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O vírus que se esconde na tilápia: ISKNV permanece como alerta na produção de peixes

A situação do ISKNV (Vírus da Necrose Infecciosa do Baço e do Rim) no Brasil segue com índices elevados, principalmente em tilápias jovens cultivadas em tanques-rede. O cenário reforça a hipótese de persistência viral no ambiente e a necessidade de medidas mais rigorosas de biossegurança e manejo. É o que constata a Edição 10 do Boletim Sanitário da Tilápia, realizado pelo laboratório Pathovet. Segundo a publicação, de abril a junho deste ano, o ISKNV, popularmente conhecido como Iridovírus, registrou o maior número absoluto de casos, com 231 detecções em 2.445 amostras processadas por PCR em tempo real.

A maior parte das detecções ocorreu em sistemas de produção com tanques-rede (64%), enquanto viveiros responderam por 36% dos casos positivos. Quanto ao estágio produtivo, a fase juvenil concentrou a maioria das ocorrências (64%), seguida por alevinos (30%) e adultos (6%). A vulnerabilidade característica da transição de alevino para juvenil é justamente um dos principais pontos de atenção, afirma a médica-veterinária Talita Morgenstern, coordenadora técnica da unidade de negócio de Aquicultura da MSD Saúde Animal.

“A alta incidência do ISKNV em tilápias jovens é um sinal de alerta para toda a indústria. Na transição de alevino para juvenil, o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento, e o animal se torna mais suscetível a infecções. A saúde do cultivo depende de ações preventivas e de um monitoramento constante. Precisamos trabalhar juntos para mitigar o impacto e garantir a sustentabilidade da aquicultura brasileira”, destaca a profissional.

Controle na prática

As medidas de biossegurança e manejo incluem desde a qualidade da água e densidade de estocagem até a adoção de protocolos de quarentena mais rigorosos. Ainda de acordo com o Boletim Sanitário da Tilápia, é imprescindível a integração entre laboratórios de diagnóstico, manejo produtivo e políticas públicas regionais, visando prevenção, detecção rápida e respostas eficientes às doenças emergentes e reemergentes na piscicultura.

O levantamento também aponta que, no período de abril a junho de 2025, foram identificados 559 isolados bacterianos. Dentre eles, 37% dos laudos microbiológicos apresentaram amostras positivas para ISKNV, representando um aumento expressivo em comparação aos 14% registrados no trimestre anterior. Entre os casos positivos, destacaram-se Streptococcus agalactiae (33%) e Lactococcus sp. (31%). A característica imunossupressora do ISKNV causa danos no sistema imunológico dos peixes, podendo afetar também os animais adultos e levar a infecções secundárias por bactérias.

“São dados que reforçam a necessidade de uma abordagem estratégica para combater o ISKNV. Uma ação é a implementação de protocolos sanitários mais rígidos, incluindo a desinfecção regular de equipamentos, controle de acesso às áreas de cultivo e uso de tanques-rede com barreiras físicas para evitar a disseminação do vírus entre diferentes unidades de produção”, pontua Talita.

Nutrição adequada e controle de densidade também fortalecem o sistema imunológico das tilápias. “A persistência do ISKNV em ambientes de cultivo de tilápia é um desafio sério. É fundamental que os produtores tenham ferramentas e conhecimentos para não apenas tratar, mas prevenir a ocorrência de surtos, garantindo a sustentabilidade da aquicultura”, completa a especialista.

A primeira e mais importante linha de defesa é evitar a entrada do ISKNV. Entre as medidas estão aquisição de alevinos de fontes seguras (de fornecedores devidamente cadastrados e que possuam certificação de sanidade, atestando que os peixes são livres de doenças), controle de trânsito de animais e pessoas, controle da água de cultivo e uso de vacinas.

Talita ressalta que a vacinação representa a principal e mais eficaz ferramenta de prevenção e controle do ISKNV, contribuindo diretamente para a redução das perdas produtivas e para a sustentabilidade dos sistemas de cultivo. “As vacinas comerciais, como a AQUAVAC® Irido V, apresentam resultados consolidados em campo, comprovando sua eficácia na indução de uma resposta imune robusta e duradoura na proteção dos peixes frente ao vírus”, destaca.

Fonte: Thaís Campos

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