A produção brasileira de tomate tem atraído atenção do setor agrícola internacional ao longo dos últimos anos, devido ao aumento significativo nos índices de exportação do fruto e ao crescimento de mais de 70% em valor de produção no país, desde 2018. A constância deste avanço, no entanto, depende cada vez mais de apoio tecnológico, tendo em vista que os tomateiros são mais sensíveis do que muitas outras plantas, especialmente devido à sua susceptibilidade a pragas e doenças, com destaque à Mosca-branca (Bemisia tabaci), inseto mais perigoso ao cultivo de tomate e que transmite fortes viroses, provocando o enfraquecimento das plantas.
Para combater a ação da praga nos tomateiros, os gastos dos produtores costumam chegar a 30% do custo de produção — segundo o estudo da Bayer — o que reduz a lucratividade das fazendas e gera um aumento progressivo no preço dos produtos para os consumidores. Com o objetivo de contribuir para a melhoria na dinâmica dos produtores de tomate e impactar o setor agrícola com inovação e sustentabilidade, os pesquisadores parceiros do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanotecnologia para Agricultura Sustentável (INCT NanoAgro), Felipe Franco Oliveira, Vanessa Takeshita, Jhones Luiz Oliveira, Anderson Espírito Santo Pereira, Leonardo Fernandes Fraceto, Jorge Alberto Marques Rezende em colaboração com pesquisadores dos EUA, Núbia Zuverza-Mena, Juliana Milagres, Carlos Tamez, Washington Luiz da Silva, Christian O. Dimkpa e Jason C. White, desenvolveram uma solução biodegradável baseada em nanotecnologia que potencializa a ação de defensivos contra a Mosca-branca.
A solução consiste em um nanocarreador de proteína zeína biodegradável com o ingrediente ativo ciantraniliprol (CNAP), utilizado comercialmente para o controle de Bemisia tabaci em plantas de tomate. Ao combinar a zeína ao CNAP e pulverizar os tomateiros, os cientistas identificaram que a utilização do nanocarregador zeína, em uma dose que representa 1/10 do que comumente é utilizado para pulverizar as plantas, garante a mortalidade de insetos do que a dose completa do produto disponibilizado comercialmente sem nanotecnologia.
Segundo Leonardo Fracetto, coordenador do INCT NanoAgro, o ingrediente ativo ciantraniliprol foi selecionado para integrar a pesquisa devido a seu uso e eficácia generalizados, assim como a escolha da zeína deriva de estudos anteriores que demonstraram o potencial de controle aprimorado de nanoformulações à base da proteína em insetos
“O nanoinseticida desenvolvido com base na plataforma zeína e no ingrediente ativo CNAP tem potencial significativo para controlar B. tabaci em doses reduzidas e pode ser considerado seguro para plantas de tomate. Este trabalho se soma a um crescente corpo de evidências que demonstram o potencial de carreadores em nanoescala para reduzir significativamente a carga ambiental associada ao uso de agroquímicos, mantendo ao mesmo tempo eficácia equivalente às estratégias convencionais”, pontua Fracetto.
Fonte: Milena Almeida