Apesar das mudanças climáticas que apresentam safras mais desafiadoras a cada ano, a projeção na produção de arroz e feijão deve apresentar crescimento no ciclo 2024/2025. Estima-se um recorde de 326,9 milhões de toneladas, segundo dados recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgados em parceria com o Banco do Brasil (BB). O estudo também prevê aumento para a área destinada à cultura do algodão, podendo chegar a 2 milhões de hectares, e de soja, com perspectiva de 47,4 milhões de hectares.
Embora o cenário de produtividade seja promissor, Thays Moura, sócia-fundadora da Agree –startup especializada em captação de recursos para o agro – alerta para os desafios financeiros. “Os produtores precisam se organizar cada vez mais para obter as melhores linhas de crédito disponíveis para o agronegócio. Apesar de ser um ano desafiador para o setor, com margens mais apertadas, ainda existem várias oportunidades no mercado.”, destaca.
As incertezas climáticas, especialmente eventos extremos como secas e enchentes, complicam também a organização das finanças, já que impactam diretamente a produtividade e a receita projetada. “A volatilidade dos preços das commodities, somada a problemas externos, amplia as dificuldades para a rentabilidade da safra. A utilização de instrumentos de hedge, como contratos futuros, permite que os produtores ‘congelem’ os preços de venda, garantindo previsibilidade no fluxo de caixa. A diversificação das culturas e o estabelecimento de contratos antecipados com cooperativas e indústrias também são estratégias eficazes para reduzir a exposição à volatilidade”, recomenda a Thays.
A especialista afirma que a integração da gestão de riscos ao planejamento financeiro é crucial. “O seguro agrícola é uma proteção essencial contra perdas climáticas e pragas. Para produtores com dificuldades de acesso aos financiamentos, contratar o serviço pode ser decisivo para a continuidade das operações. Esse custo deve ser incorporado ao cronograma financeiro da safra, garantindo o acesso a recursos para mitigar perdas potenciais”, analisa.
Outro fator decisivo é não depender apenas de uma única linha de crédito. “Em um cenário de instabilidade econômica no setor, a antecipação do planejamento e a diversificação das fontes de financiamento são essenciais para reduzir essa dependência”, reforça . Além disso, segundo Thays, agricultores alavancados podem encontrar mais obstáculos na concessão de crédito subsidiado. “É importante explorar todas as alternativas, incluindo linhas de mercado de capitais”, recomenda.
Fonte: Lilian da Cruz
