias de armazenamento de energia com capacidades diferentes, as baterias despontam como uma das soluções mais promissoras para integrar uma matriz elétrica mais flexível, limpa e resiliente. Esses sistemas permitem armazenar o excedente de eletricidade gerado em períodos de alta produção — como dias ensolarados ou de ventos intensos — e utilizá-lo nos momentos de pico de demanda, aumentando a confiabilidade da rede elétrica.

Segundo a provedora de pesquisas estratégicas BloombergNEF, no cenário de emissões líquidas zero até 2050 (NZE), a expansão das energias solar e eólica no Brasil deverá impulsionar investimentos em armazenamento de energia que podem alcançar US$ 52 bilhões entre 2024 e 2050.

Esse movimento já se manifesta de forma concreta. De acordo com o Relatório Estratégico de Geração Distribuída – Ano de 2024, da consultoria Greener, o Brasil importou um volume recorde de 22,3 GWp em módulos fotovoltaicos em 2023, sendo 77% desse total voltado à Geração Distribuída (GD). Nesse contexto, os sistemas híbridos que combinam painéis solares com baterias já representam 4% das vendas do setor e vêm se consolidando como uma solução eficaz para maior independência e estabilidade energética.

Pesquisa nacional para desafios locais

Com mais de seis décadas de atuação em pesquisa e desenvolvimento, o Lactec é um dos institutos brasileiros que vêm impulsionando o avanço tecnológico no segmento das baterias. Entre outras iniciativas, a instituição desenvolve soluções de modelagem e simulação para avaliar a viabilidade técnica e econômica de diferentes tecnologias, como íon-lítio e chumbo-ácido.

“O uso de simulações e inteligência artificial permite prever com precisão a durabilidade, o desempenho e o custo-benefício das baterias, acelerando a implementação de projetos e reduzindo a necessidade de testes extensivos”, explica o pesquisador do Lactec, Dr. Patricio Rodolfo Impinnisi.

Essa abordagem é estratégica para concessionárias de energia, fabricantes de baterias e outros agentes do setor que buscam soluções customizadas e eficientes, adaptadas à realidade do mercado brasileiro.

Oportunidades para um mercado em ascensão

De acordo com a consultoria Mirow & Co, o mercado global de armazenamento de energia deve atingir 1.028 GWh até 2030. No Brasil, as possibilidades são amplas: vão desde a substituição de geradores a diesel em regiões isoladas até a integração de baterias em sistemas interligados de transmissão.

O Dr. Patricio Rodolfo Impinnisi ressalta que o Lactec atua tanto no aprimoramento de tecnologias tradicionais, como as baterias de chumbo-ácido — que ainda têm papel relevante em várias aplicações — quanto no desenvolvimento de soluções com baterias de íon-lítio, predominantes em veículos elétricos e sistemas estacionários de armazenamento.

“Apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta desafios como a redução do tempo de recarga, o aumento da durabilidade e a diminuição dos custos”, aponta o pesquisador. Mesmo com uma queda de 79% nos preços das baterias de íon-lítio na última década, a demanda por soluções nacionais e adaptadas ao contexto brasileiro segue em expansão.
Perspectivas promissoras

Com o primeiro leilão de baterias previsto para ocorrer ainda em 2025, o Brasil dá mais um passo importante rumo à consolidação de uma matriz elétrica mais limpa, moderna e segura. “O país tem potencial para liderar globalmente em energias renováveis, e o armazenamento será fundamental para viabilizar esse futuro”, afirma o Dr. Patricio Rodolfo Impinnisi.

Fonte: Cleide de Paula | Pg1

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