Os preços da soja seguem recuando na Bolsa de Chicago durante a sessão desta terça-feira (13) e, por volta das 7h30 (horário de Brasília), as posições principais cediam entre 2 e 5,50 pontos. Assim, o setembro – que já deixa os negócios nos próximos dias – era cotado a US$ 9,82, enquanto o novembro/16 valia US$ 9,59 por bushel.
Os números recordes trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultuta dos Estados Unidos) nesta segunda-feira (12) vieram pressionando as cotações e ainda seguem influenciando seu direcionamento. Entretanto, para a maior parte dos analistas, a força da demanda ainda deverá ser importante pilar de suporte para o mercado, principalmente passado o período de colheita da safra norte-americana.
Assim, os especialistas acreditam ainda que os futuros da oleaginosa negociados na CBOT já estejam próximos de suas mínimas e o espaço para novas baixas, portanto, acaba ficando limitado.
“Não há mais notícias de oferta para sair. E do lado da demanda, as notícias estão saindo, o que impressiona é a voracidade com que o mercado está comprando”, explica Ênio Fernandes, consultor de mercado da Terra Agronegócios. “Agora, vamos esperar o peso da safra norte-americana entrar, o produtor americano não deve vender muito e isso, quando passar, não vai assustar tanto o mercado”, completa.
Soja: Apesar da pressão da safra americana, consultores afirmam suporte da demanda aos preços
Os números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) foram, finalmente, reportados nesta segunda-feira (12) e acabaram surpreendendo, mesmo que ligeiramente, as expectativas do mercado, que encerrou o dia perdendo entre 12,75 e 16 pontos nos principais vencimentos negociados na Bolsa de Chicago. O contrato novembro/16, que é o mais negociado do momento e referência para a nova safra americana, fechou o pregão cotado a US$ 9,64 por bushel, após, na máxima chegar aos US$ 9,90 e, na mínima, aos US$ 9,58. A sessão foi intensa e de volatilidade.
O novo reporte mensal de oferta e demanda do departamento americano estimou a produção do país em 114,33 milhões de toneladas, contra 110,5 milhões do boletim anterior. O número fica acima das expectativas do mercado de 108,86 milhões e 113,35 milhões de toneladas.
“A produção acima do esperado frustrou as expectativas, o mercado não esperava (um número tão elevado como este) e foi por isso que caiu”, explica Steve Cachia, diretor da Cerealpar e Consultor do Kordin Grain Terminal, de Malta, na Europa.
Para o executivo, as baixas só não foram mais acentuadas porque os dados maiores também para os estoques americanos não exerceram um peso ainda maior sobre o andamentos das cotações. Estimados em 9,93 milhões de toneladas, o número veio maior do que o projetado em agosto, de 8,98 milhões, porém, dentro do que esperavam os traders em um intervalo de 6,67 milhões e 11,97 milhões de toneladas.
“Esses números terão que ser corrigidos para baixo, eventualmente. Mas, enquanto isso não for feito, ainda há pressão sobre os preços”, explica Cachia. “A demanda e as incertezas da safra da América do Sul devem dar certo suporte”, completa.
E diante dessa projeção para os estoques finais da nova safra americana, a redução trazida pelo USDA para os estoques da safra velha – de 6,95 milhões para 5,32 milhões de toneladas – acabou tendo um impacto limitado sobre o mercado neste momento, segundo explica o economista de analista Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais. “Mesmo com estoques iniciais menores, a safra 2016/17 terminará com estoques superiores aos previstos no mês passado, isto é o que efetivamente importa”, diz.
Ainda assim, Motter acredita que o mercado internacional da soja não conta com muito espaço para ceder muito mais do que vem sendo observado e segue mantendo o piso nos US$ 9,50 por bushel como um patamar bastante palpável.
Enquanto isso, aos poucos o mercado e os traders vão dando também espaço para as novas informações, especulações e expectativas para a nova safra da América do Sul. E no boletim desta segunda-feira, o USDA reduziu sua estimativa para a produção brasileira de 103 para 101 milhões de toneladas, além de manter a da Argentina em 57 milhões. As exportações do Brasil recuaram de 59,7 milhões para 58,4 milhões de toneladas e as argentinas se mantiveram em 10,65 milhões.
“O grande point formador do preço que temos pela frente é a safra sul-americana, e clima como ponto central. Acredito que das três pernas que formam a oferta – extensão de área semeada, tecnologia e clima – não haverá perda de área, nem de tecnologia, mas o clima é que fará a diferença”, afirma o analista da Granoeste.
Mercado Brasileiro
Enquanto novos números inundam o mercado internacional da soja e às vésperas do final do vazio sanitário no Brasil, os preços da soja no quadro interno vão acompanhando ainda a movimentação do dólar, além de suas condições regionais. Assim, neste início de semana, o valor da oleaginosa na maior parte das principais praças de comercialização do Brasil.
E nesta segunda, o dólar voltou a cair e perdeu quase 1% frente ao real. A moeda encerrou os negócios perdendo 0,95% e valendo R$ 3,2490, após subir mais de 2% na sessão anterior. O foco principal dos investidores, de acordo com especialistas, permanece sobre futuro dos juros nos EUA.
Assim, praças como Não-Me-Toque/RS, Cascavel/PR e São Gabriel do Oeste/MS registraram altas de até 2,82% para chegar aos R$ 72,00 por saca, como no caso da sul mato-grossense. Em contrapartida, em Ponta Grossa/PR, por exemplo, o preço cedeu 1,23% para R$ 80,00 ou no Oeste da Bahia, onde a cotação foi a R$ 63,75, perdendo 0,39%.
Nos portos, o comportamento dos preços foi semelhante. A soja disponível subiu 0,62% em Paranaguá, para R$ 81,50; caiu 1,26% em Rio Grande, para R$ 78,50 e avanço ainda em Santos – 0,12 – para R$ 81,00 por saca. No mercado futuro, Paranaguá não registrou referência, perda de 1,26 no terminal gaúcho para também R$ 78,50 por saca.