*Por Gilberto Bueno
Não há como negar os constantes avanços que o sistema financeiro vem passando. Se antes, tínhamos que ir em agências físicas para realizar transações, atualmente, esse processo é feito na palma das mãos e em qualquer lugar. Contudo, mesmo diante de um cenário de transformação que atravessa o setor, dúvidas e incertezas ainda fazem parte dessa jornada, principalmente, com a atual fase do Open Finance, que vem causando divergências entre especialistas.
O Open Finance nada mais é do que o sistema pelo qual clientes de produtos e serviços financeiros podem autorizar o compartilhamento de seus dados entre as diferentes instituições bancárias autorizadas pelo Banco Central. Na prática, essa é uma versão mais abrangente do Open Banking, mas que possui, para além das operações tradicionais, outras funcionalidades como câmbio, credenciamento, investimentos, seguro e previdência.
Entretanto, mesmo diante das diversas possibilidades que o sistema prevê, sua adesão ainda não ganhou a força esperada. De acordo com a “Pesquisa de pagamentos Brasil 2023”, realizada pela consultoria McKinsey, apenas uma em cada três pessoas compartilharam os dados em Open Finance. Tal apontamento mostra o cenário desafiador que o sistema financeiro no país enfrenta.
Afinal, o Brasil possui uma ampla concentração bancária em instituições tradicionais e, tendo em vista o alto crescimento do movimento de fintechs no país, tais bancos sentem-se ameaçados em perderem seus clientes – o que os inibe de apresentarem soluções que podem ser utilizadas de comparativos entre as vantagens de seus serviços, os fazendo serem resistentes quanto a integração de novas ferramentas.
Por outro lado, os clientes também refletem a outra parcela que expressa alta resistência. A falta de confiabilidade em novos recursos é reflexo do baixo investimento e acesso à educação financeira com estes usuários. Assim, eles sentem-se seguros apenas quando sabem que estão utilizando uma ferramenta que tenha uma instituição renomada por trás, como foi o caso do PIX, que teve uma ampla adesão uma vez que o Banco Central é a organização que o administra.
O que vemos agora com o Open Finance que, praticamente, engatinha rumo a sua consolidação, nada mais é do que um forte exemplo dos desafios que afligem a eficiência da gestão financeira no país. Até porque, a falta de padronização de dados, bem como as exigências e complexidades que englobam o sistema tributário brasileiro, trazem à tona uma gama de obstáculos que impedem avanços significativos e contribuem para a criação de receios.
Isso tudo, sem falar das organizações. Afinal, à medida que o sistema financeiro atravessa por mudanças, as empresas precisarão também se adaptar e buscar métodos eficazes que auxiliem para uma gestão assertiva, mesmo em meio a um cenário de imprevisibilidades. E, quanto a isso, a tecnologia sempre será um agente auxiliador.
Considerando que a nova fase do Open Finance irá abranger seguros e investimentos, o meio corporativo também precisará estar atento quanto as novas projeções de mercado, o que reforça a necessidade de ter em dia a gestão financeira. Neste aspecto, contar com o apoio de uma ferramenta destinada a gerir as transações bancárias, tendo integrado diversas instituições bancárias com a chegada de novos recursos, além de trazer maior versatilidade e abrangência as operações, também irá auxiliar que os dados produzidos pela organização sejam administrados de forma segura e transparente.
Entretanto, é errado pensar que ter em mãos um sistema robusto irá solucionar todos os desafios pela frente. Antes de aderir uma ferramenta, é primordial avaliar se ela tem a capacidade de ser aderida na corporação, bem como se poderá ser acessada e administrada a qualquer hora e lugar, garantindo os princípios de automação, integração entre sistemas e gestão.
Certamente, pôr em prática essas ações não é algo simples, ainda mais considerando que tais mudanças acontecem em meio ao surgimento de novas criações no mercado. Por isso, contar com o apoio de uma consultoria especializada é um fator importante para destacar aquilo que, de fato, é relevante para a organização, a guiando para o processo de tomada de decisão assertivo.
O Open Finance mostra o avanço das operações financeiras que deverão seguir a tendência de serem realizadas fora do total controle dos monopólios. Especialistas divergem acerca das desvantagens desse recurso sobressaírem aos seus benefícios propostos, porém, a resistência as mudanças jamais será a solução, uma vez que estar aberto ao novo sempre será o melhor caminho para a transformação.
Gilberto Bueno é consultor de sistemas do Grupo Skill.
Fonte: Cinthia Guimarães