29.7 C
Jatai
InícioArtigosNanotecnologia e agro: quando a ciência se torna insumo de produtividade

Nanotecnologia e agro: quando a ciência se torna insumo de produtividade

*Por Rafael Bortoli

O agro brasileiro sempre foi reconhecido por sua capacidade de produzir em larga escala, superar adversidades e responder com agilidade às demandas do mercado. Mas hoje, isso não basta. A nova fronteira da agricultura exige mais do que força e tradição, exige ciência.

A pesquisa científica aplicada ao campo não é uma prioridade acadêmica. É uma ferramenta concreta para enfrentar os grandes desafios da produção agrícola: perda de fertilidade dos solos, mudanças climáticas, escassez de recursos naturais e pressão crescente por sustentabilidade. Mais do que isso, é uma alavanca de competitividade.

Ainda há quem enxergue a pesquisa como algo distante da realidade do produtor. Mas quem acompanha o movimento global sabe que os países que lideram em inovação agrícola são justamente aqueles que investem fortemente em ciência. A nanotecnologia é um exemplo claro. Segundo a Data Bridge Market Research, o mercado global de nanotecnologia agrícola movimentou US$ 398,5 bilhões em 2024, com projeção de alcançar US$ 965,8 bilhões até 2032. A consultoria InsightAce Analytic estima que esse valor pode chegar a US$ 1,42 trilhão até 2034. Isso não é tendência, é transformação.

No Brasil, contamos com centros de pesquisa de excelência e universidades com capacidade técnica e científica para desenvolver soluções de ponta. O que falta, muitas vezes, é conectar esse conhecimento à realidade do campo. E é justamente aí que entra o papel das empresas. Transformar ciência em produto, pesquisa em resultado.

Acredito que a inovação precisa ser construída em parceria. Quando universidade e empresa se unem, o ciclo de desenvolvimento se acelera, os riscos diminuem e o impacto se multiplica. É uma via de mão dupla. A academia ganha relevância prática, e o setor produtivo acessa tecnologias que não estão disponíveis nas prateleiras.

Na Ambios, temos apostado nesse modelo. A parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), por meio da Rede MT-NanoAgro e do INCT NanoAgro, é um exemplo de como a ciência pode gerar soluções reais para o campo. Estamos desenvolvendo nanopartículas de carbono e micronutrientes a partir de fontes renováveis — como resíduos da piscicultura e extratos de algas — com foco em fertilizantes mais eficientes e sustentáveis.

Enquanto a UFMT lidera o desenvolvimento em laboratório, nossa equipe conduz os testes de campo e prepara a estrutura para a produção em escala. Os primeiros resultados estão previstos para o prazo de um ano, com potencial para pedidos de patente e ampliação do nosso portfólio de soluções bioinspiradas.

Essa iniciativa se soma a outras tecnologias que já integram nosso portfólio, como o Ingrow — fertilizante orgânico com o maior teor de aminoácidos do mercado — e o Marin Deep, que combina diferentes tipos de algas marinhas para aumentar a resistência das plantas em condições adversas.

Mais do que produtos, são exemplos de inovação que conecta ciência, sustentabilidade e resultado. Porque, no agro, quem investe em pesquisa não está apenas olhando para o futuro, está construindo o presente.

*Rafael Bortoli é produtor rural e CEO da Natter

Fonte: Culture Comunicação – Patricia Xavier 

spot_img

Últimas Publicações

ACOMPANHE NAS REDES SOCIAIS