Apesar da queda de 0,4% na movimentação de cargas nos portos brasileiros em 2022, o setor portuário registrou a segunda maior movimentação desde 2010, com 1,209 bilhão de toneladas. Em 2021, o segmento bateu o recorde de cargas transportadas, com 1,214 bilhão de toneladas. Os dados são do Anuário Estatístico Portuário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), divulgado no último dia 8.
A navegação interior foi o destaque, sendo o segmento que mais cresceu em 2022 em comparação com as outras categorias; foram 73,1 milhões de toneladas movimentadas, um aumento de 11,2% quando comparado com 2021. Entre os principais destaques na movimentação interior estão granéis sólidos (+15,36%) e líquidos e gasosos (+14,1%). Os insumos destaques no modal são: milho (+83,9%), minério de ferro (+62,05%), semirreboque baú (+32,72%) e fertilizantes (+23,46%).
O diretor-geral da Antaq, Eduardo Nery, afirma que apesar da queda de 0,4% do setor portuário, na comparação com a série histórica, 2022 foi um ano positivo na movimentação de cargas nos portos brasileiros. “Em um ano em que ainda tivemos guerra na Ucrânia, desaceleramento na China, questões relacionadas à Covid-19, ou seja, é um resultado muito bom”, enfatiza.
O gerente de estatística e avaliação de desempenho da Antaq, Fernando Serra, também destacou o cenário global como um dos principais fatores para o desempenho menos favorável ao setor no ano de 2022. E apontou o milho como o produto responsável por equilibrar as quedas registradas no primeiro semestre do ano passado.
“O milho equilibrou as quedas verificadas no primeiro semestre. O milho teve uma produção e um escoamento recorde nesse ano, com grande destaque para navegação interior, que já consegue produzir números importantes nesse share de distribuição do milho”, pontua.
A navegação de longo curso teve queda de 0,75%, movimentando 849,6 milhões de toneladas no ano passado. A cabotagem também registrou queda na comparação com o ano anterior (-1,89%), com 283,3 milhões de toneladas transportadas. Diminuição também foi percebida no apoio marítimo e portuário (-9,28% e -4,03%, respectivamente).
Perfis de carga
No contexto geral de movimentação de cargas, houve crescimento de 0,8% no transporte de granéis sólidos (712 milhões de toneladas) em comparação com 2021. O crescimento também foi percebido no segmento de carga geral (+6,33%), totalizando 63,2 milhões de toneladas movimentadas.
No destaque negativo ficaram a movimentação de líquidos e gasosos e a carga conteinerizada, com quedas de 3% e 3,5%, respectivamente.
Agronegócio e indústria
O agronegócio foi destaque na movimentação portuária movimentando 311,6 milhões de toneladas, um aumento de 8% em relação ao ano anterior. O destaque do segmento foi o milho, com alta de 93,1%, o que representa 60,9 milhões de toneladas transportadas. De janeiro a dezembro, o trigo (+0,4%) e o açúcar (+7,3%) também tiveram desempenho positivo.
A indústria também teve crescimento na movimentação de cargas, com 70,8 milhões de toneladas transportadas pelo setor (+0,92%). Os principais destaques foram os produtos químicos, que movimentaram 21 milhões de toneladas no ano passado, crescimento de 4,10%; equipamentos elétricos, com 5,4 milhões de toneladas (+12,12%); e veículos, com 4,3 milhões de toneladas (+2,7%). A modalidade de transporte de longo curso foi a mais utilizada pelo segmento, movimentando 47,6 milhões de toneladas em 2022 (+0,9%).
Destaques negativos
O setor portuário transportou menos minerais em 2022 em comparação com o ano anterior, foram 450,34 milhões de toneladas transportadas do produto (-2,8%). Segundo o Anuário da Antaq, a queda foi puxada pela diminuição da movimentação do minério de ferro; foram 360,6 milhões de toneladas transportadas, o que representa um decréscimo de 2,7%.
A quantidade de combustíveis movimentada nos portos também sofreu queda. Em comparação a 2021, essa diminuição foi de 5,53% (305,7 milhões de toneladas). No entanto, apesar da diminuição no acumulado de janeiro a dezembro, o total de movimentação nos portos organizados registrou variação positiva de 3% (57,4 milhões de toneladas).
Fonte: Brasil 61