A Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) transformou a realidade da reprodução bovina no Brasil. Adotada inicialmente para superar os desafios da detecção de cio e melhorar os índices de fertilidade, a técnica hoje é essencial para propriedades que buscam eficiência reprodutiva.
A IATF permite programar a inseminação de um grande número de vacas em um mesmo período, padronizando a produção de bezerros e otimizando o uso de genética de alta qualidade. A técnica já é utilizada em associação na maioria das inseminações realizadas no país e tem sido apontada como uma ferramenta decisiva para aumentar a produtividade e a rentabilidade da pecuária de corte e leite.
No centro dos protocolos de IATF está o uso de hormônios que regulam o ciclo reprodutivo das fêmeas, promovendo a sincronização da ovulação. Um dos componentes fundamentais desses protocolos é a gonadotrofina coriônica equina (eCG), que estimula o crescimento folicular e favorece a ovulação após a remoção dos dispositivos de progesterona. Dados científicos apontam que o uso de eCG em vacas de corte pós-parto pode aumentar as taxas de prenhez em até 15% em comparação a protocolos que não utilizam o hormônio (Baruselli et al., 2017), reforçando seu papel estratégico na eficiência reprodutiva. Esse conhecimento viabilizou a técnica em larga escala para as condições brasileiras.
Até recentemente, a produção de eCG dependia obrigatoriamente da extração de sangue de éguas prenhes (animais doadores), o que envolvia desafios logísticos, sanitários e recentemente discussões sobre ética. Frente a esse cenário e desafios da indústria veio o desenvolvimento do Foli-Rec, o primeiro eCG nacional produzido com tecnologia recombinante. Lançado pela Ceva Saúde Animal, a inovação é fruto de engenharia genética avançada, permitindo a produção de eCG por meio de células em bio-reatores. Isso também, além de não envolver animais, permite uma produção de forma mais purificada e com menor variação de composição e em um ambiente laboratorial controlado, representando um marco para a biotecnologia aplicada à reprodução bovina.
Nesta primeira estação de monta no campo, o produto apresentou um bom desempenho em diferentes realidades de produção no país. “Os resultados positivos foram observados nas diferentes situações de IATF do Brasil. Além disso, bons resultados também foram observados em protocolos “mais curtos”, como o esquema de sete dias de dispositivo com inseminação no nono dia. Essa flexibilidade nos protocolos oferece aos veterinários, técnicos e pecuaristas uma alternativa valiosa, que permite ajustes rápidos no calendário reprodutivo e a otimização do período de estação de monta, além de ajudar a enfrentar os desafios atuais relacionados à mão de obra”, destaca Alexandre Souza, gerente técnico da Unidade de Pecuária da Ceva.
Outro diferencial técnico do Foli-Rec é sua formulação pronta para uso. Essa característica facilita o manejo a campo, reduzindo o tempo de preparo e minimizando o risco de erros durante a aplicação hormonal. “Em propriedades com estruturas diversas e equipes de capacitação variada, a praticidade de aplicação contribui diretamente para a eficiência do processo, padronização dos protocolos reprodutivos e manutenção de bons resultados”, elucida o profissional.
Além dos benefícios técnicos e operacionais, a tecnologia recombinante utilizada na produção do Foli-Rec está alinhada com práticas modernas de responsabilidade socioambiental. Ao eliminar a necessidade de substâncias de origem animal, o eCG recombinante reforça o compromisso da Ceva com a pecuária brasileira, os padrões éticos de produção e com a redução do impacto ambiental, aspectos cada vez mais valorizados em mercados consumidores nacionais e internacionais.
A consolidação da tecnologia recombinante na reprodução bovina sinaliza o início de uma nova fase para a IATF no Brasil. “O objetivo do nosso trabalho é intensificar o uso de tecnologias como o Foli-Rec, sempre buscando maior eficiência e práticas mais sustentáveis”, afirma Rafael Moreira, gerente da Linha de Reprodução da Unidade de Pecuária da Ceva.
A evolução da reprodução assistida reforça a capacidade da pecuária brasileira de incorporar avanços científicos e de se posicionar como referência internacional em práticas modernas e responsáveis.
Fonte: Gisele Assis