Um dos indicadores mais relevantes da suinocultura é o número de leitões desmamados por fêmea ao ano. Em 2024, a média geral das granjas brasileiras apresentou aumento de 1,08 leitões desmamados/fêmea/ano em relação aos dados de 2020 (29,99 vs. 28,91 respectivamente, mostra o Relatório Agriness 2024).
Isso significa que o aumento do número de leitões natimortos pode influenciar diretamente essa variável. Em 2024, o percentual de natimortos e mortos ao nascer nas granjas brasileiras variou entre 5,19% e 8,40%. Aproximadamente 10% das mortes ocorrem pouco antes do parto, 75% durante o parto e 15% imediatamente após o parto1. As mortes pré-parto geralmente estão associadas a causas infecciosas. Já as mortes ocorridas durante o parto e após o parto são decorrentes de causas não infecciosas como por exemplo: duração da gestação, duração do parto, idade das fêmeas e atendimento ao parto”, informa a médica-veterinária Laura dos Santos, da Auster Nutrição Animal.
O período de gestação é, em média de 115 dias, podendo variar conforme o indivíduo. Gestações com duração menor ou igual a 113 dias apresentaram aumento de 2% na taxa de leitões natimortos em relação a fêmeas que pariram em 114 dias de gestação ou mais, possivelmente devido à imaturidade dos leitões2. “Nesse sentido, é necessário ter cautela no momento da indução ao parto, sendo imprescindível conhecer a média de duração da gestação das fêmeas do sistema, e dessa forma estabelecer um protocolo de indução ao parto seguro e eficaz”, assinala a especialista.
Além disso, ressalta Laura, a duração do parto está diretamente relacionada à taxa de natimortos e ao jejum pré-parto. “Estudos recentes observaram que fêmeas que iniciaram e concluíram o parto até 3h após a última refeição apresentaram duração de parto menor, com menor necessidade de assistência ao parto e menor ocorrência de natimortos. Por outro lado, fêmeas que iniciaram o parto após 6 horas da última refeição, tiveram partos prolongados (maior que 5 horas de duração), com maior demanda de assistência e aumento de 1,76 vezes na taxa de natimortos. Além disso, o aumento da leitegada também está associado a partos prolongados, resultando em maior risco de hipóxia para os leitões. Fêmeas mais velhas (paridade igual ou maior que 5) também apresentam maior incidência de natimortos, podendo estar atribuída ao baixo tônus muscular uterino e consequentemente partos prolongados”.
A médica-veterinária da Auster ressalta que a supervisão ativa do parto permite uma conduta adequada para cada cenário, sendo em partos distócicos o uso de intervenções como aplicação de ocitocina e/ou palpação vaginal. “Estudos enfatizam que aumentar a supervisão do parto pode reduzir em até 5% o número de leitegadas com natimortos. Capacitar a equipe de parto é essencial para garantir intervenções rápidas diante intervalos anormais entre o nascimento dos leitões”.
Laura dos Santos explica que a prevenção de leitões natimortos exige acompanhamento do parto, atenção às fêmeas de risco, como as mais velhas ou com histórico de alta taxa de natimortalidade em partos anteriores. A identificação dos fatores de risco presentes em cada sistema de produção e a implementação de medidas preventivas específicas são fundamentais para a redução da taxa de natimortalidade nas granjas. Além disso, também é essencial estar atentos às causas infecciosas, como parvovirose, leptospirose e erisipela, que devem ser controladas por meio de um programa de vacinação adequado, realizado antes da cobertura.
Fonte: Thiago Silva – Texto Comunicação Corporativa