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Salvo crise externa, Brasil deve crescer e tendência do dólar é de queda, afirma o economista Ricardo Amorim, em Goiânia

Na boca da colheita de soja, com menos de 40% da produção goiana comercializada de forma antecipada, o economista Ricardo Amorim fez uma avaliação pouco animadora para os produtores: “provavelmente o dólar vai cair a um nível maior do que já está”. Ele palestrou para mais de 400 pessoas no evento “Do Campo à Cidade – Cenário Macroeconômico para 2018”, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), nessa quarta-feira (7/2), em Goiânia. “É óbvio que o dólar mais alto aumenta a receita do produtor rural. Mas a contrapartida disso é uma economia muito fraca, com inflação pressionada e queda no consumo interno”, ressaltou o economista.

Apresentando números da economia nacional nos últimos anos, ele demonstrou que entre outubro de 2002 e dezembro de 2010, a moeda americana estava barata e a economia brasileira crescendo. Já nos anos Dilma, com a “mega crise” e sem demanda interna, comentou Amorim, o dólar praticamente triplicou seu valor, saindo da faixa de R$ 1,50 quando a ex-presidente assumiu o governo para até R$ 4,20. Agora, passado o impeachment, a economia está voltando a se fortalecer e a atividade produtiva retomando o crescimento; por isso, a cotação do dólar está em ritmo de queda.

O economista informou ainda que R$ 3,15 é a média do dólar ajustada pela inflação nos últimos 37 anos. Contudo, o histórico mostra que a cotação varia entre vales e picos, quase não fica na média. “O dólar vai pra baixo e pra cima. Agora está caindo, mas não foi muito para baixo, só chegou perto da média”, afirmou. “Então, salvo uma crise externa, o próximo movimento do dólar é para baixo.”

Segundo Amorim, a boa notícia nesse cenário é que a moeda americana em queda ajuda a diminuir a inflação, que reduz a taxa de juros e o custo dos financiamentos. “Isso representa mais crédito, mais consumo, mais empregos, mais crescimento para toda a Economia”, disse, ressaltando que mesmo com todos os “choques políticos que aconteceram no ano passado”, como as delações da Odebrecht, da JBS, e as malas de dinheiro rondando o Planalto, a curva de crescimento econômico está seguindo o seu caminho. “Acho até que o Brasil vai crescer bem mais do que estão esperando para esse ano.”

Cenário eleitoral

Ricardo Amorim fez também uma análise do atual cenário eleitoral do País. Disse que a confirmação da condenação do Lula pelo “caso tripléx” torna o ex-presidente “carta fora do baralho”. E a insistência do PT em “manter” a candidatura dele visa alavancar uma possível transferência de votos para o candidato que assumir o posto de Lula, o que pode ocorrer até meados de agosto ou setembro, quando a Justiça Eleitoral deve julgar os processos de impugnação de candidatos “ficha-suja”.

Esse jogo do PT, avaliou o economista, tende a prejudicar os demais pré-candidatos da esquerda, como Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT), porque enquanto Lula é um “candidato”, eles não conseguirão puxar o eleitorado para si. Por outro lado, “manter” o ex-presidente na disputa é interessante para Jair Bolsonaro, que representa os eleitores “anti-Lula”. Mas o pré-candidato da extrema direita pode ter dificuldades por ser de um partido pequeno e, consequentemente, dispor de menos recursos e pouco tempo para campanha na televisão.

Mais ao centro, o economista citou as candidaturas de Álvaro Dias (Podemos) e de João Amoedo (Novo), porém, também por serem de partidos pequenos, têm menores chances de viabilizarem suas campanhas. Diante disso, Amorim acredita que Geraldo Alckmin têm possibilidade de se eleger, principalmente se fizer uma coalização com partidos grandes, como o MDB e o DEM. Ele também “está convicto de que vai ter um cara fora da política, com chances”, citando nomes como o de Luciano Huck, que vem sendo cotado por alguns partidos. “Tem muita gente tentando, e o cenário atual deixou uma avenida gigante para ser ocupada”, afirmou o economista.

Mercado de grãos

Engenheiro agrônomo e consultor de mercado, Ênio Fernandes abordou durante o evento as perspectivas sobre comercialização de soja e milho este ano. No caso da oleaginosa, o clima na Argentina nas próximas semanas pode gerar alguma movimentação no mercado, portanto, merece atenção. O produtor também deve acompanhar o comportamento do dólar no curto e médio prazo e sempre observar como está a demanda interna e o ritmo de exportações. “Quanto mais soja a gente exportar, melhor vai ser o preço para nós no final do ano”, afirmou.

Na cultura do milho safrinha, Ênio opina que o mercado tem chances de ser mais promissor que em 2017, se o produtor não deixar para vender na boca da safra. “A área plantada deve diminuir e muito milho será plantado depois da janela ideal no Brasil inteiro, principalmente no Cerrado, e isso compromete a produtividade”, explicou.

O consultor de mercado destacou ainda que quem foca sua comercialização somente em alcançar os picos de preço geralmente comete equívocos. “Os produtores que mais crescem são aqueles que têm gestão e vendem quando veem margem no negócio, não ficam olhando apenas o preço mais alto”, ressaltou. “Se der margens boas, comece a vender.”

Pecuária de corte

Também palestrante do evento, o médico veterinário e analista de mercado do Notícias do Front, Rodrigo Albuquerque, afirmou que há expectativa de melhoria em todos os segmentos da pecuária de corte – cria, recria, engorda, atacado e exportações. Em sua opinião, 2018 será um ano de recuperação do setor, fortemente atingido pela Operação Carne Fraca e pela delação da JBS.

“O preço do bezerro já apresenta alta de 14% e o do boi gordo, de 9%, em relação ao registrado em 2017”, frisou. Albuquerque estima crescimento de 6% no abate de machos e de 8% a 10% no de fêmeas. A retomada da economia tende a aumentar o consumo de carne, o que deve trazer boas oportunidades de mercado.

* Texto: Laura de Paula/Aprosoja-GO, com informações da Faeg

Imagem: Mago do Mercado

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