A preocupação com as emissões de carbono está no topo dos debates da agenda climática mundial. Afinal, o gás é o principal responsável pelo efeito estufa e pela poluição – males que agravam o aquecimento global da atmosfera terrestre e a qualidade do ar respirado. Entre os principais culpados pelas emissões, estão o petróleo, o gás e o carvão.
Em relatório feito pelas Nações Unidas, chamado de Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2023, as emissões aumentaram e atingiram o número recorde de 57,4 gigatoneladas emitidas, podendo elevar a temperatura global para quase 3 graus centígrados nos próximos anos. O desafio reside em mitigar emissões, ao mesmo tempo que o fornecimento de energia permanece acontecendo, principalmente para os países em desenvolvimento.
Logo, a busca por soluções descarbonizantes tem motivado pesquisadores, governos e cientistas para a corrida contra o aquecimento global. Iniciativas como a de créditos de carbono, estabelecida no Protocolo de Kyoto, em 1997, permitem que países que poluem menos – cada tonelada de CO2 não emitida dá direito a um crédito – vendam seus créditos para países que poluem mais.
Este mercado tem potencial de movimentar cerca de US$ 50 bilhões até 2030, segundo a consultoria McKinsey. O Brasil é apontado como detentor de 15% de todo o potencial global de captura de carbono por conta das suas características ambientais, como o bioma amazônico, por exemplo. Logo, a preservação das florestas e o combate ao desmatamento têm papel fundamental.
Além disso, pesquisa recente feita pela Embrapa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Pecuária, em conjunto com a Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, foi capaz de comprovar a eficácia do trigo no sequestro de carbono que é enviado para a atmosfera. Ou seja, o trigo é capaz de retirar mais CO2 da atmosfera do que produz, isto é, é descarbonizante.
O dióxido de carbono é fundamental no processo de fotossíntese das plantas – elas absorvem carbono e soltam oxigênio. No entanto, durante a noite, quando não há luz, a respiração das plantas libera carbono. Somado a isso, resíduos agrícolas, como aqueles gerados durante o pouso, no intervalo entre uma plantação e outra para o descanso da terra, liberam muitos gases.
O estudo, conduzido em uma grande área de lavoura, foi capaz de detectar com o auxílio de uma torre de fluxo, um equipamento utilizado para avaliar a emissão de gases de efeito estufa, que o plantio de trigo absorve cerca de 7.540 kg de dióxido de carbono por hectare, ficando ainda com saldo positivo de 1.850 kg de CO2 por hectare. Com base nisso, foi criada uma boa base de dados, com auxílio de diversos profissionais.
Com o resultado foram criados “algoritmos em uma linguagem simples, acessível ao produtor e à assistência técnica, para que os conhecimentos possam ser adotados na lavoura”, segundo a professora Débora Roberti, do departamento de física da UFSM. O Sul do Brasil, devido ao clima mais frio, é responsável por mais de 90% da produção de trigo nacional, sendo, portanto, a cultura mais comum durante o inverno.
Mitigar a emissão de dióxido de carbono é um desafio, e todos os esforços despendidos são fundamentais. Estudos como este são importantes para descobrir novas frentes de ação contra o efeito estufa. O CO2 é um gás essencial para bebidas gasosas, para cirurgias, extintores e até para uso em armas de pressão, como nas carabinas CO2. No entanto, torna-se um vilão quando presente em demasia na atmosfera.
Fonte: Stefani Quaresma