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Região Sul concentra mais da metade dos produtores de milho

Região Sul concentra mais da metade dos produtores de milho orgânico cadastrados no Brasil

O milho é uma cultura importante na alimentação humana e animal e a produção orgânica atende a nichos de mercados exigentes por um consumo consciente

Estudo da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) aponta a produção de milho orgânico como um nicho com grande potencial de diversificação e expansão no Brasil. Apesar de um mercado crescente – aumentou 90% em 2020 em relação a 2019, segundo estimativas do setor produtivo – mais da metade (56%) do cultivo está concentrado na região Sul do País A pesquisa “Variação geográfica da ocorrência de produtores de milho orgânico cadastrados no Brasil” baseou-se em dados do Cadastro

Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para identificar áreas com maior quantidade de produtores orgânicos registrados por município e propor ações em prol do desenvolvimento de estudos técnico-científicos que facilitem o acesso dos agricultores a sistemas orgânicos de produção, além de incentivar a adoção de políticas públicas nesse sentido.

“O milho representa uma cultura importante para a alimentação humana e animal, e a tendência por um consumo alimentar consciente tem implicado uma demanda muito maior do que a oferta. Porém, são escassas as informações nacionais conjuntas sobre a localização geográfica dos produtores de milho orgânico no Brasil, por isso, fizemos esse levantamento em nível nacional”, explica a pesquisadora Elena Charlotte Landau, da Embrapa Milho e Sorgo.

“Existem regiões com maior concentração de produtores. A identificação das áreas pode subsidiar a reunião dos agricultores em associações ou cooperativas que possam auxiliá-los no escoamento dos grãos e no acesso às pesquisas aplicadas”, diz a pesquisadora Mônica Matoso Campanha, da Embrapa Milho e Sorgo.

O pequeno volume produzido do cereal (0,03% da produção nacional da safra de milho 2015/2016, veja mais informações em quadro abaixo) representa um gargalo para a expansão da pecuária, avicultura e suinocultura orgânicas, o que também reflete no maior preço do milho orgânico, se comparado ao do milho convencional.

Dados mostram produção concentrada de milho orgânico no País

Segundo Elena Charlotte, em janeiro de 2021, o CNPO contabilizou 22.427 produtores cadastrados no Brasil.  Entre eles, 30,59% (6.860 produtores) apresentam cadastro para a produção de milho orgânico. Mais da metade destes, 56,76% (3.894 produtores), concentra-se na região Sul. Em seguida, vêm as regiões Sudeste, com 23,98% (1.645 produtores), e Nordeste, com 13,95% (957 produtores). Nas regiões Centro-Oeste e Norte foram identificados menos de 5% dos produtores de milho orgânico cadastrados no País (respectivamente 3,83% e 1,47%, equivalentes a 263 e 101 produtores).

“Destacamos que o estado do Paraná concentra quase um terço dos produtores de milho orgânico cadastrados no País (31,20%, 2.140 produtores), principalmente em municípios como Tijuca do Sul, Castro, Cerro Azul, Lapa e Rio Branco do Sul”, conta Elena Charlotte. Em seguida, a pesquisadora cita os estados do Rio Grande do Sul (16,15%, 1.108 produtores), São Paulo (11,81%, 810 produtores), Santa Catarina (9,42%, 646 produtores), Bahia (5,73%, 393 produtores) e Rio de Janeiro (5,60%, 384 produtores).

No Brasil, 865 municípios possuem registros de produtores de milho orgânico. “Entre aqueles com maior densidade de produtores de milho orgânico, além dos já citados do Paraná, destacam-se Brasília-DF, Ipê-RS, Santa Maria de Jetibá-ES, Ibiúna-SP, São Martinho-SC, Petrópolis-RJ e Nova Santa Rita-RS”, pontua a cientista.

Mais de 60% dos produtores registrados no CNPO foram certificados por Organismos Participativos de Avaliação da Qualidade Orgânica. Nessas organizações, o agricultor participa de um grupo ativo responsável pela fiscalização da produção.

O custo do processo de certificação nos diversos estados também influencia na contabilização dos registros no CNPO, embora em alguns estados haja opções para cadastramento de agricultores familiares de forma gratuita.

Incentivos e mercados consumidores próximos impactam a produção orgânica

O levantamento da variação geográfica das áreas de ocorrência de produtores de milho orgânico baseou-se na organização e no georreferenciamento dos agricultores orgânicos ativos, inscritos no CNPO em janeiro de 2021.

A maior concentração no estado do Paraná acontece provavelmente por motivos históricos de incentivos públicos e privados nas últimas décadas, como a atuação da Emater-PR (que agora compõe o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IDR), resultando no progressivo aumento da demanda por produtos mais saudáveis a preços compensatórios. Houve também estímulo à formação de profissionais para utilizar as técnicas adaptadas ou as tecnologias próprias para a produção orgânica.

“A proximidade de grandes mercados consumidores de produtos orgânicos, a organização dos agricultores em associações ou cooperativas de produtores rurais e o desenvolvimento de técnicas adaptadas para a região Sul, como plantas de cobertura de inverno diversificadas, também contribuíram para a concentração no Paraná”, diz o pesquisador Walter Fernandes Meirelles, da Embrapa Milho e Sorgo.

Já o Distrito Federal é a Unidade da Federação que apresenta maior densidade de produtores orgânicos registrados no CNPO. Nesta região, acontecem incentivos governamentais e multifuncionais históricos, desde a década de 1980, com apoio de diversas instituições de pesquisa e de extensão, incluindo a Emater-DF, a Embrapa, o Sebrae-DF, o Senar-DF, o Sindicato de Produtores Orgânicos, ONGs, empresas privadas e profissionais autônomos.

‘“A área rural do Distrito Federal tem aptidão para a produção de hortaliças. E o milho verde é uma das principais hortaliças orgânicas comercializadas na região. Lá, as propriedades rurais estão localizadas a uma distância máxima de 70 quilômetros da capital Brasília, o principal centro consumidor de orgânicos, e isso facilita a distribuição e a comercialização dos produtos”, pontua Elena Charlotte.

Fonte: Embrapa

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