Evento ocorre até o dia 29 de junho, em Bento Gonçalves
O 35º Congresso Brasileiro de Nematologia, que e acontece até o dia 29 de junho, na cidade de Bento Gonçalves (RS), apresentou o tema: “Nematologia: Problemas emergentes e estratégias de manejo”, e objetiva promover a interação entre pesquisadores, professores, técnicos e estudantes da área de Nematologia.
O pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Dimmy Herllen S. G. Barbosa, discutiu o tema das problemáticas e manejo de fitonematoides em acerola, goiabeira e banana. O controle dos nematoides tem chances de sucesso apenas no contexto do manejo integrado, no qual se devem considerar as espécies de nematoides presentes, as condições de condução e produtividade da lavoura, destino e lucratividade da produção e nível tecnológico do agricultor.
De acordo com o Pesquisador, a amostragem da população do nematoide no campo possibilita determinar as espécies presentes e verificar a suscetibilidade da cultura a estes parasitos. Conhecendo-se o nível de infestação objetiva-se prever o dano para a cultura, bem como estratégias de manejo que possam ser utilizadas.
A filosofia do manejo integrado de nematoides baseia-se na redução dos fitonematoides em níveis populacionais que não causem dano econômico. As estratégias de controle de fitonematoides ideais são aquelas que diminuem custos, aumentam a produção e não agridem o ambiente. A utilização de matéria orgânica, o controle biológico, o uso de cultivares resistentes, a solarização, a rotação de culturas, o pousio, o uso de cultivos intercalares e a cobertura do solo são interessantes por reduzir a população de alguns nematoides e manter a biodiversidade nos diferentes agroecossistemas.
Atualmente, há diversos métodos de controle de nematoides, como rotação de culturas, uso de cultivares resistentes, uso de nematicidas. Entretanto, esses métodos nem sempre são adequados às práticas do agricultor, ou economicamente viáveis.
A busca de novas alternativas no controle de fitonematoides em substituição aos nematicidas convencionais constitui-se numa preocupação mundial, com a realização de pesquisas para a identificação de substâncias bioativas que possam ser empregadas no manejo integrado de pragas e doenças, com menor impacto ao ambiente.
São recomendadas algumas práticas para o controle, como o preparo do solo e escolha da área – A redução da umidade do solo mediante um bom preparo, revolvendo bem o solo, de forma prolongada, expondo os nematoides aos raios solares, geralmente causa a sua desidratação, reduzindo-lhes a população.
Mudas sadias e tratamento de mudas – A utilização de mudas sadias, provenientes de viveiros idôneos e registrados constitui-se numa medida muito importante para evitar aintrodução de nematoides na área.
Alqueive/Pousio – O alqueive consiste na manutenção da área de plantio, sabidamente infestada, sem vegetação durante certo tempo com aplicações de herbicidas ou arações constantes para expor os ovos e formas juvenis aos raios solares. Como os nematoides não sobrevivem sem plantas hospedeiras, incluindo as plantas daninhas, esta prática promove a redução de sua população.
Rotação de culturas – Dentre as novas alternativas no controle de fitonematoides, pesquisas indicam plantas que apresentam efeitos antagônicos a nematoides, podendo ser utilizadas em rotação de culturas, plantio intercalar ou aplicadas como tortas ou extratos vegetais.
“A utilização de cultivo de plantas não hospedeiras de nematoides pode tornar-se uma prática eficiente para reduzir a densidade populacional dos nematoides. Várias espécies de plantas podem ser utilizadas em rotação quando da renovação da lavoura ou em plantio nas entrelinhas, principalmente, gramíneas e leguminosas”, afirma o Pesquisador.
Adubação orgânica – A adição de matéria orgânica é bastante benéfica. A incorporação de matéria orgânica pode ter efeitos diretos e indiretos sobre a população de nematoides.
Substâncias produzidas ou liberadas pelas plantas podem exercer atividades nematicidas ou nematostáticas. A ação da matéria orgânica está diretamente relacionada com o aumento da atividade dos microrganismos antagônicos aos nematoides (fungos, bactérias, dentre outros).
Manejo genético – Das diversas táticas de manejo para o controle dos nematoides, as melhores chances de sucesso estão no melhoramento vegetal, sendo o uso de variedades resistentes a maneira mais econômica para o agricultor viabilizar a atividade em áreas infestadas por nematoides. O produtor deve procurar optar por novas variedades que apresentem resistência aos fitonematoides, fazendo plantios escalonados em substituição às variedades tradicionais e mais suscetíveis.
Manejo biológico – O uso de produtos biológicos é um dos mais discutidos, apresentando vantagens em relação ao químico, pois não contamina, não desequilibra o meio ambiente e nem deixa resíduos (Soares, 2006). Uma grande quantidade de organismos são capazes de repelir, inibir ou mesmo levar a morte dos fitonematoides. Dentre estes, os fungos têm se destacado.
Manejo químico – A aplicação de nematicidas é a medida de manejo mais s empregada em todo o mundo. Nos países onde os nematicidas são largamente utilizados, tem sido verificada a redução da população inicial dos nematoides, havendo, posteriormente, incremento do nível populacional. A erradicação desses patógenos é difícil, pois os nematoides que permanecem no solo se multiplicam, dando origem a novas populações, que poderiam ser mais resistentes à dose inicialmente utilizada.
Fonte: Agrolink / Por Aline Merladete
Crédito Imagem: Domínio Público/Pixabay