Um novo estudo realizado pela Macfor mostra a ligação direta entre atividade de perfis femininos no agronegócio brasileiro e o aumento das mesmas em cargos de liderança neste setor. Atualmente, as mulheres já ocupam 34% das posições de liderança, marcando um crescimento significativo de 79% nos últimos sete anos (2017-2024).
Responsável por aproximadamente 25% do PIB nacional, o agronegócio brasileiro evoluiu da agricultura tradicional para se tornar referência mundial na produção de commodities agrícolas, especialmente soja e algodão. Essa transformação foi impulsionada pela ampliação das tecnologias e processos modernos, fatores que abriram espaço para uma maior participação feminina.
Historicamente, as mulheres enfrentaram diversas barreiras, como preconceito estrutural, dificuldade no acesso à posse de terras e crédito, além do desafio de conciliar responsabilidades domésticas com suas atividades profissionais. Mesmo com avanços recentes, as mulheres ainda administram apenas 8,5% das propriedades rurais no país.
O estudo da Macfor destaca também os obstáculos que permanecem para elas. Segundo os dados coletados, 77% das mulheres apontam disparidade salarial como um desafio constante, enquanto 60,8% afirmam ter levado mais tempo para atingir posições de liderança justamente por serem mulheres. Além disso, 15% relataram não terem sido escolhidas em processos seletivos por serem mães, e 64,6% afirmaram que precisaram adotar comportamentos considerados masculinos para serem respeitadas em suas funções. Outro dado preocupante é que 64% das mulheres em cargos de liderança relataram já ter recebido cantadas indesejadas no ambiente de trabalho.
Apesar desses desafios, o estudo evidencia um cenário positivo de mudança. Hoje, 75% dos cadastros no Ministério da Agricultura e Agropecuária (MAPA) são realizados por mulheres, reflexo direto do engajamento digital feminino. Nas redes sociais, as mulheres líderes abordam especialmente temas relacionados à rotina rural, empoderamento feminino, tecnologia e sustentabilidade. A região Nordeste lidera em termos de presença feminina, concentrando 57% das mulheres em cargos de liderança no agro.
Sobre esse impacto positivo das mídias digitais, Giselle Suzuki, Coordenadora de Comunicação da Holambra Cooperativa Agroindustrial, destaca que “as redes sociais são fundamentais na transformação do agro, promovendo práticas sustentáveis e a força do cooperativismo.” Já Laís Tessaro, Coordenadora de Comunicação e Eventos da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, afirma que “ao valorizar datas estratégicas como o Dia da Mulher, ampliamos a visibilidade e a importância da diversidade nas empresas.”
Para Renata Moya, Diretora de Comunicação Mercadológica da Syngenta, “a comunicação digital aproxima o campo da realidade feminina, incentivando novas gerações a ocuparem posições estratégicas”. Rosangela Santos, Head de Marketing & Branding, Comunicação e Relações Institucionais da EuroChem Brasil, complementa afirmando que “a comunicação estratégica e eficaz é crucial para fortalecer a competitividade e sustentabilidade das lideranças femininas no setor”.
Giuliane Slâviero, Head de Comunicação Corporativa da Citrosuco, ressalta o papel das plataformas digitais, como podcasts e webinars, destacando que essas ferramentas fortalecem a presença feminina ao atender demandas específicas de informação. Por sua vez, Melissa Domenich Bianchi enfatiza que “liderança pelo exemplo e inovação são fundamentais para abrir caminhos às futuras gerações femininas no agro”.
Com o contínuo crescimento das lideranças femininas, o futuro do agronegócio brasileiro tende a ser mais competitivo, inclusivo e sustentável, consolidando definitivamente a importância das mulheres na gestão e inovação do setor.
Fonte: Maria Marinho