O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, enviado especial da agricultura à COP30, apresentou nesta terça-feira (28) à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) o documento que reúne as principais propostas do setor agropecuário brasileiro para a conferência do clima, no próximo mês, em Belém (PA).
A publicação, intitulada “Agricultura Tropical Sustentável: Cultivando Soluções para Alimentos, Energia e Clima”, é uma proposta estratégica que consolida a agricultura tropical como eixo central das soluções globais para clima, segurança alimentar e transição energética na COP30. A iniciativa — construída por especialistas, centros de pesquisa, entidades do agronegócio e cooperativismo — introduz o Fórum Brasileiro da Agricultura Tropical e defende um mutirão internacional de implementação climática guiado por três bases: ciência, inovação e inclusão produtiva.
O material destaca que a experiência brasileira em produção sustentável, bioeconomia e energia renovável pode servir de modelo para países tropicais, reforçando o papel do Brasil como liderança global na construção de uma economia de baixo carbono.
Ao entregar o relatório à bancada, Roberto Rodrigues reforçou que o país tem legitimidade e resultados concretos para propor soluções ao mundo. “Eu aceitei esse convite para representar o que o setor realmente precisa e deseja [na COP 30]. Os documentos encaminhados pelos segmentos do agro foram harmonizados em um livro. Estamos trazendo as propostas para o setor, mas queremos ouvir a todos. O texto precisa ser da vontade do agro brasileiro, contemplando todas as áreas”, disse.
Adriana Brondani, head da Biofocus Hub e uma das organizadoras do material, destacou a importância de reposicionar a agricultura tropical como parte central das soluções globais para o clima e a segurança alimentar. “O Brasil alia força produtiva, riqueza natural e inovação científica. Em apenas 50 anos, consolidou um modelo tropical sustentável baseado em ciência, tecnologia e inclusão produtiva”, explicou.
Segundo ela, a COP30 representa uma oportunidade histórica de o Brasil liderar uma nova narrativa internacional, e mostrar que o sucesso do agro tropical é resultado de políticas públicas como o Plano ABC+, do protagonismo dos produtores e da força do cooperativismo, que hoje reúne mais de 4.500 cooperativas e 23 milhões de cooperados no país.
O secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, Embaixador Maurício Lyrio, responsável pelas negociações internacionais do Brasil, lembrou da atuação do setor produtivo em outros momentos da história, em especial nas conquistas econômicas para o Brasil.
“Em situações tidas como de extrema dificuldade, como na necessidade da obtenção de um equilíbrio econômico, foi possível presenciar o agro como alavanca da economia do país, como por exemplo, nas exportações. São as consequências de um setor que tem trabalhado para contribuir com a sociedade.”
O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (REP-PR), destacou o peso simbólico da presença de Rodrigues como interlocutor do setor produtivo. “O documento apresentado hoje contempla o que o agro precisa falar e o que o mundo precisa ouvir. Ele mostra, com clareza, que o Brasil é exemplo em sustentabilidade e inovação”, avaliou.
O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), vice-presidente da FPA, reforçou que a COP não deve ser vista apenas como um evento. “É importante pensar a COP como uma oportunidade de defender um conjunto de propostas sustentáveis, guiadas pelo Brasil”, afirmou.
Já o deputado Hugo Leal (PSD-RJ), defendeu que o país assuma a dianteira no debate ambiental internacional. “O Brasil não precisa ser pautado por outros países. Nós deveríamos propor um ambiente de tratados e convenções e estabelecer um código ambiental internacional, que seria o nosso Código Florestal, exemplo para o mundo. Se todos cumprirem o nosso código, o agro do mundo será mais sustentável”, argumentou.
Na mesma linha, Afonso Motta (PDT-RS) expressou confiança na representação brasileira. “Nós, produtores rurais, estamos em boas mãos. Com a liderança do Roberto Rodrigues, vamos marcar posição em um evento que deve apresentar o Brasil real para o mundo.”
O agro que preserva
Durante o debate, o deputado Henderson Pinto (MDB-PA) destacou os números oficiais da Embrapa sobre a conservação da vegetação nativa no Brasil. “66% do território nacional ainda é coberto por essa vegetação, sendo 33% dentro das propriedades rurais. Quando você apresenta os números de cobertura de vegetação nativa no Brasil, eu me alegro porque, na Amazônia, essa cobertura é ainda maior”, observou.
A deputada Marussa Boldrin (MDB-GO) também reforçou a confiança no protagonismo brasileiro. “Essa agricultura brasileira, que é um exemplo de adaptação mundial, está muito bem estruturada para a COP. Acredito que estaremos muito bem representados”, afirmou.
Ciência, inovação e cooperativismo no centro da agenda
Com base em oito pilares, o relatório defende que a agricultura tropical é estratégica para enfrentar as mudanças climáticas, garantir segurança alimentar e impulsionar a transição energética global, e consolidar o Brasil como liderança natural nas soluções para o clima e o desenvolvimento sustentável. Confira:
- Reposicionamento político-diplomático do Brasil no debate climático global;
- Adaptação e resiliência como direcionadores das políticas agrícolas;
- Centralidade da ciência, tecnologia e inovação;
- Avanço nos compromissos financeiros climáticos para a agricultura sustentável integrada à preservação de vegetação nativa;
- Integração das agendas de segurança alimentar e energética;
- Financiamento para setores chave e necessidades críticas;
- Coexistência de modelos produtivos sustentáveis nos diversos contextos;
- Bio-revolução na agricultura.
Fonte: Imprensa FPA



