Segue a estabilidae entre os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago na manhã desta quinta-feira. A oleaginosa, por volta de 7h30 (horário de Brasília), vinha operando com pequenas altas nas posições mais negociadas – de 1,25 a 2,50 pontos – levando o novembro/16, que passa a ser a primeira posição neste momento – a US$ 9,44 por bushel. O mercado internacional parece já estar se posicionando diante do fim do vazio sanitário no Brasil neste 15 de setembro, o que dá início, portanto, a um novo direcionamento para as cotações e um novo período para os negócios. Ao lado dessas informações, é claro, permanecem no radar a conclusão da safra americana e, principalmente, a demanda pela commodity.
O cenário climático brasileiro, entretanto, é o que chama mais a atenção dos traders neste momento. As perspectivas iniciais davam conta da possibilidade de um La Niña mais forte, porém, o fenômeno parece ter perdido força. Segundo o meteorologista Alexandre Nascimento, da Climatempo, os impactos para a agricultura brasileira poderão ser menores e o período da primaverá poderá trazer melhores condições para as lavouras.
A intensidade do fenômeno ainda é ponto de divergência entre especialistas, porém, ele já está configurado. “A diferença é mínima para o que vinha sendo previsto e o que os atuais modelos indicam agora. Do ponto de vista prático, as condições de clima para a América do Sul terão pouca alteração”, diz Nascimento.
A cautela sobre o início dos trabalhos de campo, porém, permanece. A safra 2015/16 sofreu severamente com a falta de chuvas, a média de produtividade da soja caiu muito no país e os resquícios para esta nova temporada ainda são sentidos pelos sojicultores. As condições do solo, devido à seca, não são boas em estados como Mato Grosso, Goiás, e na região do Matopiba. No Sul do país e no Mato Grosso do Sul, as condições são melhores.
Entre os analistas internacionais, o destaque tem sido este. “Se os produtores plantarem sua soja sem condições adequadas de umidade no solo para promover um bom estabelecimento do stand das plantas, as mesmas poderiam morrer dias depois com as altas temperaturas e o tempo mais seco típicos deste período do ano”, afirma o consultor internacional Michael Cordonnier, um dos mais respeitados do mundo. As elevadas temperaturas do solo podem comprometer de forma bastante agressiva a germinação das sementes, anulando seu potencial para quando as chuvas chegarem efetivamente.
Outro destaque entre especialistas internacionais é a disponibilidade de sementes, segundo Cordonnier, já que a produção no ano passado também foi impacta pelas adversidades climáticas. “Assim, há uma preocupação de que os produtores que precisem, possivelmente, replantar algumas áreas podem não ter disponível a variedade desejada”, disse o consultor americano.
As dívidas atuais dos produtores brasileiros e o crédito mais caro também estão na conta. As perdas causadas pelo clima geraram o não cumprimento de alguns contratos e um grau de endividamento que, como consequência, tornou o acesso ao crédito um pouco mais difícil nesta temporada. E na safra 2015/16, Mato Grosso, o maior estado produtor de grãos do Brasil, registrou seus maiores custos de produção de todos os tempos.
Nesse quadro, a área semeada com soja em Mato Grosso não deve contar com uma expansão muito forte, passando de 9,2 para 9,230 milhões de hectares, com uma produtividade média de 53 sacas por hectare, segundo o presidente da Aprosoja MT, Endrigo Dalcin, em entrevista ao Notícias Agrícolas. Com a confirmação dessas projeções, a produção mato-grossense deverá ser de, aproximadamente, de 29,4 milhões de toneladas no ano 2016/17.
“Precisamos plantar dentro da janela correta e precisamos que o clima ocorra de maneira certa para que possamos obter essas 53 sacas, já que muitos não tiveram, no último ano, esse número e a média do estado foi a 49 sacas”, complementa Dalcin.
E o Banco Central informou, nesta quarta-feira, 14 de setembro, que está autorizada a renegociação de dívidas de produtores de Mato Grosso, demais estados da região Centro-Oeste, Piauí, Tocantins, Bahia, Espírito Santo e Maranhão na resolução nº 4.519.
“Autoriza a renegociação de operações de crédito rural de custeio e investimento contratadas por produtores rurais que tiveram prejuízos em decorrência da estiagem e seca em municípios dos estados do Espírito Santo, Bahia, Piauí, Maranhão e Tocantins, e da região Centro-Oeste.