Cerca de 100 mulheres pecuaristas, que integram o grupo AgroPatys, foram recebidas na Fazenda Princesa, em Inhumas, para um dia de campo. Na oportunidade, elas conheceram a pastagem Tifton 85 aplicada no cerrado goiano e seus resultados.
Esta pastagem, criada em 1992 nos Estados Unidos, tem, entre outras vantagens, cerca do dobro do valor nutritivo que o capim braquiária, que é mais comum nas fazendas brasileiras. Ela também tem maior quantidade de matéria seca (alimento) por hectare e mantém cobertura densa que protege o solo contra a erosão, diferente das touceiras de outras pastagens.
“Isso ajuda a reter água e matéria orgânica, além de evitar que o adubo e o esterco dos animais sejam levados pela chuva para os rios”, explicou o pecuarista Oswaldo Stival Neto, que ainda acrescenta: devido à sua cobertura vegetal, ele é capaz de sequestrar cinco vezes mais carbono do que as pastagens tropicais tradicionais.
Com tudo isso, resume o pecuarista, é possível saltar da média de uma para sete cabeças por hectares e uma produção média de 40 arrobas por hectare sem o uso de ração.
O Tifton 85 é resultado do cruzamento de uma gramínea de clima temperado dos EUA com uma de clima tropical da África. A Amazon Mudas, anfitriã do evento, é uma indústria de clonagem e produção de mudas do Tifton 85.
“O principal desafio para a implementação do Tifton 85 no Brasil era a forma de plantio. Como é um híbrido, suas sementes não germinam. Foi esse gargalo que resolvemos”, explica Oswaldo Stival Neto, presidente da Amazon Mudas e anfitrião do encontro.
A Amazon Mudas, que fica no município de Brazabrantes, cultiva as mudas matrizes, promove seu melhoramento genético e depois as transporta para os pastos e realiza seu plantio de forma similar ao de tomate ou batata, usando plantadeiras.
A meta da empresa é ajudar os produtores a virarem a chave para o novo momento da pecuária. “A criação extensiva de gado atualmente não é mais rentável como foi no passado, dado ao alto custo de terras, as exigências sanitárias, a degradação das pastagens que normalmente acontece em propriedades que não fazem o manejo de pasto e, por sua vez, leva a um baixo desempenho animal”, explica Oswaldo Stival Neto, que já tem levado o capim alternativo à braquiária para o Centro-Oeste e também para o Nordeste.
Ele observa que o Brasil tem cerca de 160 milhões de hectares de pastagem e, usando tecnologias corretas, o País conseguiria atender a demanda global de um aumento de 50% na produção de proteína animal utilizando apenas 20% de sua área de pastagem atual. “Além disso, a produção seria sustentável, contribuindo para a segurança alimentar do planeta e, ao mesmo tempo, conservando o meio ambiente”, calcula.
Mulheres no agro
De acordo com o último Censo Agropecuário de 2017, realizado pelo IBGE, 1,7 milhão de estabelecimentos rurais no Brasil são dirigidos por mulheres (gestão única ou compartilhada), o que representa um avanço em relação aos 13% registrados uma década antes. Além disso, elas estão se inserindo no mercado de trabalho ligado ao agronegócio e já representam 34% dos profissionais que atuam no setor, segundo a Fundação Getúlio Vargas.
Atender o público feminino ligado ao agro é o propósito das Agropatys, grupo com dois anos de fundação e 200 integrantes atualmente. A médica veterinária Anita Bufaiçal, co-fundadora do Agropatys, explica que o grupo foi criado para fazer conexão entre as mulheres do agro e também levar informação e conhecimento para as integrantes.
Este foi o primeiro evento presencial realizado pela Agropatys, cujas participantes gostaram do que viram. “O capim Tifton 85 desperta muito o interesse por seus benefícios e produtividade. Foi muito bom conhecer uma pastagem acontecendo a prática, ver que o desafio do plantio já foi superado, o que nos abre novas possibilidades”, disse.
“Eu não conhecia o Tifton 85 e fiquei impressionada com os resultados. São números impressionantes, uma alta tecnologia que precisa ser expandida para mais gente”, disse Pauliana Junqueira, produtora rural.
O evento foi promovido em parceria com a Amazon Mudas, que trouxe ainda apresentações sobre a Biogênese e a Matsuda, palestra sobre saúde e bem-estar animal com a gerente de sanidade e bem-estar da MFG, Mryele Rodrigues, palestra com o conselheiro de novos líderes do agro, Miguel Cavalcanti, e com o comentarista da CNN, Caio Coppolla.
“A gente percebe o grande o grande interesse delas pelo aprendizado e por buscar a excelência nos processos de produção e de gestão das fazendas. A mulher vai atrás de tecnologia, quer inovar. Foi uma grande satisfação recebê-las aqui na Fazenda Princesa para este dia de campo”, agradeceu Oswaldo Stival Neto.
Fonte: Valdevane Rosa