Segundo a pesquisa mundial Atlas do Agronegócio, divulgada em 2023 no jornal francês Libértion, 49% dos agrotóxicos vendidos no Brasil são extremamente perigosos para a saúde humana, animal e todo o ecossistema. Os dados mostram, ainda, a América do Sul como campeã no uso de pesticidas químicos. A região é mencionada por ter dobrado, em 20 anos, o uso desses produtos em suas lavouras. Algodão, tomate, morango, hortaliças em geral, soja e milho são as culturas que mais utilizam os defensivos.
O impacto também é financeiro: segundo dados do Sindiveg/Kynetec Consultoria, o custo médio por produto aplicado subiu 28,3% de 2021 para 2022, ultrapassando os US$ 20 bi em todo o país. Com alta capacidade disruptiva, a biotech Symbiomics tem trabalhado como uma geradora de tecnologias para servirem de alternativas ecológicas para isso.
Os chamados biológicos de nova geração são desenvolvidos à base de microrganismos naturais e pertencentes aos biomas brasileiros, encontrados pela empresa durante expedições pelo país. Com alto nível de desempenho, além de aumentar a produtividade do agricultor, as soluções são capazes de captar e melhorar a absorção de nutrientes para o ecossistema, como fósforo e nitrogênio. Isso sem gerar danos aos solos, biomas e, principalmente, à saúde humana, já que substituem parte dos produtos com alto índice de toxicidade.
“Centenas de microrganismos que até então eram desconhecidos para a ciência foram identificados, evidenciando que a biodiversidade brasileira ainda tem muito a ser explorada”, afirma Jader Armanhi, cofundador da Symbiomics. O objetivo da empresa é promover um agronegócio sustentável para as próximas gerações, apresentando novas tecnologias exponenciais em um mercado que demanda mudanças para um modelo de economia baseado em ESG, sem deixar de lado a performance, já que a base dos produtos de bens e consumo da população mundial vem do setor. “As nossas soluções têm um potencial essencial na adaptação das plantas às condições extremas de um ambiente já poluído e pobre em nutrientes”, complementa Armanhi.
Os impactos gerados pela mudança do clima já são sentidos nos centros urbanos e vêm crescendo nos últimos anos. As projeções climáticas do IPCC (2014) indicam um aumento do risco para pessoas, ativos, economias e ecossistemas, incluindo estresse térmico, alteração na intensidade e frequência de eventos extremos de chuva e consequências relacionadas à elevação do nível do mar. As variações extremas nos regimes de chuva e temperatura aumentam, ainda, os riscos de inundações, deslizamentos, ondas de calor, secas e proliferação de vetores causadores de doenças.
Captação de nutrientes e preservação da safra
O que as tecnologias criadas pela Symbiomics – a partir de microrganismos encontrados pelos seus pesquisadores – fazem é tornar o fósforo e o nitrogênio, por exemplo, disponíveis para que as plantas possam absorvê-los e, assim, desempenhar melhores performances frente ao impacto do clima. Estima-se que para cada quilo de fósforo retirado na natureza, um quilo de GEE vá para a atmosfera. Fora isso, trata-se de um recurso natural não renovável. Portanto, com prazo para acabar.
Os resultados da Symbiomics fornecem bases técnico-científicas para apoiar o manejo e a manutenção da saúde do solo, trazendo melhorias nos processos físico-químicos e biológicos, impulsionando a sustentabilidade e, inclusive, a regeneração dos sistemas de produção.
Períodos de calor intenso ocorrem dentro dos padrões climáticos naturais, mas globalmente estão se tornando mais frequentes, intensos e duradouros devido ao aquecimento global. No aspecto ambiental, as soluções da biotech estimulam a regeneração da terra, agregando vida ao solo, ao gerar maior equilíbrio de microrganismos que protegem as raízes, oferecendo, assim, uma barreira aos fitopatógenos que causam danos à cultura e prejuízos aos produtores.
“As alterações climáticas afetam a saúde de várias formas, não só pelas ondas de calor que têm consequências diretas, mas também outras áreas de cuidados de saúde essenciais, da alimentação à qualidade do ar que se respira”, comenta Rafael de Souza, cofundador da Symbiomics. Em termos econômicos, para o Brasil, as biotecnologias desenvolvidas pela startup podem levar à redução da dependência de insumos importados, desvinculando os custos dos produtores da variação do dólar e do custo de transporte internacional. Ou seja, uma contribuição para a sustentabilidade e para a economia local.
Fonte: Karen Villerva