A comercialização da soja da safra 2016/2017 está atrasada no Brasil se comparada com as temporadas passadas. De acordo com Marcos da Rosa, presidente da Aprosoja Brasil, isso está acontecendo porque a venda futura da oleaginosa foi lenta nos últimos meses. “Agora, quando os preços caíram, o produtor foi vendendo aos poucos para cumprir os compromissos mensais e foi obrigado a vender abaixo do custo de produção”, diz Rosa.
De acordo com boletim do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o preço disponível da soja em grão de Mato Grosso encerrou a semana anterior com queda de 0,12% e fechou a R$ 54,07 por saca. Nessa situação, o produtor deve ter dificuldade de fechar as contas, diz Rosa.
Preços internos da soja
De acordo com Marcos Rubin, sócio-analista da Agroconsult, a situação do dólar é muito instável e fica difícil prever como estará o câmbio nas próximas semanas, sobretudo o impacto disso nos preços do grãos. “O dólar valorizado no final do ciclo agrícola é benéfico para o produtor, ele beneficia mais a renda do que atrapalha nos custos”, diz o consultor.
No início da safra, explica Rubin, quando o produtor está realizando a compra dos insumos, o dólar pode ter um impacto muito ruim, principalmente na necessidade de caixa. “O produtor brasileiro tem que olhar dois elementos, a safra americana, que pode impactar o preço lá fora, e o câmbio aqui, que pode ajudar ele”, diz Rubin.
Comercialização do milho
O cenário também é complicado para a comercialização do milho segunda safra. “Os preços estão muito baixos, muito menos do custo de produção”, diz o presidente da Aprosoja. “A produção está ótima para o país e o produtor está a ver navios.”
De acordo com o boletim do Imea divulgado em 29 de maio, as cotações do milho recuaram 4,28% na semana e fecharam a R$ 15,63 por saca no Mato Grosso. Nesse cenário de preços baixos (leia mais: entenda por que os preços do milho estão em queda), algumas iniciativas do governo federal podem garantir o preço mínimo do cereal e ajudar o produtor na venda dos grãos. “Eu acho que o PEP e Pepro vieram em um excelente momento e vão ajudar muito na comercialização da safrinha”, afirma o consultor.
De acordo com Rubin, com essas medidas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) não deve existir dúvidas de que o milho vai chegar ao mercado e ser exportado. “Isso [os leilões da Conab] vai ser fundamental para o segundo semestre.”
Fonte: SFAgro