Presente há décadas nos protocolos de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), o eCG (gonadotrofina coriônica equina) tem papel essencial na estimulação do crescimento folicular e na sincronização da ovulação, fatores determinantes para o sucesso reprodutivo das fazendas. Essa tecnologia foi decisiva para o avanço da reprodução bovina no Brasil, ajudando a elevar a eficiência dos rebanhos e a acelerar o ganho genético.
Mas a pecuária moderna vem buscando algo além de resultados zootécnicos. A preocupação com o bem-estar animal e a sustentabilidade tem ganhado força no campo, impulsionando a busca por soluções mais éticas e tecnológicas. É nesse cenário que o eCG recombinante (reCG) surge como uma das inovações mais significativas da reprodução bovina recente — unindo desempenho, padronização e responsabilidade.
Tradicionalmente, o eCG é obtido a partir do soro sanguíneo de éguas prenhes, coletado diariamente durante parte da gestação, quando o hormônio é naturalmente produzido pela placenta e liberado na circulação materna. O soro é então processado industrialmente para extrair a gonadotrofina, que será utilizada nos protocolos reprodutivos de bovinos.
Embora seja um processo regulamentado e historicamente adotado em diversos países, ele exige o manejo diário das éguas doadoras durante a gestação, o que tem motivado discussões na cadeia produtiva sobre bem-estar animal, sustentabilidade e variabilidade biológica entre lotes.
O hormônio eCG tradicional é usado há muito tempo, mas, por ser obtido do sangue das éguas, pode variar de um lote para outro. Essa variação afeta a padronização dos protocolos de IATF, especialmente em grandes rebanhos, onde previsibilidade é fundamental.
Já o eCG recombinante é produzido em laboratório por meio de técnicas de biotecnologia, sem depender de animais. Por isso, apresenta composição estável, maior pureza e resultados mais constantes e confiáveis. Além de eliminar variações, traz mais segurança e estabilidade aos programas reprodutivos da fazenda.
Foram os avanços da engenharia genética que tornaram possível o desenvolvimento do eCG recombinante: um hormônio produzido em laboratório com estrutura e efeito idênticos ao tradicional, mas que não depende da coleta em animais. Uma inovação que representa um marco de progresso técnico e responsabilidade ética.
“Estamos falando de uma inovação que alia ganho produtivo a princípios de bem-estar. Ao eliminar a necessidade de extração animal, o reCG responde também a uma demanda ética crescente do setor, além de que a tecnologia permite uma melhora na qualidade em termos de padronização de lotes e potência”, explica Rafael Moreira, gerente da Linha de Reprodução da Ceva.
Entre as inovações recentes, o FOLI-REC®, desenvolvido pela Ceva, é um marco. Produzido por engenharia genética avançada, sem origem animal, o FOLI-REC® combina ética, desempenho e praticidade no manejo. No campo o produto apresenta resultados satisfatórios no que diz respeito à dinâmica folicular e à taxa de prenhez. Essa equivalência farmacodinâmica comprova não apenas sua eficácia reprodutiva, mas também sua contribuição direta para um manejo mais prático, seguro e eficiente nos protocolos de IATF.
Para Alexandre Souza, gerente de Serviços Técnicos da Unidade de Pecuária da Ceva, o principal ganho está na previsibilidade e constância. “O FOLI-REC® oferece uma resposta folicular mais uniforme, o que dá ao produtor segurança para planejar a estação de monta com confiança. Essa regularidade é fundamental para reduzir perdas e maximizar resultados.”
Além disso, o produto chega pronto para uso, sem necessidade de reconstituição, podendo ser reaproveitado por até 30 dias após aberto. Essa praticidade reduz o risco de erro e economiza tempo, fatores decisivos num cenário de escassez de mão de obra.
O eCG recombinante não representa apenas um avanço técnico, mas uma mudança de paradigma. Ele reflete o compromisso do setor em alinhar produtividade, sustentabilidade e ética, pilares que definem a pecuária moderna.
“Inovação é quando a ciência responde às necessidades reais do campo. O reCG é a prova de que é possível evoluir tecnicamente e no princípio do bem-estar animal”, conclui Rafael Moreira.
Ao substituir um processo tradicional por uma solução biotecnológica inovadora, a pecuária mostra que é possível conciliar eficiência produtiva e responsabilidade com os animais, atendendo a um consumidor cada vez mais atento e a um mercado que valoriza práticas sustentáveis.
Mais do que uma nova molécula, o eCG recombinante simboliza uma nova forma de pensar a reprodução bovina: uma em que tecnologia, ciência e respeito caminham lado a lado para construir o futuro da produção animal.
Fonte: Gisele Assis



