Técnicos de campo que atuam no Projeto Forrageiras para o Semiárido participaram nesta semana de um ciclo de treinamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na Unidade de Referência Tecnológica (URT) de Montes Claros. O projeto pesquisa alternativas de espécies de forrageiras (alimentação animal) com melhor adaptação ao semiárido para a bovinocultura de corte. Além da Embrapa, são parceiros na iniciativa a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), por meio do Instituto CNA; Sistema Faemg Senar; Sindicato dos Produtores Rurais de Montes Claros e Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
O objetivo do treinamento, que reuniu pesquisadores do Maranhão, Piauí e Norte de Minas, foi para alinhar protocolo de coleta de dados para o início da fase de testes de pisoteio animal nos pastos onde estão plantadas, em piquetes separados, espécies de forrageiras de gramíneas anuais e gramíneas perenes. A análise envolve BRS Paiaguás, BRS Piatã, Capim-buffel e Massai, que apresentaram melhor resiliência e maior produtividade na primeira fase do projeto, implantado em 2017.
“As três URTs aqui representadas no treinamento estão com piquetes estabelecidos e, agora, vão receber os animais. Reunimos estes técnicos do projeto para mostrar na prática qual será o protocolo para coleta de dados. Nossa previsão é de colocar os animais para o teste de pisoteio no prazo de 10 a 12 dias, em condição de cerqueiro”, explica a consultora de campo do Instituto CNA, Alenilda Carvalho de Novais.
Análise de dados
Serão 12 animais no espaço de pesquisa de cada URT, sendo seis por piquete. A partir deste ponto, serão realizadas avaliações de resistência e comportamento das forrageiras sob o pisoteio animal, em um sistema rotacionado, que envolve ainda a análise da produtividade das espécies, sobrevivência ao clima, palatabilidade animal, entre outras condições de adaptação ao semiárido.
Segundo Roberto Cláudio Fernandes Branco Pompéu, um dos coordenadores do Projeto Forrageiras para o Semiárido pela Embrapa, as expectativas de avanço nas pesquisas são as melhores possíveis. “Estamos estudando diferentes condições edafoclimáticas, que envolvem a textura do solo e de precipitação pluviométrica anual dessas regiões. Vamos analisar qual dessas espécies de gramíneas que estão mais adaptadas ao gado de corte para a região. Por conta da experiência que esses técnicos de campo têm, o treinamento foi ainda mais importante para avançarmos nessa convergência de informações e transformar este sistema de produção mais eficiente para as regiões do nosso semiárido”, pontua Roberto Cláudio.
Pesquisador do Forrageiras para o Semiárido na cidade de São Raimundo Nonato, no Piauí, Jean Magalhães Bastos participou da capacitação em Montes Claros e aproveitou para alinhar informações que serão úteis no dia a dia de trabalho na região onde vive. Para ele, o semiárido precisa cada vez mais de tecnologias e metodologias assertivas para a evolução da produção rural.
“Este estudo vai contribuir bastante para a pecuária da região. Assim como aqui no Norte de Minas, na nossa região temos uma carência grande no desenvolvimento de alternativas, na busca de tecnologias e estratégias que resolvam o problema da criação dos animais no semiárido, e o projeto vai exatamente buscar encontrar essas respostas. A partir deste treinamento poderemos avançar a pesquisa ainda mais”, destaca o pesquisador.
Histórico
A pesquisa é contínua e a expectativa é de que o Projeto Forrageiras para o Semiárido contribua diretamente para a melhoria do cenário da pecuária no Norte de Minas. Além de Montes Claros, outras 11 Unidades de Referência Tecnológica (URTs) estão instaladas na região Nordeste do país, também em áreas representativas de semiárido brasileiro.
A estratégia para essa pesquisa foi estruturada a partir da identificação de problemas comuns aos produtores do Norte de Minas na hora de alcançar melhores números de produtividade, perda de capim e prejuízos constantes para refazer o pasto. Ao longo dos últimos anos, o acompanhamento da evolução das gramíneas foi testado em diversos cenários, como o plantio individualizado e em consórcio com outras espécies, além do estudo de alternativas de reserva estratégica de alimento, caso da palma, que teve alto índice de sobrevivência nas pesquisas em todas as URTs.
Na URT de Montes Claros o plantio das forrageiras em estudo foi feito no fim de novembro, em uma fazenda localizada no distrito de São João da Vereda. O Sindicato dos Produtores Rurais tem acompanhado a evolução do projeto. Para o presidente da entidade, José Avelino Pereira Neto, o produtor precisa deste acesso às tecnologias que inovam o trabalho no campo.
“Essa é uma pesquisa de grande importância, que vai mostrar ao produtor a viabilidade da melhor forrageira para a região. A tecnologia disponibilizada pela pesquisa mostrará a parte técnica e a viabilidade econômica de cada opção de forrageira, analisando o desempenho no ganho de peso do animal e também os custos de plantio. Só assim o produtor poderá trabalhar de forma mais assertiva. Nosso objetivo é oferecer subsídio de informação para o produtor plantar aquilo que, de fato, vai trazer renda e produtividade na cadeia da bovinocultura”, afirma José Avelino.
Para saber mais sobre o Forrageiras para o Semiárido, basta acessar o portal da CNA e o boletim da URT Montes Claros, emitido em 2020, onde são informadas as forrageiras que foram testadas para a região do Norte de Minas.
Fonte: Ricardo Guimarães