Por Marcos Fava Neves
Traz muita alegria e esperança analisar o mais recente estudo de projeções do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) feito para alguns produtos do agronegócio mundial. É um relatório de frequência anual, que projeta a agricultura para os próximos 10 anos. Sua leitura apresenta alguns números interessantes com base em quantidades, participações de mercado e valores. Podemos perceber nos parágrafos a seguir quanto deve crescer cada produto em termos de mercado até 2027/2028 – sempre com os valores de hoje (US$) -, a participação do Brasil e o valor adicional a ser conquistado em exportações.
As importações mundiais de soja em grãos crescerão 56,4 milhões de toneladas (de 147,7 para 204,1 milhões) em 2027/2028. Assumindo-se um valor de US$ 400/tonelada, significa US$ 22,55 bilhões a mais. O Brasil verá as exportações aumentarem 33,3 milhões de toneladas, representando US$ 13,3 bilhões a mais do que o faturamento das vendas externas em 2017.
No farelo de soja, o mercado crescerá 17,9 milhões de toneladas (de 63,1 para 82,9 milhões) no mesmo período. Com a tonelada a US$ 290, isso representa um acréscimo de US$ 5,2 bilhões. Os embarques brasileiros serão ampliados em 6,5 milhões de toneladas (US$ 1,9 bilhão a mais do que o exportado em 2017). Já no óleo de soja, o avanço será de 4 milhões de toneladas (de 11,4 para 15,4 milhões) em volume e US$ 3,28 bilhões a mais em receita (com a tonelada a US$ 820). Nossa exportação crescerá 1,5 milhão de toneladas, US$ 1,2 bilhão a mais do que o exportado em 2017.
Já o mercado de milho passará de 163,6 para 188,8 milhões, com alta de US$ 3,9 bilhões no faturamento (considerando valor de US$ 155/tonelada). No Brasil, as exportações crescerão 8,8 milhões de toneladas (US$ 1,36 bilhão a mais do que o exportado em 2017). O avanço para o algodão em pluma será de 4,1 milhões de toneladas (de 7,4 para 11,5 milhões), o que significa US$ 6,22 bilhões a mais se o valor de referência for US$ 1.540/tonelada. As vendas externas brasileiras aumentarão em pouco mais de 1 milhão de toneladas (US$ 1,57 bilhão a mais do que em 2017).
Na carne bovina, o mercado crescerá 2,1 milhões de toneladas (de 7,3 para 9,4 milhões) e, considerando um valor de USD 4.050/tonelada, isso representa uma alta de US$ 8,42 bilhões. O Brasil verá suas exportações aumentarem em 1,1 milhão de toneladas (avanço de US$ 4,4 bilhões ante 2017).
Estes foram alguns dos produtos analisados pelo USDA em que o Brasil é relevante no mercado internacional. Somente nestes produtos (complexo soja, milho, algodão e carnes), em 2027 o Brasil exportará US$ 28 bilhões a mais do que exportou em 2017. Como este é o numero de 2027, se somarmos o valor adicional exportado ano a ano temos que estas commodities trarão US$ 155 bilhões a mais nos próximos 10 anos, além do que já trazem anualmente.
O agronegócio exportou US$ 96 bilhões em 2017. Se este desempenho continuar nos próximos 10 anos, acrescido deste estimado pelo USDA, trará US$ 1,1 trilhão no período, isto sem contar o provável crescimento em papel e celulose e outros produtos florestais, além de café, frutas, flores, açúcar, etanol, arroz e outras commodities. Se estas agregarem mais US$ 100 bilhões acumulados, levarão o número dos próximos dez anos a US$ 1,2 trilhão.
Temos muito mercado para crescer. Portanto, precisamos de um “choque” de eficiência para termos margem de lucro com essa exportação que o país fará. Para isso, é necessário investimentos em inovação, principalmente na área administrativa. O produtor que deseja aproveitar ao máximo esse momento vitorioso do agronegócio brasileiro nos próximos 10 anos precisa aprender sobre a tecnologia. Ele não pode ter bloqueios ou medo e, sim, curiosidade para conseguir melhorar os seus indicadores.
A e-Agro é uma plataforma que pode se tornar uma grande aliada do empresário agrícola que pretende crescer. O sistema reúne todos os componentes que o produtor rural deve ter para desenvolver uma gestão eficiente, que vai desde o planejamento orçamentário, a parte econômica e financeira e o controle das operações da fazenda. Os resultados por talhão e as variedades que estão sendo plantadas também estão presentes na plataforma. Outro diferencial é que os empreendedores rurais podem mensurar com a plataforma, pois ela aponta quanto custa e onde custa. O empreendedor saberá quanto ganha e quanto perde.
Esses são um volume e um valor impressionante para a sociedade brasileira buscar no mercado mundial, contribuindo para seu desenvolvimento e geração de oportunidades. Quanto mais reformas estruturantes visando competitividade tivermos, tanto na agenda pública quanto na agenda privada, mais margens serão construídas e existirão estímulos para buscar este trilhão ou até superar o número aqui colocado.
