O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) divulga seu novo estudo sobre o Raio-X das empresas do Simples Nacional, com abordagem ao agronegócio e os dados revelam que o setor registrou um salto expressivo no número de companhias enquadradas no regime. Em apenas um ano, foram incorporadas 28 mil novas companhias, sendo um crescimento de 7,1% no período.
O período de apuração foi nos dois últimos anos. Em 2023, foram 395 mil negócios criados que contemplam o segmento de agronegócio brasileiro e, em 2024, o número chegou a 423 mil. Sendo, assim, um índice expressivo quando se trata de um setor já consolidado e de alta relevância na economia nacional.
O diretor do IBPT e, também, um dos autores do estudo, Carlos Pinto, comenta que a adesão mostra que cada vez mais empreendedores rurais estão optando pela formalização, aproveitando os benefícios do Simples Nacional, como redução da carga tributária, menor burocracia e condições favoráveis de competitividade.
“Vamos compreender que o dado chama atenção, porque reforça um movimento claro em que o agronegócio brasileiro está cada vez mais conectado à formalidade, eficiência e ao protagonismo econômico do país. São pontos importantes que trazem protagonismo econômico interno e, até mesmo, como referência e oportunidades para outros países”, comenta o diretor.
Distribuição por porte
O estudo do IBPT também traz insights sobre a distribuição por porte. A análise da entidade revela que o cenário é ainda mais revelador, já que 64,1% são Microempreendedores Individuais, enquanto 27,6% atuam com o regime de microempresas e, ainda, existem os 8,1% que assinam como pequenos negócios.
“Esse perfil comprova que o agro brasileiro não é feito apenas de grandes conglomerados, mas também de milhares de negócios familiares e locais que sustentam a cadeia produtiva”, comenta Carlos Pinto.
A análise por CNAEs traz outro dado de destaque, em que a indústria de alimentos lidera com folga, exceto a categoria “Fabricação de Produtos de Padaria” que concentra 162 mil empresas, seguida por serviços de preparação de terrenos (57 mil) e fabricação de produtos de panificação (35 mil).
Ainda há destaques aos segmentos de alimentos prontos, massas alimentícias, biscoitos, conservas de frutas e derivados de carne, todos fundamentais para abastecer o mercado interno e movimentar a economia regional.
Pinto comenta que o conjunto desses números revela um movimento claro de crescimento das adesões ao Simples Nacional ancorado aos pequenos negócios e, em especial, no processamento de alimentos e serviços ligados à produção agro. “Nós estamos falando que isso é a base empreendedora, formada por MEIs e micros, que sustenta a expansão e garante a vitalidade do setor em todo o Brasil”, explica.
Idade das empresas
O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), em seu estudo, identificou que a base empreendedora do agro brasileiro é marcada pela juventude. Ou seja, o levantamento mostra que diante das 423 mil empresas do setor enquadradas no Simples Nacional, quase 200 mil (47%) têm até 2 anos de idade, enquanto outras 105 mil (25%) estão na faixa de três a cinco anos. Com isso, mais de 70% das empresas do agro formalizadas pelo regime têm no máximo cinco anos de existência.
O número, quando aliado ao crescimento de 7,1% de adesões ao Simples em apenas um ano, revela que o segmento está em processo de renovação e profissionalização, com novos empreendedores surgindo e buscando no regime simplificado uma forma de se estruturar de maneira mais assertiva e ágil.
O diretor do IBPT, Carlos Pinto, comenta que esses negócios mais jovens trazem consigo agilidade, inovação e maior adaptação às novas tecnologias. E esses fatores que tornam o agro mais competitivo em um ambiente de constantes mudanças de mercado e pressão por eficiência. E cita o dado em que as empresas mais antigas, sendo cerca de 17 mil com mais de 21 anos de atuação, representam solidez e tradição, mas são minoria dentro do regime.
“Certamente, nós podemos afirmar que o futuro do agronegócio passa pela força das empresas jovens, que estão reconfigurando a base produtiva, ampliando a formalização e garantindo a vitalidade de um setor que é pilar da economia brasileira”, enfatiza.
Os estados e regiões mais fortes no agronegócio e o Simples Nacional
O Raio-X das empresas do Simples Nacional foi afundo para entender a geografia do Simples Nacional no setor de agronegócio e, por meio disso, a revelação foi que há um mapa claro de concentração e protagonismo.
Começando pelo Sudeste, região que lidera com 47,3% das companhias, somando mais de 200 mil negócios formais, quase metade de todo o país. Esse peso, segundo o IBPT, reflete a força de estados como São Paulo (95,8 mil empresas, 22,6% do total nacional) e Minas Gerais (56,4 mil, 13,3%), que, juntos, conseguem responder por mais de um terço do agro formalizado no regime.
Já o Sul, que aparece em segunda posição, com 19,3%, impulsionado principalmente por Paraná (31,6 mil) e Rio Grande do Sul (28,9 mil), é uma região com forte presença em cadeias produtivas diversificadas, desde grãos até a agroindústria de alimentos.
O Nordeste concentra 17,1% das empresas, com destaque para Bahia (22,4 mil) e Ceará (11,7 mil), revelando o peso crescente da região no cenário agro. Já o Centro-Oeste, coração do agronegócio exportador, aparece com 10,7% das empresas (45,4 mil). Isso resulta de um perfil de negócios mais voltado a grandes grupos, mas com presença crescente de pequenos empreendedores formais.
Já o Norte conta com a representatividade 5,5% dos negócios, agregando mérito para estados como o Pará (10,1 mil) e, com isso, reforçando a importância estratégica da região na produção de alimentos e commodities ligadas à floresta e ao extrativismo.
Índice de Atividade Empresarial (IAE) no agronegócio
Outro esforço do levantamento do IBPT, diante do Raio-X das empresas, foi que o estado de Santa Catarina lidera o ranking nacional, com 57,7% das empresas em alto Índice de Atividade Empresarial (IAE), classificação seguida pelo Rio Grande do Sul, com 53,6% e, Mato Grosso, também se destacando com 53,5%.
O diretor do IBPT, Carlos Pinto, reforça que esses estados trazem, consigo, papéis culturais de negócios. “Santa Catarina, por exemplo, suas empresas têm forte presença na cadeia agroindustrial, especialmente em alimentos e proteína animal. Já Mato Grosso, embora tenha menos empresas formais que os grandes centros do Sudeste, seu índice de atividade mostra um setor altamente dinâmico, voltado à produção de grãos e proteína animal, integrado à logística nacional e internacional. E Rio Grande do Sul, espaço com forte atuação de cooperativas e negócios regionais que mantêm alta competitividade mesmo em mercados mais maduros”, finaliza.
Fonte: IBPT | Imprensa



