O mercado de sementes de algodão vive um ciclo de inovação sem precedentes. Dados do Registro Nacional de Cultivares (RNC), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) mostram que o país registrou 115 novas cultivares entre 2023 e 2025, o equivalente a 39% de todas as variedades lançadas desde 1998. O ano de 2024 se destacou como o maior da série histórica, com 53 novas cultivares licenciadas, quase cinco vezes acima da média anual de 11 registros.
Mato Grosso, que responde por 71% da produção de algodão do país, se mantém como epicentro desse avanço. Segundo o 12º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção estadual cresceu 8,3% tanto em pluma quanto em caroço, atingindo 6,8 milhões de toneladas.
O salto tecnológico observado está diretamente ligado à expansão do uso de biotecnologias e novos eventos transgênicos. Essas tecnologias ampliaram o leque genético disponível com novos registros no Ministério da Agricultura, com cultivares adaptadas a diferentes realidades produtivas e climáticas.
Na base dessa transformação está o Gossypium hirsutum L., espécie que responde por cerca de 87% da lista nacional de cultivares e que concentra a maior parte das inovações. Os avanços indicam um salto na produtividade, qualidade da fibra e na resistência a pragas.
No estado, empresas como a Polato Sementes, com mais de 40 anos de tradição no ramo, reforçam o elo entre pesquisa e campo. A sementeira mato-grossense detém a exclusividade na comercialização de duas cultivares recém lançadas que fazem parte do momento atual em que a genética é o diferencial competitivo da cadeia do algodão: a Âmbar STP e Topázio BTXF.
A Âmbar combina ciclo médio e precoce com resistência aos nematoides das galhas (Meloidogyne incognita) e reniforme (Rotylenchulus reniformis), além de incorporar a biotecnologia Seletio®, da BASF, que otimiza o manejo de plantas daninhas.
“Esses resultados representam o que há de mais avançado em termos de biotecnologia, resistência e retorno no campo. As variedades passam por três anos de testes até chegar ao produtor”, explica Jeferson Andrade, agrônomo, mestre em Tecnologia de Produção de Sementes e gestor Comercial da Polato Sementes.
Já a Topázio BTXF, voltada à safrinha, foi desenvolvida para oferecer segurança em condições climáticas adversas. A cultivar incorpora a tecnologia Bollgard 3 XtendFlex, garantindo proteção contra lagartas e tolerância aos herbicidas glifosato, glufosinato e dicamba.
Para Andrade o futuro está no avanço genético. A expectativa é de que, nos próximos anos, a integração entre pesquisa, biotecnologia e mercado siga ampliando a produtividade e a sustentabilidade no campo, colocando o Brasil entre as referências mundiais em inovação agrícola.
Fonte: Lorena Bruschi



