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Projeto impulsiona a propagação de plantas raras e endêmicas do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais

O projeto “Rede Propagar: Desenvolvimento de protocolos de propagação em massa e caracterização genômica de espécies vegetais endêmicas do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais” é uma colaboração entre a Vale S.A. e a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Iniciado em 2022, com previsão de vigência até 2027, o projeto visa garantir a sobrevivência de espécies e a criação de novos protocolos para produção em viveiros, reintrodução em ambientes alterados, introdução em novos locais e estudos genômicos.

O projeto, apoiado pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag), envolve também a participação ativa de pesquisadores da Apta Regional, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), além da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

O Quadrilátero Ferrífero, situado no estado de Minas Gerais, é uma região de grande relevância geológica e de biodiversidade. Com uma área aproximada de 7.000 km², é caracterizado pela presença de formações rochosas ricas em minério de ferro, que desencadearam intensa atividade mineradora ao longo dos séculos. No entanto, além de seu valor econômico, o Quadrilátero Ferrífero abriga uma biodiversidade única, especialmente nos chamados campos rupestres.

“Os campos rupestres, predominantes na região, são ecossistemas notáveis pela vegetação adaptada a solos áridos e afloramentos rochosos. Apesar das condições desafiadoras, esses ambientes são considerados centros de biodiversidade, abrigando uma grande concentração de espécies endêmicas que só existem nesta região. Esses ambientes singulares abrigam uma variedade impressionante de plantas, muitas das quais são raras e ameaçadas de extinção devido à pressão humana e às mudanças climáticas”, explica a pesquisadora científica da Apta Regional de Piracicaba (SP), Maria Zucchi.

De acordo com a pesquisadora, o propósito da Rede Propagar é promover a geração de conhecimento científico e impulsionar atividades de disseminação de espécies vegetais endêmicas dos campos rupestres, focando na elaboração de protocolos para germinação de sementes, cultivo in vitro e propagação em massa para subsidiar estratégias eficazes de conservação.

“A Rede almeja, especificamente, a multiplicação de 10 espécies raras e/ou ameaçadas de extinção em Minas Gerais, dentre elas bromélias, orquídeas e sempre-vivas. Este esforço se materializa por meio da produção tanto convencional quanto in vitro de mudas, em larga escala, destinadas a planos de conservação, manejo sustentável e restauração ambiental na região”, pontua a pesquisadora.

A parceria entre a Apta e a Vale S.A. reflete um compromisso conjunto com pesquisa, inovação e conservação das espécies vegetais endêmicas e raras presentes no local. Os primeiros resultados já são promissores, com mais de 15 mil plântulas germinadas até o momento. Os experimentos estão sendo conduzidos com diferentes tipos de substratos, visando avaliar os mais adequados e a temperatura ideal para a germinação dessas espécies raras. Além disso, técnicas avançadas de cultivo in vitro estão sendo aplicadas para ampliar a dispersão das espécies em questão, ao mesmo tempo em que são gerados dados genômicos que auxiliam na compreensão da história evolutiva das espécies botânicas e de seu ambiente. A genômica é a ciência que estuda a formação dos organismos com o objetivo de entender a sua estrutura e função, possibilitando definir estratégias personalizadas de rastreamento, prevenção e inovação.

“Nosso trabalho na Rede Propagar não visa apenas conservação, mas também reconhece o papel importante que os campos rupestres desempenham na manutenção da biodiversidade regional. Ao desenvolver protocolos de propagação e caracterização genômica, a iniciativa busca não só garantir a sobrevivência dessas espécies em seus habitats naturais, mas também contribuir para o entendimento e a preservação desses ecossistemas tão singulares”, finaliza Maria Zucchi.

Fonte: Glaucia Bezerra 

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