Para 40 famílias de pequenos produtores de algodão do Sudoeste da Bahia, o ano começou com esperança de bons resultados em suas lavouras. Cada uma delas recebeu a doação de um kit de irrigação complementar, como parte do projeto de Apoio aos Pequenos Agricultores Familiares, que a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) desenvolveu e vem dando seguimento, desde a safra 2014/2015.
Com a tecnologia ajudando a mitigar o risco climático, o aumento de produtividade é dado como certo, e a região, que já foi o maior polo de produção da fibra e quase teve a atividade erradicada, por causa do bicudo-do-algodoeiro, pode continuar ajudando a Bahia a manter seu posto de segundo maior produtor de algodão do Brasil. O Sudoeste detém, aproximadamente, 2% da produção baiana. Nesta safra, a área ocupada com o cultivo ficou em 5,9 mil hectares, dos quais 8,7% são irrigados, e a expectativa da Abapa é de que, de lá, saiam cerca de cinco mil toneladas da pluma, com produtividade média de 831 quilos de algodão beneficiado, por hectare.
“Os kits fazem uma grande diferença para o cotonicultor regional, que de outra forma ficaria mais vulnerável à seca ou à má distribuição das chuvas. Estes produtores têm grande importância para a cotonicultura baiana e, além dos kits, integram o Programa Fitossanitário da Abapa, recebendo a orientação técnica necessária para o manejo das pragas e doenças, assim como para o cumprimento do calendário definido por lei para a região”, afirma o presidente da Abapa, Luiz Carlos Bergamaschi, lembrando o compromisso da associação com o fortalecimento do algodão, nas duas áreas produtivas do estado.
Para Clériston Alves Guimarães, pequeno produtor do Vale do Iuiu, o kit é um incentivo para sua família plantar mais. “Agora estamos passando por um período de estiagem, e o sistema de irrigação é uma grande ajuda. Com ele, eu consigo aumentar a produtividade”, explica. O secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Iuiu, Jairo Prado, endossa a fala do agricultor. Segundo ele, o município planta hoje mais de 1,7 mil hectares de algodão e desde a safra 2017/2018, o projeto da Abapa tem ajudado a manter as famílias na atividade. Os quatro kits doados, agora, em fevereiro, se somam aos 37 recebidos anteriormente. “A tecnologia da irrigação não só ajuda a incentivar o retorno da cultura na nossa região, como, também, a fixar as pessoas no campo, evitando que migrem para a cidade, em busca de trabalho. Isso é muito bom para o município, já que tira do pequeno agricultor a dependência exclusiva do poder público, e permite que ele mesmo possa plantar e produzir o seu sustento”, afirma.
Brota, com a irrigação, a esperança. No peito de Jeferson Guedes Neves, pequeno agricultor do município de Candiba, também beneficiado pela Abapa, o sentimento que reside é o de gratidão. “Eu sou muito agradecido. Esses são materiais caros, e nem sempre a gente tem dinheiro para poder investir. Com esse equipamento, podemos garantir uma renda”, comemora Jeferson.
Rozineide Santana já possuía uma pequena área irrigada, em sua lavoura, no município de Malhada. Muitas vezes, teve a safra frustrada por conta da falta de chuvas nos períodos cruciais de desenvolvimento da plantação. Como a roça já estava plantada, nesta safra, vai usar o equipamento para produzir melancia e obter uma renda extra, mas no ano que vem, a tecnologia será, como ela mesma diz, uma “mão na roda”, para o cultivo da fibra.
“Eu me sinto privilegiada por ter sido contemplada por este projeto. A condição financeira da gente é pouca para poder comprar. É uma benção, uma ajuda enorme. A gente sabe que a vida do trabalhador rural é canseira e, com uma ajuda dessas, aí a gente fica animado para trabalhar”, afirma. O secretário de Agricultura de Malhada, Hénio Pablo de Farias Silva, também conhecido como Lula de Geraldo Pedro, afirma que os kits distribuídos pela Abapa representam a possibilidade de retorno expressivo do algodão à região que tem forte passado na cultura da fibra. “O povo aqui havia desanimado, estava plantando pouco, por causa da seca. É muito importante esse trabalho da associação pelo pequeno produtor”, concluiu o secretário.
Fonte: Catarina Guedes