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O frio intenso atinge os peixes?

Ondas de frio têm chegado no Brasil, com registros de temperaturas negativas. Para os agricultores, a preocupação é se houve danos nas lavouras de milho safrinha. E para pecuaristas, se a pastagem foi afetada. Com a piscicultura não é diferente, pois os peixes são animais que não regulam sua temperatura corporal. Ela varia de acordo com a temperatura da água. Assim, se a temperatura da água estiver fora da faixa de tolerância da espécie, que pode variar entre 16 oC a 30 oC, os peixes irão alterar seu comportamento, na tentativa de sobreviverem. Porém, se as condições do ambiente forem críticas, o resultado será a morte de animais.

As espécies de peixes mais produzidas pela piscicultura no Brasil são a tilápia, o tambaqui, os híbridos de peixes redondos e os híbridos de bagres. Cada região apresenta características climáticas particulares que favorecem ou não a criação de cada grupo de peixes. De maneira geral, regiões do Norte, Nordeste e parte do Centro-Oeste apresentam temperaturas relativamente elevadas e constantes durante os 12 meses do ano, o que permite o crescimento ininterrupto dos animais.

Condições de inverno, como as observadas nas regiões Sul, Sudeste e parte da Centro-Oeste, prejudicam o crescimento dos peixes. Com temperaturas da água mais baixas, os animais se alimentam menos e, consequentemente, crescem menos. Além disso, a amplitude térmica, em um único dia, pode ser de 20 oC, por exemplo. Essa variação também é observada na água, em menor escala, mas suficiente para prejudicar o bem-estar dos animais. De maneira geral, o estado de saúde dos peixes é caracterizado pelo equilíbrio dos fatores: o próprio peixe, o ambiente e os patógenos. Nestas situações de estresse, é comum os animais apresentarem parasitos e até bacterioses, necessitando, assim, da intervenção de um técnico.

Os problemas mais frequentes durante as épocas frias nas unidades de piscicultura são a diminuição no consumo de ração pelos peixes e as mudanças de comportamento As mudanças comportamentais mais preocupantes são as que levam os peixes a ficarem na superfície “boquejando” e/ou à letargia, caracterizada por falta de reação de fuga quando estimulados por atos como bater palmas ou jogar uma pequena pedra na água.

As formas mais comuns para evitar os problemas do frio nas unidades de piscicultura são o aumento do volume de água nos tanques e não deixar a água muito transparente. A maior profundidade impede mudanças bruscas de temperatura; e a menor transparência reduz a perda de calor para o ambiente, além de proteger os peixes contra as queimaduras, que podem ocorrer quando o sol estiver muito intenso. Refúgios com plantas, como aguapés, podem ser feitos. Para criações de peixes em tanques-rede, em reservatórios de lagos e rios com águas muito transparentes, é necessário colocar sombrite.

O peixe procurará o local com melhor conforto térmico. Todo manejo dos tanques deve ser feito para evitar mudanças bruscas de temperatura. Por isso, deve-se regular a vazão da água de abastecimento, porque geralmente essa água é mais fria que a dos tanques. Algumas espécies podem não ser recomendadas para certas regiões por razões das ondas de frio, especialmente espécies oriundas de lugares quentes.

Para prevenir esses problemas, é importante fazer o planejamento da criação, desde a construção dos tanques, a escolha da espécie adequada para a região, até o manejo ideal (densidade, quantidade e qualidade de ração fornecida, manutenção da qualidade de água, etc.). Em todos os casos, o indicado é interromper a alimentação e o manejo dos peixes nos dias de frio mais intenso, como os típicos dias de geada. Assim, a tendência é que resistam e voltem gradativamente à normalidade.

Fonte: Silvia Zoche Borges

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