22 C
Jatai
InícioNotíciasCategoria GeralO avanço dos sistemas integrados e a nova fronteira da sustentabilidade no...

O avanço dos sistemas integrados e a nova fronteira da sustentabilidade no campo

O agronegócio brasileiro tem mostrado ao mundo que é possível crescer em produtividade e, ao mesmo tempo, avançar em sustentabilidade. Uma das estratégias que tem ganhado força nesse cenário é a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), sistema que se tornou símbolo da diversificação inteligente da atividade rural. Mais do que um arranjo produtivo, a ILPF é hoje uma das grandes apostas para o uso eficiente da terra, recuperação de áreas degradadas e mitigação de impactos ambientais.

De acordo com dados da Rede ILPF, o Brasil saltou de 2 milhões de hectares no início dos anos 2000 para mais de 17,4 milhões de hectares atualmente sob o modelo ILPF. A projeção da Embrapa é ambiciosa: chegar a 35 milhões de hectares até 2030. Para o presidente executivo da Rede ILPF, Francisco Matturro, a revolução silenciosa promovida pelos sistemas integrados é, na verdade, a “terceira grande evolução da agricultura brasileira”.

“O plantio direto foi a primeira grande transformação, seguida pela introdução da segunda safra. Agora, estamos vivendo a era da integração produtiva. E ela é essencial, porque amplia a renda, recupera o solo, gera sombra para o gado e ainda sequestra carbono de forma profunda”, afirma Matturro.

A ILPF é um exemplo prático de como a diversificação pode gerar estabilidade econômica ao produtor rural e, ao mesmo tempo, resiliência ambiental. Ao combinar culturas agrícolas, pastagens e florestas, o sistema melhora o uso do solo, reduz a dependência de insumos externos e minimiza riscos climáticos e de mercado, comuns nas monoculturas.

Além disso, um dos pilares mais poderosos da ILPF é sua capacidade de recuperar pastagens degradadas, uma realidade em cerca de 50% dos 160 milhões de hectares de pastagens do Brasil, segundo estimativas da própria Rede. Nessas áreas, ao invés de expansão horizontal, a solução é intensificar com inteligência: replantar, corrigir o solo, diversificar a cultura e aumentar a produtividade por hectare.

“Com o sistema bem implementado, é possível dobrar a produção de carne no mesmo espaço. A ILPF traz múltiplas fontes de receita entre grãos, forragem, madeira, e ainda um pasto permanentemente renovado. Isso muda o patamar de renda do produtor e o IDH das regiões onde está inserido”, explica Matturro.

Mas o sucesso não vem por improviso. Segundo o especialista, é fundamental que o produtor não comece a implantação de forma empírica. A orientação técnica especializada é indispensável, e há apoio disponível: programas como o Plano ABC, do governo federal, oferecem financiamento com taxas subsidiadas para quem deseja transitar para modelos de baixa emissão de carbono e uso eficiente dos recursos naturais. “Nosso recado ao produtor é: não faça nada por conta própria. Procure a Rede ILPF, a Embrapa, a assistência técnica do seu estado. Nós já erramos lá atrás e aprendemos com isso. Hoje, a ideia é começar certo, em pequena escala, e ir ganhando confiança e escala aos poucos”, reforça o presidente da Rede.

A ILPF também tem um papel estratégico no debate climático. O sistema é reconhecido por sua capacidade de captura de carbono, especialmente pelo uso de forrageiras de raízes profundas, que estocam carbono abaixo da superfície e ajudam a regenerar o solo com eficiência rara.

O futuro da agricultura brasileira passa, inevitavelmente, pela diversificação com inteligência. E os sistemas integrados, como a ILPF, são uma das ferramentas mais eficazes para conciliar produtividade, sustentabilidade e rentabilidade no campo. “Esse modelo muda a vida das pessoas. E mais do que isso: muda a paisagem do agro brasileiro, de forma definitiva e positiva.”

Fonte: Robson Merieverton dos Santos Silva

spot_img

Últimas Publicações

ACOMPANHE NAS REDES SOCIAIS