A Associação Gaúcha de Criadores de Búfalos (Ascribu) promoveu na Expointer um evento que está virando tradição: a Mostra Brasileira de Queijos de Búfalas. Realizada nesta quinta-feira, 31 de agosto, na Casa do Búfalo, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS),a terceira edição da mostra reuniu 15 produtores de laticínios do país em uma concorrida degustação.
“Hoje temos aqui 15 produtores, desde Marajó (PA), até o nosso aqui do Rio Grande do Sul. Essa ação é para mostrar a importância da búfala leiteira. A gente sempre acredita que conhece os produtos, né? A muçarela, a burrata… Mas temos uma imensa variedade de queijos, queijos curados, queijos frescos, requeijão, manteiga, doce de leite, iogurte. São imensas as possibilidades que o leite da búfala nos dá como alternativa de renda”, comentou a presidente da Ascribu, Desirée Möller.
Trata-se de um mercado em expansão. A produção de leite de búfala no Brasil teve um crescimento de cerca de 550% nos últimos 10 anos, e a quase totalidade dessa matéria-prima é industrializada. Mas segundo Otávio Bernardes, integrante da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB), ainda há muito espaço para crescer. “Temos pouca informação formal disso, mas acredita-se que 15% do rebanho de búfalo [que tem cerca de 2 milhões de cabeças] no Brasil já é explorado para o leite. E isso deve gerar em torno de uns 300 milhões de litros de leite de búfalo por ano. Parte não vai ao mercado porque os produtores o utilizam para consumo próprio, principalmente em estados do Norte e Nordeste. Mas em outros estados, já está mais organizada essa cadeia, como em São Paulo, Minas Gerais e algumas capitais. Em termos quantitativos, acreditamos que só 2,4% dos derivados de leite no Brasil já são de búfalos”, explicou.
A exploração dos lácteos de búfalas indica ser promissora. Além de ser um produto gourmet, são feitos com um leite com excelentes propriedades naturais (como quantidade de proteínas e sais minerais). Ele ainda conta com 48% mais teor de sólidos que o leite de vaca, o que permite produzir mais com menos matéria-prima. Além disso, seu gosto suave e adocicado permanece nos derivados, que têm uma cremosidade marcante. Como se não bastasse, os produtos têm um grande diferencial agregado: a presença de betacaseína A2, uma proteína que não causa desconforto gástrico, e é rica em vitamina A. Com tudo isso, os produtos – inicialmente com venda exclusiva para restaurantes – têm ganhado espaço nas gôndolas de supermercados e na casa dos consumidores.
“A pandemia diminuiu o mercado hoteleiro de eventos e de restaurantes. Isso causou uma redução no consumo. Foi uma época que o produto de búfala, que é um produto gourmet, sofreu uma retração. Depois da abertura, no ano passado, começou a voltar com tudo. Então, o nosso número [de vendas] sofre um pouco esse viés, mas nos últimos dez anos, só cresce o consumo, porque é um queijo ainda um pouco desconhecido de alguns consumidores, e cada vez que eles experimentam, gostam. É um queijo diferente, que dá outro sabor à pizza, e isso é valorizado”, esclareceu o diretor comercial da Laticínios Kronhardt, Felipe Signor.
Fonte: Nestor Tipa Junior