Combustíveis mais caros afetam comércio exterior, marketplaces e agronegócio. Custos e inflação sobem.
A decisão do governo de reonerar completamente os impostos federais sobre a gasolina e o etanol a partir de março pode ter impactos negativos em diversos setores da economia brasileira. O aumento do preço do combustível pode prejudicar o comércio exterior, a importação de marketplaces e, principalmente, a exportação do agronegócio brasileiro.
Segundo Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada no comércio exterior, “o aumento do preço da gasolina e do etanol pode aumentar o custo logístico das empresas que atuam no comércio exterior, reduzindo sua competitividade no mercado internacional e afetando as exportações brasileiras”.
Além disso, o aumento dos preços dos combustíveis pode ter um impacto significativo nas importações realizadas por marketplaces, uma vez que essas empresas costumam trabalhar com margens de lucro reduzidas. “Se os preços dos combustíveis continuarem a subir, essas empresas podem ser forçadas a aumentar seus preços para compensar o aumento dos custos, o que pode levar a uma queda nas vendas”, alerta Pizzamiglio.
No entanto, o setor que pode ser mais afetado pelo aumento do preço dos combustíveis é o agronegócio brasileiro. “O agronegócio é um dos setores mais importantes da economia brasileira, e a maioria de seus produtos é transportada por caminhões movidos a diesel. O aumento dos preços dos combustíveis pode elevar os custos de produção e reduzir a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional”, explica Pizzamiglio.
De acordo com um estudo realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o aumento dos impostos federais sobre os combustíveis deve gerar um acréscimo médio de 1% nos custos operacionais das atividades agropecuárias. O estudo também aponta que os segmentos mais afetados serão os produtores de cana-de-açúcar (2%), soja (1%) e milho (1%).
Outro estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) estima que o aumento dos impostos federais sobre os combustíveis deve provocar um impacto inflacionário de 0,5 p.p no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023. O estudo também prevê que esse impacto será maior nas regiões Norte (0,7 p.p.), Nordeste (0,6 p.p.) e Centro-Oeste (0,6 p.p.), onde há maior dependência da gasolina.
Em resumo, a reoneração completa dos impostos federais sobre a gasolina e o etanol elevou os impostos em 68% e pode ter impactos negativos em diversos setores da economia brasileira. Além disso, pode gerar um acréscimo nos custos operacionais das atividades agropecuárias e um impacto inflacionário no IPCA. É preciso acompanhar de perto a evolução desse cenário e buscar alternativas para minimizar os danos.
“Precisamos de alternativas e ações emergenciais para diminuir o impacto dessa medida em curto prazo e repensar a política fiscal para não prejudicar o agronegócio brasileiro que é o principal segmento para a nossa balança comercial”, completou Pizzamiglio.
Fonte: Yuri Ferraz Lima