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Pastagem renovada com lucro para o pecuarista

Após quatro anos (2021/2024) de estruturação, desenvolvimento de projeto e validação científica a campo, a Embrapa e a Latina Seeds entregaram, no dia 12 de novembro, uma nova tecnologia para a pecuária brasileira e mundial. Trata-se do Sistema Diamantino, ferramenta que permite transformar pastos degradados em produtivos, com retorno econômico (produção de silagem), sem aumento de área e sem conversão para lavoura.

Portanto, além de um pasto novo, o pecuarista ganha, com o sistema, a possibilidade restaurar a produção de forragem com os custos amortizados e, de quebra, colocar dinheiro no bolso. A viabilidade financeira é um grande apelo, uma vez que a renovação de pastagem exige a introdução de um novo capim em substituição ao anterior.

O “Diamantino”, neste aspecto, estabelece este processo a partir do plantio da forrageira consorciada com sorgo biomassa. A colheita – em um ou dois cortes – entrega significativo volume de silagem (para uso na alimentação de animais ou comercialização) e um pasto renovado com alto poder de lotação. Todo o estudo foi validado em áreas de pesquisa da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS) e em duas propriedades privadas, em parceria: Sítio Cantinho do Céu, Jateí, e Sítio Tropical, em Vicentina, em Mato Grosso do Sul. A pesquisa utilizou o Sorgão Gigante da Latina Seeds, a Braquiária Marandu e o Panicum Zuri.

De posse dos dados, foi elaborado um protocolo de implantação do sistema, adotado posteriormente por produtores dos Biomas Amazônia e Cerrado, com acompanhamento técnica do Latina Seeds. Estas áreas foram instaladas em propriedades nos municípios de Vera (MT), Canaã dos Carajás (PA), São Miguel do Guaporé (RO), Amarante do Maranhão (MA), Faina (GO), Campo Verde (MT), Silvanópolis e Darcinópolis, ambos no Tocantins.

Neste documento científico de oito páginas chama atenção a avaliação de retorno econômico da renovação de pastagem no “Diamantino”. Em condições de pesquisa e amplo acompanhamento (detalhados na circular), o sistema chegou a indicar um lucro de até R$ 10.144,86/ha, enquanto uma renovação exclusiva com capim apontou um resultado negativo (- R$ 1.648,74/ha).

O diretor-executivo da Latina Seeds enfatiza que, ao contrário de outros sistemas desenvolvidos e já em pleno uso, o Diamantino é um modelo da pecuária para a pecuária, uma vez que não prevê a conversão de área para a lavoura. “Quando visualizamos esta possibilidade, procuramos a Embrapa, que não teve medo de desafio. A degradação de pastagem é um problema gigante que exige uma solução gigante. Agora, estamos entregando os resultados para a sociedade”, enfatiza lembrando que a Latina Seeds é uma empresa com apenas sete anos de existência. “Fico feliz por termos dedicado boa parte deste tempo para o desenvolvimento de uma tecnologia tão importante para o Brasil e o mundo”, completa.

Menos de 48 horas após a live de apresentação, Sawa destacava a repercussão do lançamento em função da demanda pelo Sorgão Gigante: “Não tenho números ainda concretos, mas fui informado que novas áreas com o Diamantino estão sendo implantadas por pecuaristas em regiões distintas do País e também no Paraguai”.

Chefe-geral da Embrapa ressalta parceria e lembra relato de produtor

Durante o lançamento do novo sistema, o chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Harley Nonato de Oliveira, classificou o Diamantino como “um ativo tecnológico de extrema importância” e fez questão lembrar um momento que, segundo ele, marcou bastante a trajetória de construção da ferramenta: “A história do produtor Heder Simões da Silva, do Sítio Cantinho do Céu, em Jateí, MS, mexeu profundamente com todos nós e deu a real dimensão do que é esta tecnologia”.

Oliveira se refere à transformação da realidade deste pecuarista que, em meados de 2021, se encaminhava para dar fim à sua pecuária leiteira, já que a baixa qualidade dos pastos estava inviabilizando seu negócio. A combinação de solo arenoso (12% de argila, em média), baixo conhecimento sobre cultivo e áreas com forte degradação, impedia uma produção rentável.

“Eu e minha esposa estávamos sentados debaixo do nosso pé de manga avaliando parar e vender tudo. Foi quando apareceu o ‘seu’ Gessi, da Embrapa, propondo fazer um experimento usando o Sorgão Gigante da Latina Seeds consorciado com os capins Zuri (Panicum) e Marandu (Braquiária). Foi Deus!”, disse o produtor, meses depois, emocionado.

Heder cedeu 2,4 ha para o experimento e até hoje comemora a decisão: “Nesta área, minha produtividade saiu de uma média de 7,4 litros/vaca/dia para algo na casa de 13 litros/vaca/dia. Quase dobrou. Além disso, o Diamantino me rendeu comida para alimentar a vacada nos meses secos” garante.

Fonte: Ariosto Mesquita

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