À medida que a primavera se instala, cresce o otimismo entre os agricultores brasileiros com projeções climáticas que indicam melhora nas condições para a safra 2025/26. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as precipitações devem retornar de forma gradual nas regiões Centro-Oeste e Sudeste a partir de outubro, enquanto o Sul se mantém dentro da média histórica. Já partes do interior do Nordeste enfrentam previsão de chuvas abaixo do normal, elevando o risco de déficits hídricos em fases críticas do plantio.
Outro fator que reforça esse cenário mais promissor é a possível formação do fenômeno La Niña entre outubro e dezembro. Embora de baixa intensidade, ele favorece a distribuição de chuvas e umidade, auxiliando tanto o plantio quanto o desenvolvimento das culturas.
Para a soja, um dos cultivos principais, modelos climáticos indicam condições satisfatórias para produção, especialmente se as chuvas forem regulares e bem distribuídas.  Entretanto, alertas são feitos: nas regiões com solo ressecado ou com atraso no início das chuvas, como algumas do Nordeste ou partes do Centro-Oeste , o produtor deverá agir com cautela, considerando estratégias alternativas para irrigação ou plantio escalonado.
Fellipe Parreira, responsável por Portfólio e Acesso no Grupo GIROAgro explica que cada vez mais é necessário o preparo do solo com o auxílio de análises metereológicas. “Nutrientes como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e micronutrientes são essenciais para processos fisiológicos vitais. A fotossíntese é um desses fenômenos, sendo ela responsável pelo fornecimento de açúcares e energia, que serviram como base para construção de toda a estrutura da planta, das raízes aos frutos. A deficiência ou o excesso de alguns deles pode prejudicar o processo fotossintético e consequentemente a produtividade e a qualidade da produção agrícola”.
Na citricultura, há expectativas de impacto positivo também. Em São Paulo e Minas Gerais, a primavera ajudará a safra de laranja, com previsão de melhora no rendimento de algumas variedades e efeitos benéficos do peso médio dos frutos com o acréscimo de umidade.
Apesar das perspectivas animadoras, especialistas reforçam que o sucesso da safra dependerá fortemente do acompanhamento próximo das condições de clima, do uso de tecnologias de manejo e da capacidade de resposta frente a variações inesperadas. Fatores como calor excessivo antecipado, estiagem localizada ou distribuição irregular de precipitação podem comprometer ganhos potenciais.
É necessário realizar análises periódicas do solo e da planta para identificar a falta ou o excesso nutricional”, enfatiza Parreira que complementa dizendo: “O ideal é ajustar a adubação conforme o ciclo e a exigência das culturas. As tecnologias de agricultura de precisão para aplicação localizada e na dose adequada impulsionam ainda mais esse processo”. É igualmente importante que haja implementação de práticas integradas, como a rotação de culturas e o uso de adubos verdes, diversificando a fonte de nutrientes.
Há sinais favoráveis de que a primavera poderá ser um grande trunfo para o agro brasileiro na safra 2025/26. Mas o otimismo precisa estar acompanhado de preparo técnico, vigilância meteorológica e flexibilidade no campo para que as previsões se convertam em produtividade real com sustentabilidade.
Fonte: Fábio Bouças