24.4 C
Jatai
InícioNotíciasCategoria GeralNovas Reservas Particulares do Patrimônio Natural apoiadas pelo Programa COPAÍBAS ampliam conservação...

Novas Reservas Particulares do Patrimônio Natural apoiadas pelo Programa COPAÍBAS ampliam conservação no Cerrado

Quinze novas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) foram criadas e sete Planos de Manejo — documento técnico que define as diretrizes para a gestão e conservação de uma área protegida — foram elaborados e publicados em 2024, com apoio do Programa COPAÍBAS sob a gestão do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO). Somada, a área total apoiada chega a 4.026 hectares, o equivalente a quatro mil campos de futebol. A iniciativa possibilitou aumentar o corredor ecológico de áreas relevantes na Chapada dos Veadeiros (GO) e no Jalapão (TO), contribuindo para a conservação da sociobiodiversidade e visando a redução do desmatamento nos territórios.

Os corredores ecológicos ligam unidades de conservação, matas, florestas e biomas, permitindo o deslocamento de animais e a dispersão de sementes. Na Chapada dos Veadeiros, a maioria das RPPNs criadas tem à frente mulheres, acima dos 60 anos, que dedicam esforços para ampliar a proteção da região, fundamental para a manutenção de rios que abastecem o país. E no Jalapão, a partir do apoio à elaboração do Plano de Manejo, a RPPN Catedral do Jalapão já promove pesquisa científica e turismo sustentável.

Amanhã, dia 31, celebra-se o Dia Nacional das RPPNs, fundamentais na conservação ambiental. Segundo a Confederação Nacional de RPPNs, atualmente, há 1878 reservas particulares criadas no país. Número que cresce a cada ano. A participação da iniciativa privada na conservação ocorre há 25 anos no Brasil e está prevista na lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC).

No total, o Programa já apoiou 25 reservas privadas no bioma do Cerrado. Em 2024, só em Goiás, foram criadas 12 novas reservas particulares. No Tocantins, o COPAÍBAS apoiou a RPPN Serra, a maior criada por meio do Programa, com uma área total de 1.019 hectares. E em Minas Gerais, as duas novas reservas vem contribuindo para a regeneração da vegetação no entorno da Serra do Espinhaço. Já o apoio à elaboração e à publicação dos Planos de Manejo beneficiou três RPPNs em Goiás; uma no Tocantins; uma em Minas Gerais; uma no Maranhão e uma na Bahia. Para 2025, estão previstas a criação de mais sete novas reservas, além de 24 novos Planos de Manejo, já em fase de elaboração e análise junto aos órgãos ambientais.

“Cada hectare vale o esforço para conservação”

O pequeno produtor de cachaça Raimundo Macedo, de 68 anos, transformou suas terras, uma área de 47 hectares, na RPPN Engenho Fazenda Limoeiro. Na Zona da Mata, na Bahia, a área protege uma zona de transição entre a Caatinga e o Cerrado. Com o apoio da organização SOS Sertão, a RPPN encontrou caminhos para a preservação com a elaboração de seu Plano de Manejo, apoiado pelo COPAÍBAS. Pesquisadores identificaram a reserva como ponto estratégico para a observação de aves do chamado “Cerrado puro”, que contempla a Serra do Ramalho. Foi identificado também o potencial para a construção de uma torre de observação, voltada à educação ambiental, pesquisas científicas e atividades turísticas, além de servir como auxílio visual em caso de queimadas.

Na fazenda, às margens do rio Carinhanha, afluente do São Francisco, sobrevoam beija-flores e 48 espécies de aves que precisam do local para se alimentar. A Fazenda Limoeiro é um importante refúgio para pássaros endêmicos do Cerrado, como Choca do Nordeste (Sakesphorus cristatus), Zabelê (Crypturellus noctivagus zabele), Periquito da Caatinga (Eupsitulla cactorum), Rapazinho dos Velhos (Nystalus maculatus) e Gralha Cancã (Cyanocorax cyanopogon). Símbolo do Cerrado, o beija-flor-vermelho (Chrysolampis mosquitus), de 9,2 centímetros de comprimento, foi adotado na identidade visual da reserva.

“Sr. Raimundo é conhecido como um Guardião do Cerrado puro. Apesar de ser uma área pequena, cada hectare vale o esforço para a conservação. E como um bom influenciador ambiental, ele já inspirou seus vizinhos fazendeiros a criar três reservas particulares no seu entorno”, conta Marcos Pinheiro que atuou junto à SOS Sertão.

A família Macedo produz a Cachaça Limoeiro desde 1912, por meio de técnicas tradicionais que vão do plantio à moagem. Como a cana é colhida manualmente sem queima, há compatibilidade com a conservação da natureza e o desenvolvimento regional. No ano passado, com apoio da Universidade de Ouro Preto (MG), a família investiu na seleção de levedura para garantir o “DNA” exclusivo às suas cachaças, que têm conquistado mercado na Alemanha e na Bélgica. A reserva particular vem consolidando a promoção do turismo ecológico e atraído a presença de pesquisadores, além de agregar valor ao negócio familiar.

“Criar essa consciência da cultura de reserva particular é minha missão. Tenho cinco filhos e três netos, e meu maior legado para a família é deixar aquilo que meu pai e meu avô sempre preservaram”, afirma Raimundo.

No final de 2024, a cerca de 7km da RPPN Engenho Fazenda Limoeiro, um novo achado deu nova relevância ao terreno: foi encontrada uma urna funerária indígena, que se tornou objeto de estudo da Universidade Federal da Bahia. Eles já sinalizaram um possível sítio arqueológico indígena ali.

Fonte: Mariana Müller – Agência Febre

spot_img

Últimas Publicações

ACOMPANHE NAS REDES SOCIAIS