26.3 C
Jatai
InícioNotíciasCategoria GeralSíndrome do Navicular compromete desempenho e bem-estar de equinos

Síndrome do Navicular compromete desempenho e bem-estar de equinos

A saúde locomotora é um dos pilares do desempenho e do bem-estar dos equinos atletas. Entre as enfermidades ortopédicas mais relevantes, a síndrome do navicular se destaca como uma das principais causas de claudicação crônica em cavalos de esporte.

Mais do que uma única doença, a síndrome do navicular corresponde a um conjunto de alterações degenerativas que acometem o osso navicular e estruturas adjacentes como tendão flexor digital profundo, ligamentos e Bursa do navicular. Essas estruturas têm papel crucial na biomecânica do casco, atuando como sistema de amortecimento e de transmissão de forças. Quando comprometidas, desencadeiam dor persistente e limitação funcional que podem comprometer a carreira atlética dos animais.

Diversos fatores contribuem para o desenvolvimento da síndrome: predisposição genética, conformação dos cascos, sobrecarga repetitiva em pisos duros e intensidade dos treinamentos. Estudos mostram que o desequilíbrio do casco e a má distribuição de peso aumentam a pressão sobre o navicular e seus ligamentos, acelerando o processo degenerativo (Dyson & Murray, Equine Veterinary Journal, v.39, n.3, 2007).

Os sinais clínicos incluem claudicação intermitente, encurtamento da passada e dificuldade em realizar movimentos que exigem maior flexão do casco. Como a evolução costuma ser insidiosa, o diagnóstico precoce nem sempre é simples. “A síndrome do navicular é multifatorial e seu diagnóstico exige abordagem criteriosa, combinando exame clínico e de imagem. Somente assim é possível avaliar a extensão das alterações e estabelecer um plano terapêutico adequado”, ressalta Camila Senna, médica-veterinária e coordenadora técnica de equinos da Ceva Saúde Animal.

O impacto dessa condição vai além da perda funcional: a dor crônica compromete diretamente o bem-estar dos animais e figura entre os maiores entraves para a longevidade esportiva de cavalos de salto, adestramento e outras modalidades de alto rendimento.

Nos últimos anos, o manejo da síndrome evoluiu significativamente, passando a adotar uma abordagem integrada. O casqueamento e o ferrageamento corretivos permanecem como pilares fundamentais para redistribuir forças e reduzir a sobrecarga na região (Kane et al., Journal of Equine Veterinary Science, v.29, n.5, 2009). Associam-se a eles terapias medicamentosas, técnicas de controle da dor, fisioterapia e estratégias de manejo que priorizam o conforto e a qualidade de vida.

Entre os recursos terapêuticos disponíveis, destacam-se o uso de bifosfonatos à base de ácido tiludrônico, como o Tildren, que inibem a reabsorção óssea e atuam diretamente nas alterações do navicular, reduzindo o processo degenerativo e promovendo melhora clínica, e os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) COX-2 seletivos, como o Pain-oxx,  com ação analgésica e anti-inflamatória, indicados para o controle da dor musculoesquelética em quadros crônicos ou agudos, inclusive em tratamentos de maior duração. “Essa combinação permite reduzir a dor e a claudicação, atuando simultaneamente sobre a inflamação e a remodelação óssea, o que se traduz em maior qualidade de vida e desempenho para os animais”, afirma Camila.

Esse panorama reforça que, embora complexa e multifatorial, a síndrome do navicular pode ser prevenida e controlada quando identificada precocemente e manejada de forma estratégica. A combinação entre diagnóstico preciso, terapias personalizadas e práticas alinhadas ao bem-estar garante não apenas a extensão da carreira esportiva dos equinos, mas também a manutenção de sua saúde e qualidade de vida.

Fonte: Gisele Assis 

spot_img

Últimas Publicações

ACOMPANHE NAS REDES SOCIAIS