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Tecnologia da Unicamp transforma resíduos do maracujá em ingrediente funcional para alimentos

Os compostos fenólicos são substâncias amplamente presentes em plantas, incluindo frutas, legumes, verduras e sementes. Eles despertam o interesse da indústria de alimentos, pois apresentam diversas propriedades benéficas ao organismo, como ação antioxidante, anti-inflamatória e antimicrobiana, proteção cardiovascular, neuroproteção, dentre outras. No entanto, essas propriedades funcionais muitas vezes não são aproveitadas pois os compostos fenólicos têm alta instabilidade química, sensibilidade à luz, ao calor e à oxidação, e tudo isso limita o seu aproveitamento em alimentos e suplementos.

Diante desse desafio, uma pesquisa realizada na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) resultou no desenvolvimento de um método eficaz para a estabilização dos compostos fenólicos em matrizes, por meio do método de impregnação supercrítica. Esse procedimento permite incorporar compostos fenólicos bioativos a um aerogel – material que foi usado como matriz nesta tecnologia –, sem recorrer a solventes tóxicos ou altas temperaturas, facilitando o processo de adição dos compostos fenólicos a alimentos.

Julian Martinez, professor da FEA que orientou o estudo desenvolvido pelo pesquisador Erick Santos de Araújo, explica que o método proposto utiliza extratos fenólicos obtidos da semente do maracujá — ingrediente facilmente encontrado em resíduos agroindustriais —, que por sua vez foram incorporados a aerogéis à base de amido de milho. “A escolha desses ingredientes não foi casual. Sobras do maracujá frequentemente são descartadas e o amido é um material natural, biodegradável e de baixo custo. O método proposto mostrou-se eficaz na impregnação dos compostos fenólicos nos aerogéis, permitindo que, graças à sua ação bioativa, propriedades funcionais sejam transferidas aos alimentos”, afirma o pesquisador.

Versatilidade de aplicações da tecnologia

Ainda segundo o professor, um diferencial importante da impregnação supercrítica, como é conhecido o método desenvolvido, é sua ampla versatilidade. Ele acrescenta que “a técnica permite ajustes finos conforme a natureza da matriz e dos compostos a serem incorporados. Isso significa que o mesmo método pode ser adaptado para a impregnação de diferentes compostos bioativos, como a incorporação de antioxidantes em proteínas vegetais ou outros tipos de carboidratos. Essa flexibilidade amplia consideravelmente o escopo dos produtos que podem ser desenvolvidos com base na mesma plataforma tecnológica”, observa Martinez.

Ele ainda afirma que o produto desenvolvido na pesquisa — a matriz de amido enriquecida com compostos bioativos — é capaz de atender demandas do público que prioriza ingredientes naturais, funcionais e sustentáveis em sua alimentação: “Por exemplo, o produto pode ser adicionado a proteínas em pó, barras energéticas ou bebidas voltadas a atletas ou a consumidores que desejam uma alimentação mais saudável ou sem ingredientes de origem animal. Também é possível pensar em sua aplicação em formulações à base de proteínas ou carboidratos que tenham como diferencial a presença de propriedades antioxidantes fornecidas pelos compostos fenólicos, um tipo de diferencial que pode ser atraente aos consumidores”, comenta o professor.

Além de sua aplicação na produção de alimentos, a tecnologia tem potencial de uso em outras indústrias, como a de cosméticos ou a farmacêutica, nas quais os compostos fenólicos também agregam propriedades funcionais aos produtos. “Nesses casos”, explica Martinez, “o método desenvolvido permite incorporar os bioativos de forma eficiente, proporcionando vantagens como a conservação de sua ação funcional mesmo após longos períodos de armazenamento ou exposição a condições adversas”.

Uma tecnologia eficaz e ambientalmente sustentável

Um aspecto relevante desta tecnologia é a sua sustentabilidade ambiental, pois ela dispensa o uso de substâncias tóxicas em seu processo e permite o reaproveitamento de resíduos agroindustriais, favorecendo a chamada economia circular.

Martinez complementa esclarecendo que “uma das motivações que tivemos nesta pesquisa foi a de reaproveitar resíduos do processamento agroindustrial de alimentos, que são descartados ao longo da cadeia produtiva. Muitos desses resíduos desperdiçados contêm substâncias de grande potencial de aplicação, tanto na formulação de alimentos como para a elaboração de medicamentos, fármacos, cosméticos, entre outros. Esta tecnologia favorece uma indústria mais limpa e eficiente, capaz de transformar passivos ambientais em soluções tecnológicas relevantes para a sociedade”, conclui o pesquisador.

Nesse sentido, a tecnologia desenvolvida vai ao encontro do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) de número 3 (assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades), pois a tecnologia visa melhorar a qualidade nutricional e funcional dos alimentos.

Esta tecnologia teve a sua patente depositada com assessoria da Agência de Inovação Inova Unicamp e está disponível para licenciamento para uso comercial. Mais detalhes sobre este invento podem ser consultados aqui.

Como licenciar uma tecnologia da Unicamp 

Inova Unicamp disponibiliza no Portfólio de Tecnologias da Unicamp uma vitrine tecnológica com perfis de patentes, programas de computador, cultivares e outras proteções. Empresas e instituições públicas ou privadas podem licenciar a propriedade intelectual da Unicamp a partir das negociações com a Agência de Inovação Inova Unicamp. O contato é realizado pelo formulário de conexão com empresas da Inova Unicamp.

A Agência também oferta ativamente as tecnologias para as empresas, com a intenção de que o conhecimento gerado na Universidade se converta em soluções reais e chegue ao mercado e à sociedade. Para conhecer outros casos de licenciamento de tecnologias da Unicamp, acesse o site da Inova. E para encontrar os profissionais ideais para as necessidades do seu projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) com a Universidade, faça uma busca no Portfólio de Competências da Unicamp.

Fonte: Inova Unicamp

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