No primeiro semestre de 2025, o Sudeste permaneceu como a região mais afetada pelos roubos de carga no Brasil. Mesmo com a redução no percentual de prejuízo registrado – de 80,6% em 2024 para 62,4% em 2025 (queda de 18,2 pontos percentuais) – a região ainda concentra a maior parte das perdas do setor.
Na segunda posição do ranking, o Nordeste respondeu por 21,3% dos prejuízos entre janeiro e junho de 2025, registrando um aumento de 5,5 p.p. em relação ao mesmo período de 2024.
Os dados são do relatório “Análise de Roubo de Cargas”, elaborado pela nstech, maior empresa de software para supply chain da América Latina. O estudo é baseado nas informações apuradas pelas gerenciadoras de risco BRK, Buonny e Opentech, que integram o ecossistema da companhia.
Perfil dos roubos no Sudeste
No Sudeste, 50,6% das perdas foram associadas ao roubo de cargas fracionadas e 39% às operações de transporte de alimentos.
Entre os estados da região, São Paulo liderou com 56,8% dos prejuízos registrados, embora tenha apresentado queda de 11,8 p.p. em comparação com o primeiro semestre de 2024. Já o Rio de Janeiro viu um crescimento expressivo, passando de 18,7% para 21,9% no período.
Um dado inédito chama atenção: em junho de 2025, o Rio de Janeiro concentrou 56,6% dos prejuízos mensais, enquanto São Paulo caiu para a 5ª posição, com apenas 3,7% – um movimento atípico, já que o estado liderava em 2024 com 48,7%.
“O Rio de Janeiro permanece com tendência de crescimento, como nossos relatórios anteriores já vinham sinalizando desde 2024. Mesmo com todos os altos investimentos realizados pela iniciativa privada e a aplicação de recursos adicionais que as empresas aplicam para entregas e até mesmo somente para passar pelo rio de janeiro, a tendência de crescimento no roubo de cargas no estado continua escalando e cada vez mais. Tanto o Frete como o preço de seguro para mercadorias destinadas ou que passam pelo Rio de Janeiro ficam cada vez mais caros, o que no fim, impacta na gôndola para os consumidores finais – em especial, produtos alimentícios, que são os mais visados pelas quadrilhas que atuam no estado”, analisa Maurício Ferreira, VP de Inteligência de Mercado da nstech.
Minas Gerais, por sua vez, obteve uma queda significativa no percentual de prejuízos: de 14,2% em 2024 para 3,4% em 2025.
Já o Paraná assumiu a terceira posição nacional, com 7,5% do total de perdas – um salto relevante frente aos 0,6% registrados no mesmo período do ano anterior.
Cargas fracionadas seguem como principal alvo, apesar de queda nas ocorrências
No primeiro semestre de 2025, as cargas fracionadas continuaram sendo as mais visadas por criminosos, representando 43,8% do total de prejuízos com roubo de cargas no país. Apesar da liderança, o segmento registrou uma queda de 14,7 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2024.
Esses tipos de carga são especialmente vulneráveis durante a noite, quando ocorrem 54,2% dos roubos, e às sextas-feiras, que concentram 32,8% dos casos.
A região Sudeste segue como epicentro das perdas nesse tipo de carga, com 71,9% do total de prejuízos, sendo São Paulo responsável por 51,3% e o Rio de Janeiro, por 14,6%.
Na segunda posição do ranking de produtos mais visados, os alimentos registraram 33,3% dos prejuízos no semestre — um aumento expressivo em relação aos 22,6% no mesmo período de 2024. Já os eletrônicos responderam por 10,8%, frente a 9% no ano anterior.
O relatório da nstech também detalha os períodos mais perigosos para o transporte de cargas no Brasil. A sexta-feira se destacou como o dia com maior concentração de prejuízos no primeiro semestre de 2025, respondendo por 23,2% do total registrado. A maior parte das ocorrências ocorreu no período noturno, que concentrou 68,6% dos valores sinistrados apenas nas sextas. Nesse cenário, o estado de São Paulo foi o mais afetado, responsável por 42,1% dos prejuízos registrados nesse dia da semana. As cargas mais visadas foram as fracionadas, que representaram 62,1% das perdas, seguidas pelos alimentos (35,6%), bebidas (1,8%) e medicamentos (0,5%).
Na comparação com o primeiro semestre de 2024, houve aumento nas ocorrências registradas às sextas-feiras (23,2% em 2025, contra 16,8% em 2024), às quintas (20,9% contra 18,2%) e também aos domingos (12,5% contra 11,2%), indicando uma mudança no comportamento das ações criminosas, com maior concentração próxima ao fim de semana.
As áreas urbanas mantiveram-se como as regiões mais afetadas pelos roubos de carga, somando 27,7% dos prejuízos no período. Apesar da liderança, o número representa uma queda em relação aos 31,8% registrados no mesmo período de 2024. Entre as rodovias mais críticas, a BR-101 liderou com 14,7% do total de prejuízos por roubo de cargas no primeiro semestre de 2025 — mais que o dobro dos 5,9% registrados no mesmo intervalo de 2024. As cargas fracionadas e os produtos alimentícios responderam, juntas, por 81,4% dos roubos registrados nessa rodovia.
A BR-226 também chamou atenção no relatório ao aparecer, de forma incomum, entre as rodovias com maior incidência de roubos. No primeiro semestre de 2025, ocupou o segundo lugar no ranking, com 8% do total de prejuízos — percentual superior ao registrado em 2024, que foi de 5%. A maioria dos sinistros nessa rodovia ocorreu no estado do Tocantins, com 67,3%, seguido pelo Maranhão, com 32,7%.
Dentro do ecossistema nstech, a companhia registrou um aumento de 19,4% nas cargas monitoradas pelas gerenciadoras de risco. Entre janeiro e junho deste ano, o valor de mercadorias gerenciadas pelo ecossistema superou R$ 1,1 trilhão. As operações monitoradas pela empresa representaram resultados positivos. Devido aos constantes investimentos em pessoas, processos e tecnologia, os clientes tiveram uma redução de 32% da taxa de sinistralidade no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2023.
O produto que impacta diretamente neste número é uma solução de checagem de motoristas e veículos, que unifica dados de bases mais robustas do país, o Cadastro Unificado. A solução em questão aplica inteligência artificial e machine learning para análise de motoristas e veículos, utilizando os dados dos 3 maiores players do gerenciamento de risco do mercado. Com isso, transportadoras, embarcadores e seguradoras podem mitigar riscos sem comprometer a fluidez de suas operações.
Fonte: Anna Carvalho