A mosca branca ataca lavouras e age como transmissora de doenças e fungos em mais de 600 espécies de plantas.
Ainda considerada como uma praga secundária na agricultura brasileira, a mosca branca (Bemisia tabaci) já passou a tirar o sono de produtores e ser foco de muitas pesquisas. O inseto pode ser encontrado em plantações de soja, tomate, feijão, algodão e hortaliças. Segundo Cecília Czepak, professora e pesquisadora da Universidade Federal de Goiás, a praga consegue se reproduzir em plantações de mais de 600 espécies de plantas.
Como se multiplica com facilidade e causa mais problemas em locais com altas temperaturas e clima seco, a mosca branca pode se tornar uma praga prioritária principalmente nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Segundo Edson Hirose, pesquisador da Embrapa, cada fêmea pode colocar de 40 a 150 ovos. Além disso, há indícios de que os defensivos podem perder eficiência no combate à praga. “A possibilidade de que ela desenvolva resistência rapidamente é grande”, diz o pesquisador.
Incidência de fungos e doenças
A mosca branca afeta muitas culturas e se multiplica rapidamente. Mas o pior é o fato de que ela é transmissora de várias doenças. Na soja, a mosca branca é uma praga sugadora e age desde o início da safra, quando a planta tem algumas folhas, até a fase reprodutiva. Ou seja, o inseto pode atacar a qualquer momento.
Porém, a mosca branca age de forma localizada. Ela não infesta toda a área da fazenda de uma só vez. Ela ocupa as bordas dos talhões e, gradativamente, toma as lavouras. Ciente desse comportamento da praga, o produtor pode focar o monitoramento e aplicações de defensivos nas bordas dos talhões.
Cuidado com a infestação rápida
No primeiro momento, a quantidade de insetos que chega à lavoura é pequena. O problema surge quando as fêmeas colocam os primeiros ovos e nascem as ninfas, que são a fase jovem da mosca branca.
O pesquisador da Embrapa explica que as ninfas não se movimentam, elas ficam grudadas e imóveis embaixo das folhas sugando a seiva da planta. O inseto na fase jovem joga fora o excesso de seiva que é rico em açúcar.
Essa substância descartada se espalha pelas folhas e pode causar problemas. “Quando se tem uma população muito grande que gera esse excesso de açúcar, o fungo fumagina se desenvolve e escurece as folhas de soja”, explica Hirose. Como o fungo cresce em cima da superfície das folhas, ele impossibilita a fotossíntese, gera perda de produtividade e pode causar a morte das plantas.
A fase de ninfa dura entre 18 e 25 dias. Em seguida, a ninfa se transforma em uma mosca branca adulta e as fêmeas iniciam a postura de ovos. Diferente do que acontece na soja, nas plantações de tomate e feijão o inseto age como um transmissor de doenças. “O adulto da mosca branca é como uma agulha de seringa contaminada, por onde ele pica transmite doenças”, diz o pesquisador da Embrapa. No tomateiro, essa praga pode transmitir até 16 tipos de virose. No cultivo de feijão, a doença mais comum transmitida pela mosca branca é o mosaico dourado.
A mosca branca não é uma mosca!
Embora seja conhecida por esse nome, muita gente não sabe que, na verdade, ela não é uma mosca. Na classificação da biologia, moscas são insetos da ordem Díptera, porque possuem só um par de asas. O inseto chamado de mosca branca pertence à ordem Hemíptera, o que significa que possui dois pares de asas, uma rígida presa a base do corpo e outra flexível, responsável pelo voo do inseto. Esse grupo é formado por insetos sugadores, como cigarras, cigarrinhas, afídios e bichos-frade. “Ela se chama mosca branca mas ela não é uma mosca, esta praga é uma pequena cigarrinha”, afirma Cecília Czepak, professora e pesquisadora da Universidade Federal de Goiás.
Fonte: SF Agro