Em sua estadia no Estado, representantes do país europeu tiveram a oportunidade de conhecer ações de Institutos e coordenadorias da Secretaria de Agricultura focadas na área
O Instituto Agronômico (IAC-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, sediou, no último dia 10, o seminário “A Cadeia Produtiva Queijeira: As Perspectivas Franco-Paulistas”. O evento marcou a última etapa de missão de representantes do setor de laticínios francês em São Paulo. As apresentações proferidas pelos emissários franceses trouxeram aos especialistas e produtores rurais presentes ao local um panorama sobre a cadeia do queijo na França, desde os aspectos produtivos até a regularização e comercialização.
Em sua fala, na primeira exposição, o presidente da União de Produtores de Beaufort francesa, Yvon Bochet, trouxe a visão dos produtores franceses sobre a importância de sua atividade para o país, não só em termos econômicos, mas culturais, além dos desafios e oportunidades que o setor vivencia por lá. Bochet aproveitou para elogiar a estrutura de pesquisa que encontrou em SP voltada à cadeia de laticínios, dizendo ser até mais completa que a vista em muitas partes de seu país.
Frederic Bertassi, encarregado nacional de laticínios do Ministério da Agricultura e Soberania Alimentar francês, mencionou que seu país é um dos que mais consomem queijo, com uma média de 28 kg por pessoa ao ano (bastante superior ao Brasil, onde se estima um consumo médio em torno de 5 kg ao ano). A França conta, segundo ele, com mais de 7 mil produtores artesanais do produto, números que evidenciam a força do setor no país europeu e a expertise dos franceses nesse mercado.
Maxence Virelaud, professor da Escola Nacional da Indústria Leiteira da França, apresentou uma visão geral sobre o abrangente sistema de educação queijeira em seu país, que capacita aos produtores rurais para a produção e comercialização de laticínios de alta qualidade e em conformidade com as especificações sanitárias.
Por sua vez, a delegação francesa teve a oportunidade de conhecer um pouco melhor o sistema de Inspeção sanitária que vigora no Estado de SP e no Brasil, e ouviu sobre a nova lei dos artesanais paulista, que formalizou e regularizou a produção artesanal em SP.
Finalizando o evento, Franck David Foures, conselheiro agrícola da Embaixada da França no Brasil, e o subsecretário de Agricultura, Orlando Melo de Castro, representando o secretário de Agricultura e Abastecimento de SP, Francisco Matturro, comentaram a importância do Acordo de Cooperação assinado entre França e SP e que esse é apenas um começo que trará muitos frutos às duas partes.
Estiveram presentes também, João Brunelli Júnior, coordenador substituto da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), Daniel Gomes, diretor-geral da APTA Regional, pesquisadores e servidores da SAA.
Na esteira de acordo firmado com SP, grupo conheceu um pouco da infraestrutura estadual voltada à cadeia
Durante a semana, a comitiva de representantes franceses teve a oportunidade de visitar Unidades de Pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) relacionadas à pesquisa com produção leiteira, tecnologia de alimentos e sanidade animal, além de cooperativas e propriedades de produtores artesanais de laticínios. Os visitantes participaram, ainda, de reuniões e conversas com os técnicos da Cati e Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) e pesquisadores da APTA, onde puderam realizar um valioso intercâmbio de informações e conhecer o cenário da produção paulista de queijo artesanal.
“Pudemos ouvir sobre a experiência deles, sobre como são os procedimentos na França, tanto na parte de produção de queijos e leite quanto na questão de indicação geográfica, que nos interessa bastante, pois é um processo que estamos implantando e tentando fazer crescer aqui em SP”, conta o subsecretário de Agricultura. Ele mencionou que a visão dos franceses foi muito positiva, principalmente com relação à estrutura de pesquisa vista nas visitas aos Institutos de Zootecnia (IZ) e de Tecnologia de Alimentos (Ital), e que também houve espaço para críticas, bastante construtivas, sobre a produção artesanal de queijo paulista. “O que nós precisamos é que nossos Institutos voltados a essa área atuem firmemente e o Estado aproveite desse conhecimento para normatizar e criar regras e orientações de como proceder, além de usar dessas estruturas também para qualificar nossos produtores, para que possamos ter produtos de qualidade no aspecto sensorial, mas também sanitário e higiênico, que é o que o consumidor precisa”, finaliza Castro.
A série de visitas aconteceu no âmbito do Acordo de Cooperação SP-França, assinado em agosto de 2021 e que visa o fortalecimento das relações entre os Governos de SP e da França. Na área de leite e derivados, o acordo prevê cooperação técnica entre institutos franceses e a Secretaria. “Essa primeira delegação vem em um momento de diagnóstico da cadeia produtiva, e a partir dela já estão surgindo propostas e ações conjuntas entre o governo da França e a SAA”, relatou Henrique Guimarães, assessor internacional da Secretaria. “Nós esperamos que sejam implementados avanços na cadeia produtiva do queijo e do leite, e, quem sabe, a construção de uma escola queijeira aqui no Estado de SP”, exalta. Em outros segmentos, o Acordo prevê ações voltadas ao mercado de seda e a identificação de especialistas franceses para apoio ao desenvolvimento técnico de diferentes setores agrícolas do Estado, como indústria do café, setor de bebidas, apicultura e indústria de óleos essenciais.
Bertassi, do Ministério da Agricultura da França, disse ter sido uma semana bastante cheia e proveitosa, onde foi possível obter uma noção geral sobre a cadeia do queijo artesanal em SP. “Minhas expectativas eram de, com os meus conhecimentos do setor leiteiro, trazer alguma coisa aos produtores e serviços públicos locais, além de ouvir e ver o que é feito aqui”, pontuou o representante do Governo francês. Ele diz estar saindo com uma imagem bem positiva do que viu e destacou o valor do trabalho conjunto. “São pessoas bastante profissionais na área de criação e de produção de leite. Temos muitas coisas a aprender também, já que uma cooperação vai sempre nos dois sentidos”, ressaltou.
Fonte: APTA