Ele se refere ao mercado de pulses, formado por leguminosas secas, como lentilhas, ervilhas, grão-de-bico e feijões, e de colheitas especiais, como gergelim, chia, amendoim, linhaça, milho-branco. Na sua visão, são essas cultivares que vão atender à demanda da população que busca alternativas à proteína animal. “Temos dois grandes mercados mundiais que nos interessam muito batendo na nossa porta: o mercado indiano e o mercado chinês, cada um com 1,4 bilhão de pessoas.”
Marcelo Lüders foi um dos palestrantes do workshop promovido nesta quinta-feira (25), no chamado Pulse Day, promovido pela AgroBrasília. Em um campo demonstrativo de sete mil m2, montado pela LC Sementes no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, produtores, técnicos, empresários e visitantes da AgroBrasília puderam conhecer 44 cultivares, como os feijões mungo-verde, bamboo, red bamboo, dark red kidney, cranberry e caupi.
“Todos esses feijões têm condições de dar um bom resultado para o produtor. Não só no mercado externo. Nós temos um mercado no Brasil de 200 milhões de pessoas que hoje têm poucas alternativas. São, basicamente, o feijão carioca, que corresponde a 60% da oferta e do consumo, um pouco de feijão preto, vermelho e rajado”, exemplifica Lüders.
Novas cultivares, como o feijão-caupi, entregam “uma proteína tão boa quanto qualquer outro feijão e têm um ciclo menor, além de menor demanda por defensivos e fertilizantes. Consequentemente, têm um custo menor. Com maior investimento em pesquisas, vamos aumentar a produtividade e, com isso, conseguir oferecer ao consumidor brasileiro um preço justo, onde o produtor e o consumidor ganham”, antevê o presidente do Ibrafe.
Outro benefício de investir no mercado de pulses para o produtor é que essas culturas têm uma necessidade hídrica menor e oferecem menos riscos numa segunda safra. O CEO da LC Sementes, Leandro Lodea, analisa que, “tradicionalmente, a gente planta soja e, na segunda safra, milho, que tem uma exigência hídrica grande e não pode fugir da janela ideal de plantio. A alternativa seria plantar o milho na janela ideal e depois, no restante da área, plantar essas outras culturas, que têm investimento e risco menores. Assim, o agricultor acaba tendo uma lucratividade melhor”. Como exemplos de culturas com menor necessidade de água, o feijão-caupi e o gergelim.
Outra vantagem, destacada pelo empresário, são as condições climáticas e de solo ideias para o cultivo de pulses e culturas especiais no Brasil. Além de um potencial enorme de crescimento. “Hoje, não respondemos nem por 3% desse mercado mundial. Estamos como que na barriga da mãe no negócio de pulses e cultivos especiais.”
Países conheceram campo de pulses
Feijão rajado, preto e carioca são encontrados com facilidade nas prateleiras dos supermercados e estão no dia a dia dos brasileiros. Mas há variedades como mungo-verde, bamboo, red bamboo, dark red kidney, cranberry e caupi, que são menos conhecidas do consumidor, mas interessam e muito aos compradores externos, que veem nesses produtos uma importante fonte de vitaminas e nutrientes.
Aproximar esses produtos e seus produtores dos compradores no exterior foi o objetivo da visita de embaixadores e representantes diplomáticos de 41 países e blocos econômicos ao campo de pulses na AgroBrasília, nesta quarta-feira (24), quando participaram do tradicional Dia Internacional da Feira.
Fonte: Imprensa AgroBrasília