A safra de cana-de-açúcar 2025/2026 no Brasil, uma das maiores do mundo, começa em meio a um cenário de incertezas climáticas, preocupando o mercado em relação à produção. A seca severa, chuvas escassas e incêndios que afetaram as plantações no Centro-Sul do país, especialmente em São Paulo, são desafios imediatos que podem prejudicar tanto a qualidade quanto a quantidade de cana disponível para o processamento.
De acordo com a previsão do Rabobank, a estimativa é de que a safra atinja 580 milhões de toneladas, com o Centro-Sul respondendo pela maior parte da produção. Contudo, o desenvolvimento das lavouras nos próximos meses dependerá crucialmente das condições climáticas até o final da estação, o que liga o sinal de alerta para os canavicultores.
Apesar das adversidades, a expectativa é que a recuperação das chuvas possa ajudar a melhorar a qualidade da cana nos próximos meses. No entanto, a dinâmica da safra ainda apresenta desafios, principalmente em relação à concentração de sacarose na planta, que impactam diretamente a produção de açúcar e etanol. A seca prolongada tem sido um fator limitante para o acúmulo de sacarose, reduzindo os níveis de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), um indicador-chave para a indústria sucroalcooleira.
O papel das tecnologias de manejo na superação dos efeitos climáticos
Em resposta aos desafios impostos pelo clima, os agricultores estão cada vez mais adotando tecnologias de manejo e inovação no campo. Práticas como a irrigação e o uso de maturadores químicos têm se mostrado fundamentais para maximizar o potencial das lavouras, mesmo diante de condições climáticas desfavoráveis.
O engenheiro agrônomo e gerente de Marketing Regional da IHARA, Iuri Cosin, destaca que a utilização de maturadores como o RIPER se tornou uma ferramenta essencial para garantir uma maior produtividade e melhorar a qualidade da cana, mesmo quando o clima não favorece o processo natural de maturação. “A aplicação dessa tecnologia pode ocorrer em diferentes momentos da safra, ajustando-se às condições climáticas e promovendo um incremento de 6% a 8% no teor de ATR, o que pode resultar em um retorno financeiro considerável para o produtor, de até seis vezes o valor investido”, afirma Cosin.
O RIPER é um maturador sistêmico da IHARA, que apresenta características de rápida resposta e flexibilidade na aplicação, sendo viável tanto no início, no meio ou no final da safra, com uma janela de aplicação de 15 a 45 dias antes da colheita para otimizar a produção de Toneladas de Açúcar por Hectare (TAH). Essa tecnologia auxilia na redução do crescimento vegetativo da planta, acelerando o processo de maturação e aumentando a concentração de sacarose, o que é crucial para a rentabilidade do setor. Esse tipo de solução se torna ainda mais relevante no contexto da seca, em que as condições ideais de maturação não são naturalmente atingidas.
Maximização do mix para açúcar: tendências para a produção
A situação climática também tem impactado as estratégias de produção, com uma tendência crescente de priorização da produção de açúcar em relação ao etanol, conhecida como maximização do mix para açúcar. De acordo com especialistas do setor, a produção de açúcar deve representar cerca de 52% da cana processada na safra de 2025/2026, impulsionada pela alta demanda global por adoçantes e pelo recente investimento das usinas em capacidades de cristalização.
Apesar dos desafios climáticos, o Brasil continua sendo o maior produtor e exportador mundial de açúcar, e a expectativa é que, com o suporte dessas inovações tecnológicas e práticas agrícolas eficientes, o país se mantenha na liderança do mercado internacional, respondendo de forma robusta à crescente demanda global por açúcar.
“Como podemos observar, a safra de cana 2025/26 no Brasil chega com desafios significativos, que podem impactar sobre a qualidade e quantidade da cana. No entanto, as estratégias de manejo adotadas pelos canavicultores podem representar uma oportunidade para mitigar esses impactos negativos e transformar os desafios em ganhos de produtividade e rentabilidade”, enfatiza o gerente de Marketing Regional da IHARA.
Com o foco na maximização da produção de açúcar e o suporte de tecnologias como maturadores e sistemas de irrigação, a indústria sucroalcooleira brasileira deve continuar consolidando sua posição de liderança no mercado global de açúcar e etanol, mesmo diante das adversidades.
Fonte: Iara Soriano