REIVINDICAÇÕES AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
O agronegócio tem sustentado a balança comercial brasileira há muito tempo. Enquanto o PIB nacional tem recuado, nos últimos anos, o PIB do agronegócio (que representa ¼ do PIB nacional), ao contrário, tem mantido uma taxa positiva de crescimento, neutralizando a taxa negativa de outros setores. Aliado a isso, o setor é responsável por cerca de 19 milhões de empregos diretos, quase 10% da população brasileira, e por 48% das exportações nacionais.
A economia do Centro-Oeste é expressiva e significa 10% do PIB nacional, com particular importância para o agronegócio. Goiás, por exemplo, é responsável por 11 milhões de toneladas de soja, 10% do total brasileiro. O PIB do agronegócio em Goiás é de cerca de 30%.
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, composta por 35 países, e da qual o Brasil quer fazer parte, o mundo necessita aumentar em 20% sua produção de alimentos até 2020. Para tanto, o Brasil precisaria produzir 40% mais, no sentido de contribuir com esta demanda mundial. Um grande desafio.
Desafio esse que esbarra em inúmeros problemas internos com infraestrutura e logística. A deficiência em armazéns, portos, ferrovias e rodovias precisa urgentemente ser equacionada para que o Brasil atenda a esta demanda.
Os produtores rurais, cooperativas e outros setores do agronegócio têm feito a sua parte. Nos últimos 20 anos, por exemplo, a área cultivável brasileira cresceu mais de 40%, enquanto a produção subiu mais de 200%. Resultado de muitos investimentos da iniciativa privada. Mas o governo precisa fazer a sua parte.
Como presidente da COMIGO, cooperativa de produtores rurais com 42 anos dedicados ao desenvolvimento do Sudoeste goiano, e do Estado, com 7.300 cooperados e 2.300 funcionários, tomamos a liberdade de fazer as seguintes reivindicações:
1 – Revisão urgente das taxas de juros cobradas para investimentos, custeio, pré-custeio, armazenagem, que hoje podem chegar a mais de 11%. É bom lembrar que há um ano, a Selic era de 14% e hoje está em 7%. O produtor rural precisa investir em novas tecnologias, sempre, para continuar produzindo e contribuindo para a queda da inflação. Aliás, inflação que fechou 2017 com 2,95%, abaixo, portanto, do piso da meta estipulada pelo Governo Federal (3%). Os patamares de juros hoje cobrados são incompatíveis e incoerentes com a importância do setor para a economia do país e uma grande injustiça para quem produz alimentos;
2 – Como dissemos, Goiás é um grande produtor de grãos, carnes e leite e, portanto, muito importante para atender outras regiões consumidoras de alimentos. Com o aumento da produção, aumentou bastante o fluxo de caminhões para transportá-la, gerando um trânsito intenso nas rodovias. Uma das principais vias de escoamento destes produtos é a BR-452, que liga Rio Verde a Itumbiara (em Goiás), e dali para os mercados consumidores das regiões Sul e Sudeste, além do mercado externo (portos). Assim, se faz urgentíssima a duplicação desta rodovia, visando o desafogo e uma maior segurança para usuários diversos, inclusive de automóveis;
3 – Idealizada há mais de 30 anos e iniciada em 1987, a Ferrovia Norte-Sul tem enfrentado solavancos em sua construção e, por várias vezes, sofreu paralisação por diferentes motivos. É um dos principais corredores ferroviários do país e que interligará a região Centro-Oeste aos portos de exportação. Portanto, ela é fundamental também para escoar a produção da região e atender aos mercados externos. Solicitamos, pois, o seu término o quanto antes para que o agronegócio seja atendido, facilitando a exportação de produtos e a chegada de insumos.
Obviamente todos conhecem estas necessidades e a importância de se resolver tais problemas para que o Brasil possa surfar uma grande onda de prosperidade e, inclusive, atender a demanda da OCDE. Rogamos que olhe com muito carinho nossos pleitos; de nossa parte, os produtores rurais, estamos prontos para contribuir com o Brasil, mas necessitamos da contrapartida do governo.
Atenciosamente.
Antonio Chavaglia
Presidente da COMIGO
