O chamado Agro 4.0 é uma questão de tempo nas lavouras brasileiras, que podem apresentar mais rendimento em uma mesma área plantada com a aplicação de diversas ferramentas tecnológicas
Bastam poucos cliques para receber dados e tomar uma decisão. É assim que funciona a agricultura tecnológica – o Agro 4.0 ou a agricultura do futuro ainda para uma parcela significativa dos produtores brasileiros. O desenvolvimento das tecnologias digitais permitiu a geração das imagens por drones e satélites e um campo visto de cima; sensores podem ser instalados para verificar o crescimento das lavouras, avaliar as propriedades do solo, identificar presença de pragas e até medir o nível de água e coletar informações sobre umidade; a inteligência artificial pode analisar dados a partir de algoritmos e dar um panorama completo sobre o andamento dos trabalhos no campo.
Essas ferramentas vieram para facilitar a vida do produtor? Lógico. Mas não é apenas isso. Elas fornecem mais precisão e podem trazer resultados excelentes. No caso do cultivo de Feijão e Pulses, a tecnologia traz ganhos importantes.
“Os dados capturados da produção de Feijão e sementes secas integrados com os dados de clima e de solos da região ficam disponíveis para serem analisados por algoritmos de inteligência artificial, gerando conhecimentos que podem ser visualizados a partir de celulares e dos tablets a quilômetros de distância, permitindo que o produtor tome decisões mesmo não estando presente na propriedade”, afirma Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá, Chefe-Geral da Embrapa Informática Agropecuária, que vai proferir a palestra “Da biotecnologia ao Big Data, a agricultura sustentável e inteligente” durante o VI Fórum Brasileiro do Feijão. Pulses e Colheitas Especiais, que será realizado entre os dias 15 e 17 de agosto em Curitiba (PR).
“Pode-se ter um mapeamento de toda a área produtiva da fazenda e, a partir das análises das imagens, gerar diagnósticos e alertas de doenças, além de indicar a melhor hora para irrigação, prever a estimativa da produtividade agrícola e o potencial produtivo da safra”, complementa.
Além disso, a agricultura inteligente favorece um maior rendimento agrícola, com aumento de produtividade e menor uso de defensivos e insumos. Ou seja, menos custo, e tudo na mesma área plantada. “Diante dos desafios apresentados na agricultura, principalmente o de aumentar a produção agrícola sem ampliar a área plantada significativamente, torna-se premente o uso cada vez mais intenso de novas tecnologias para permitir os ganhos de produtividade de forma sustentável. Nesse cenário, surgem novas oportunidades para a utilização de inovações na área das tecnologias de informação e comunicação (TIC) em toda cadeia produtiva desde a pré-produção, produção até a pós-produção”, salienta Silvia.
Para a pesquisadora, a tecnologia no campo também está diretamente ligada com a segurança alimentar, menor desperdício e as demandas apresentadas pelo consumidor atualmente. “Esta nova abordagem da agricultura mais conectada, mais inteligente, pode contribuir para diminuir o desperdício de alimentos em toda cadeia de suprimentos. O consumidor verá um aumento da oferta de alimentos, com mais qualidade, variedade e mais baratos, durante todo o ano. Além disso, a agricultura 4.0, mais inteligente, pode ajudar atender as demandas deste novo consumidor mais preocupado com nutrição e saúde, mais conectado e que tem mais acesso a informação”, enfatiza.
Silvia comenta que, “percebendo a necessidade de conectar os atores envolvidos no desenvolvimento e no uso dos produtos de TIC para a agricultura, a Embrapa vem trabalhando em uma iniciativa denominada SitIoT”.
De acordo com ela, trata-se de uma iniciativa para prover uma plataforma para execução de experimentos envolvendo dispositivos de IoT (Internet of Things ou Internet das Coisas, em português) no campo. Esse é o conceito de integração de objetos e equipamentos do dia a dia em rede, de forma inteligente. “O objetivo é, a longo prazo, a implantação da Agro 4.0, uma agricultura mais conectada, baseada em conteúdo digital e, consequentemente, mais inteligente”, indica.
Somado a isso, a Embrapa está trabalhando no desenvolvimento de vários sistemas tecnológicos que auxiliam diretamente o produtor no campo. Um exemplo é um produto que auxilia a calibração da deposição de pulverizações dos produtos fitossanitários, tornando o processo mais eficiente e com menos desperdício.
Silvia conta que a análise das gotas produzida pelos bicos de pulverização, presentes no implemento agrícola, é uma das principais maneiras de quantificar a eficiência da aplicação. A distribuição, o tamanho e o espectro das gotas são fatores comumente utilizados para a avaliação de um processo de pulverização.
“O software Gotas, desenvolvido em parceria com a Embrapa Meio Ambiente, objetiva o auxílio aos agricultores para que estes possam calibrar devidamente os bicos de pulverização e obter parâmetros adequados de disposição de agrotóxicos nos alvos desejados. A versão para a plataforma Android, para tablets e smartphones, pode ser encontrada na loja virtual da Google – Play Store”, aponta.
Paralelamente, Silvia destaca as descobertas tecnológicas de novas cultivares adaptadas ao clima e resistentes a pragas e doenças, com melhorias no índice de produção. “No caso do Feijão, alguns exemplos são as recentes cultivares lançadas como a BRS Esteio, BRS Esplendor, BRS FC402, BRS FC104, BRS Estilo e a BRSMG Madrepérola. Algumas dessas cultivares já suportam a colheita mecanizada”, explica.
Evento
A edição 2018 do Fórum Brasileiro do Feijão, Pulses e Colheitas Especiais tem o objetivo de debater temas técnicos, os desafios e as oportunidades para toda a cadeia produtiva, reunindo produtores, sementeiros, agrônomos, pesquisadores, empresários e outros profissionais ligados à agricultura.O evento se tornou o maior do setor na América Latina e será realizado neste ano em Curitiba (PR), entre os dias 15 e 17 de agosto. O espaço escolhido pelo Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (IBRAFE), que organiza o Fórum, é o Expo Unimed Curitiba, localizado dentro da Universidade Positivo e que conta com um amplo espaço para receber todos os visitantes. As inscrições podem ser feitas pelo site forumdofeijao.com.br/ inscricao/.
O Fórum Brasileiro do Feijão, Pulses e Colheitas Especiais chega à sua sexta edição com uma programação que mescla os cenários mundiais da produção e comercialização; custos e aumento da produtividade; novas tecnologias; e evoluções de técnicas no campo. Será a oportunidade para o produtor ter contato com os pesquisadores e outros especialistas da área, trazendo benefícios para a cultura do feijoeiro.
Fonte: Interact Comunicação e Assessoria de Imprensa
Crédito: Grupo Feijão Whatsapp