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Muitas negociações e poucas ações efetivas em prol da agricultura brasileira

As discussões do G20, apesar de sua relevância no cenário econômico global, continuam a apresentar poucos resultados concretos que beneficiem a agricultura brasileira. Esses encontros tendem a refletir visões enviesadas que deixam de considerar questões fundamentais para o setor agrícola do Brasil.

A falta de equilíbrio de interesses e isonomia nas negociações, que garantiriam um tratamento justo e adequado, são algumas das barreiras que impedem o país de se consolidar como um player estratégico e sustentável no agronegócio global.

O setor agrícola brasileiro enfrenta o desafio de competir com subsídios oferecidos em vários players importantes, como a França, que vem aumentando as críticas à sustentabilidade da produção nacional enquanto financia sua própria agricultura, com sustentabilidade questionável, em larga escala.

A dicotomia entre a imagem que se vende da produção brasileira e a realidade dos investimentos e inovações que tornam o Brasil um dos maiores exportadores globais é evidente. O Brasil avançou tanto em produtividade quanto em sustentabilidade, mas essa narrativa muitas vezes é ignorada fora do país.

Na prática, as reuniões do G20 tem sido um palco para discursos que, longe de apoiarem a agricultura brasileira, muitas vezes a prejudicam.

Do nosso lado, alguns indicadores evidenciam situações que precisam de melhorias, como o aumento do desmatamento e das queimadas por exemplo, associados à falta de melhores políticas de estado, garantidoras de uma evolução constante e promotora de uma correta avaliação das práticas sustentáveis, já corretamente implementadas. Tais práticas infelizmente ainda não são fomentadas com o devido e necessário suporte, inclusive financeiro, enfraquecendo o correto e adequado posicionamento de nosso país no cenário internacional.

Mesmo com uma agricultura que adota tecnologias de ponta, indiscutivelmente sustentáveis, o Brasil segue sem uma direção adequada. Falta garantir minimamente o que se espera de uma comunicação assertiva, transparente e verdadeira, suportadas por uma melhor segurança jurídica. Além disso, uma administração econômica mais eficiente é essencial para aumentar a atratividade em investimentos e ajudar na expansão implementação de práticas cada vez mais sustentáveis.

Esse compromisso com práticas sustentáveis no Brasil é evidente, especialmente pelo crescimento no setor de nutrição vegetal. O uso de novas e mais eficientes tecnologias, comumente chamadas de “especiais”, oferece mais resultados com menor uso de insumos, independentemente da origem (minerais, organominerais, orgânicos, biofertilizantes, biológicos). Esse avanço traduz-se diretamente em “menor impacto ambiental” e reforça a importância do setor para a sustentabilidade dentro das melhores práticas internacionais. Além disso, promove a eficiência no uso de nutrientes, a preservação do solo e dos recursos hídricos, possibilitando uma agricultura regenerativa, ambientalmente amigável e altamente tecnificada.

Vale recordar que em 2023, o mercado de fertilizantes especiais registrou expansão, com aumento de 2% e faturamento de R$ 22,642 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), e a perspectiva segue positiva par o setor.

Um estudo publicado pela McKinsey, chamado “Global Farming”, indica que a agricultura brasileira continua com excelentes expectativas de crescimento sustentável, com dados que demonstram que entre 2022 e 2024, o número de agricultores que adotaram produtos biológicos cresceu 35%, e 70% deles planejam manter ou aumentar o investimento nesses produtos, independentemente das oscilações de preço dos insumos convencionais.

Sem dúvida, esses dados reforçam que a agricultura brasileira está na vanguarda da mitigação de impactos ambientais com aumento da eficiência no campo. Por outro lado, embora existam avanços concretos no uso de novas tecnologias, o setor agrícola brasileiro enfrenta desafios internos para viabilizar essas práticas de forma acessível e contínua.

O Brasil possui recursos para se tornar um líder global em agricultura verde, mas esbarra na falta de uma adequada “ajuda” governamental para impulsionar essa transição. O financiamento verde, embora positivo, é de difícil acesso para a maioria dos produtores, e as regulamentações atuais são insuficientes para garantir a estabilidade necessária ao setor. A agricultura sustentável exige dos governos, medidas eficazes e que compreendam corretamente as novas tecnologias, seja na regulamentação, fomento, e suporte ao crescimento, garantindo que o Brasil seja definitivamente posicionado como referência em sustentabilidade, o que de fato já o é, apesar de todos os ataques internacionais infundados.

O G20 poderia ser uma plataforma estratégica para fortalecer a agricultura brasileira, mas o viés político e econômico desfavorável tem deixado o país à margem. Enquanto as negociações privilegiarem interesses protecionistas e ignorarem o potencial do agronegócio brasileiro, as perspectivas de crescimento sustentado e de reconhecimento global para o setor seguirão comprometidas.

O Brasil tem os recursos, a tecnologia e a disposição do setor como um todo para liderar a agricultura sustentável mundial, mas precisa de políticas locais e globais mais transparentes, baseadas na ciência e na eficiência, com o perdão do trocadilho, tendo um apoio governamental robusto, para demonstrar todo o seu potencial, entregando crescimento sustentável e contínuo, para qualquer um que queira participar de forma correta e ética.

Fonte: Adriana Roma

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