A tecnologia embarcada, incluindo a direção autônoma, é considerada fundamental na escolha de máquinas agrícolas, segundo a pesquisa SAE BRASIL Caminhos da Tecnologia no Agronegócio da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), lançada em 2024. Dentre os entrevistados, 46% a consideram “muito importante”, e 48% “importante”, consolidando um panorama de crescente valorização por parte dos produtores. “A visão do futuro é clara. A tecnologia embarcada já transforma o presente do agronegócio e a direção autônoma é apenas o início de um campo cada vez mais conectado e inteligente”, comenta Bernardo de Castro, VP de Estratégia Agrícola da divisão de Autonomy & Positioning da Hexagon, líder em desenvolvimento de tecnologia para o setor.
Entre os aspectos mais debatidos pelos produtores na pesquisa, a robustez dos equipamentos e o custo da operação se destacam. 75% dos participantes consideram a robustez como “muito importante”. Já o custo de aquisição, com 51%, também aparece entre as prioridades, refletindo uma visão de longo prazo em relação ao investimento em tecnologia. Em um cenário mais otimista, 56% dos produtores acreditam que tecnologias como a direção autônoma estarão amplamente disponíveis em menos de dez anos. Por outro lado, 15% ainda as vêem como soluções distantes, a serem adotadas apenas daqui a mais de uma década.
A resposta às demandas do campo
Segundo Bernardo, o mercado está respondendo rapidamente às exigências do setor agrícola, onde a busca por soluções de conectividade e automação tem sido constante. A pesquisa também aponta um forte movimento em direção à manutenção e monitoramento remoto, com 37% dos produtores vendo a inclusão desses recursos pela concessionária como “muito importantes”. A manutenção preditiva é uma das grandes apostas para aumentar a produtividade, já que permite identificar e corrigir falhas antes que se tornem problemas significativos, evitando o tempo ocioso dos equipamentos no campo.
Além disso, os produtores brasileiros buscam não apenas equipamentos eficientes, mas também soluções completas de pós-venda, que envolvem desde o plano de manutenção até o acompanhamento em tempo real da operação das máquinas. Esse movimento é uma resposta direta às demandas por maior conectividade e personalização das soluções, algo cada vez mais relevante em tempos de agricultura de precisão.
Diferentes perspectivas: agricultores e indústria
As respostas à pesquisa mostraram uma diferença clara nas prioridades entre os produtores e as indústrias fabricantes. Enquanto 87% dos produtores consideram a robustez como uma característica “muito importante”, apenas 79% da indústria compartilham essa opinião. Já na questão da tecnologia embarcada, 60% dos produtores apontam sua relevância, enquanto 38% da indústria pensam da mesma forma.
O custo de aquisição também é uma preocupação maior para os produtores (66%) do que para os fabricantes (44%). Os dados revelam que os agricultores estão atentos à viabilidade financeira das máquinas, considerando que o custo de operação no campo é um dos maiores desafios para a sustentabilidade das propriedades rurais. Além disso, a pesquisa revelou que a demanda por treinamento de operadores (49%) e por tecnologias de combustíveis limpos (37%) também estão em alta, com os produtores buscando maior eficiência e menores custos operacionais.
“Essas diferenças de percepção entre produtores e fabricantes são surpreendentes, já que os fabricantes precisam entender profundamente os pontos problemáticos dos produtores para definir suas prioridades e proposta de valor do produto. A indústria precisa olhar para essas lacunas como grandes oportunidades para desenvolver tecnologias que sejam cada vez mais adequadas ao usuário final”, explica Bernardo.
Otimismo e desafios da automação no campo
A maioria dos agricultores demonstra otimismo em relação ao futuro da tecnologia: segundo a pesquisa, dois terços dos produtores e cooperativas estão prontos para adotar ou já buscam testar novas soluções autônomas. Esse movimento é impulsionado pela promessa de maior eficiência, redução de custos perante a escassez de mão de obra especializada no setor, além de maior controle sobre a operação das máquinas.
O uso de tecnologia autônoma não só otimiza a produção como também facilita a gestão da propriedade, ao permitir que os agricultores monitorem e ajustem o desempenho das máquinas em tempo real. “A chave para o sucesso no agronegócio do futuro será a integração perfeita de tecnologias como a direção autônoma com soluções de conectividade e análise de dados, criando um ambiente onde as máquinas não apenas realizam tarefas, mas também se comunicam e aprendem com o campo”, conclui Bernardo.
Fonte: Ângela Prestes